O assunto é Comunicação...

NOÇÕES DE JORNALISMO  –   CENSURA

Na verdade, existe censura em qualquer material informativo, principalmente quando se trata de matéria editorial. Claro, que o editorial é a opinião do jornal. DO DONO DO JORNAL. Ele está sempre atrelado aos interesses do órgão de imprensa. Isso é uma espécie de censura imposta ao editorialista. Ele pode emitir qualquer opinião. MENOS a que não é do interesse do jornal, ou de qualquer outro órgão de divulgação. Esta censura é aceitável. O profissional vai trabalhar num jornal, uma emissora de rádio ou de televisão, já sabendo qual é “a linha da casa.” Quer dizer – quais são os interesses do patrão. Mas existem outras espécies de censura. A pior delas é a que vem de cima para baixo. O patrulhamento. A “marcação em cima.” Esse tipo de censura é muito comum nas ditaduras. Você não pode relatar o que está acontecendo. O que você viu. O que você sabe. Mas, apenas aquilo que os homens lá de cima querem. Nesses casos, o comunicador se sente tolhido. Encurralado. Sente-se fraco. Não passa de simples marionete manobrada por mãos alheias. Esse tipo de censura é terrível. Já passei por ele durante os golpes militares e períodos ditatoriais que se abateram sobre o país. É a pior censura que existe. Mas, existe, também, o terceiro tipo de censura. A auto-censura. Aquela ditada pela consciência do comunicador. Ele deve pensar da seguinte maneira –  se eu divulgar esse fato vou causar dano a alguém? E se eu não divulgar, a sociedade sairá perdendo? Muitas vezes a omissão é o melhor caminho. Principalmente quando a gente não tem certeza de que aquilo realmente aconteceu. Uma notícia mal divulgada pode causar danos irreparáveis. Aprendi essa noção de ética, de auto-censura, quando produzia o Repórter Esso. Quando, por exemplo, havia um desastre aéreo, a notícia só era divulgada depois que fosse limitada a área de pânico. Se, por exemplo, eu divulgar que caiu um avião com mais de cem passageiros perto do Rio de Janeiro vou alarmar milhares e milhares de pessoas. Mas, se eu divulgar de onde veio o avião, a que hora decolou no aeroporto de origem e a que aeroporto se destinava, eu já limitei essa área de alarme. Mais vale a certeza de que você divulgou corretamente uma notícia do que tentar o chamado “furo de reportagem” e depois ser desmentido.Outro exemplo de auto-censura –  evitar divulgar certos detalhes que provoquem no ouvinte, telespectador ou leitor uma sensação de nojo, de repulsa. Nossa Língua é rica, muito rica mesmo, e há como você substituir palavras agressivas.   Porque vou dizer que o corpo estava em decomposição quando posso dizer que “pelo estado do corpo presume-se que a morte ocorreu há dias.” Esta auto censura deve fazer parte do bom jornalista, do comunicador responsável. Ela é ditada pela ética e pelo bom senso. O tipo da censura saudável.

Áureo Ameno.

Professor de Comunicação, Radialista e Jornalista.

Deixe aqui o seu comentário.