QUARESMA: TEMPO DE JEJUM

Foto ilustrativa – Google

 

A quaresma é um tempo que a Igreja nos oferece para crescermos espiritualmente e para celebrarmos melhor a Páscoa, a Ressurreição de Cristo, mas também para nos prepararmos para a nossa Páscoa, para alcançarmos a Ressurreição que Jesus já garantiu para nós. Esse crescimento espiritual diz de expiarmos nossas culpas, deixar para trás nossos pecados, diz de conversão, busca pela santidade, conforme nos é pedido no evangelho de Mateus 4, 17.

Nesse tempo, Deus nos convida a fazer com que todos os ambientes em que pisarmos, se tornem campos de batalha. Sejam campos de batalha, porque neles seremos tentados e estaremos lutando contra tudo aquilo que poderá nos fazer pecar e nos tirar a santidade. Nesses campos de batalha, devem ficar todos os despojos, que são todas as armas do inimigo, não devemos permanecer com eles, pelo contrário, devemos deixá-los. E o que seriam esses despojos? Tudo aquilo que não é nosso, na verdade, são despojos do inimigo de Deus, os pecados que ele nos oferece.

Deus é Santo e se fomos criados por Ele, fomos criados santos, portanto, ainda que tenhamos nascido com a mancha do pecado original, Deus nos fez santos e devemos lutar para permanecermos em santidade, mas o inimigo nos tenta a todo tempo com as suas armas, que são os pecados, as coisas, os vícios do mundo, para nos tirar da santidade, nos afastar de Deus.

Se estivermos com os despojos do inimigo, se estivemos no pecado, seremos despojos, posses dele, ele terá direito sobre nós. Mas se estivermos com as armas de Deus, com uma vida santa, quem terá direito sobre nós, será o próprio Cristo e ressuscitaremos com Ele.

No primeiro domingo da quaresma, a liturgia nos trouxe o evangelho de Mateus 4, 1-12, que fala da tentação que Jesus passou no deserto. O Evangelho nos diz que foi o próprio Espírito que levou Jesus ao deserto para ser tentado pelo demônio. Sendo assim, percebemos que Jesus foi levado a prova, mas sabendo disso Ele foi com os seus propósitos em mente e em coração. Ele foi com a intenção de estar em intimidade com o Pai e de jejuar por amor a Deus e para nossa salvação. Jesus sabia que passaria por uma dura prova, pois Ele entregaria sua vida pela salvação da humanidade, para cumprir o Plano de Amor do Pai. Jesus sabia que a oração e o jejum iriam sustentá-lo para passar por essa missão e cumpri-la a bom termo.

Jesus foi tentado, passou pela prova. Por meio da oração e do jejum, venceu a tentação, cumpriu Sua missão e nos deu a Ressurreição. Nós também somos tentados, somos provados para ver se temos qualidade para sermos ressuscitados no último dia.

Tenhamos sempre em nosso coração a seguinte verdade: Jesus Ressuscitou e se estivermos unidos a Ele, vivendo em conformidade com Ele, nós também ressuscitaremos, nossa carne mortal ressuscitará e, por isso, devemos estar preparados ou para a volta de Jesus ou para irmos ao encontro Dele. Sendo assim precisamos lutar constantemente contra o pecado. E a quaresma é o tempo propício para nos prepararmos e temos como meio para isso, o jejum. Na verdade, o jejum pode ser feito sempre, mas a quaresma nos propicia essa prática, pois é o tempo para readquirir a santidade, para dar novo rumo na nossa vida com Deus.

Qual a necessidade do Jejum?

O jejum é um grande auxílio para evitar o pecado, para vencer as tentações. O pecado nos afasta de Deus e é justamente o jejum que restabelece nossa amizade com Ele.
É um ato de generosidade que agrada muito o Coração de Cristo e ajuda a tomarmos as rédeas do nosso corpo, sempre tão rebelde, submetendo-o ao domínio da alma, a fim de submetermos esta ao domínio de Deus.

Privar-se do prazer dos alimentos nos ajuda a controlar os desejos da nossa carne.

Jejuando, honramos o Jejum de Nosso Senhor Jesus Cristo, que jejuou por 40 dias por amor a nós, preparando-se para nos salvar. Ao fazer o jejum, Ele venceu o Seu corpo e a fraqueza que nós temos de nos submetermos aos nossos corpos. Com o jejum, a graça de Deus vem em nosso auxílio para que coloquemos a nossa vida em ordem, passando a deixar que o Espírito Santo governe as nossas vidas, fazendo com que submetamos corpo e alma, nossa vida inteira a Ele. Já não deixaremos o Espírito Santo de lado e nos conduziremos pelos desejos da carne que querem dominar nosso corpo e nossa alma, o jejum nos ajudará a vencer isso.

Jejum é uma penitência que serve para cessar em nós o instinto que temos de fugir da dor e procurar somente o prazer. Quando fazemos jejum, ao nos esforçarmos para fazê-lo, seremos capazes de nos esforçarmos também contra as tentações que nos perseguem e nos fazem pecar contra Deus, pois ao ofertarmos nosso jejum a Deus, unirmos nosso sacrifício ao de Cristo, a graça de Deus nos ajudará também a vencermos o pecado, nos ajudará na nossa conversão e nos aproximará mais de Cristo.

Precisamos fazer o jejum e qualquer outra prática de penitência, de mortificação, não por obrigação, apenas para cumprir um preceito, é preciso inteireza, sinceridade de coração, desejo de agradar a Deus, de mudar de vida por amor a Ele e para estar em união com Ele. Somente assim o jejum e qualquer outra prática terá validade diante de Deus e só assim alcançaremos as graças que nos são necessárias para mudarmos de vida e sermos verdadeiramente agradáveis a Deus, conforme está em Joel 2, 12-13.

Quem pode fazer o Jejum?

Todas as pessoas podem fazer o jejum. No entanto, a Igreja diz que é uma prática obrigatória para os que já possuem dos 18 aos 60 anos de idade, tendo os cuidados necessários com a saúde. Os que estão fora dessa faixa etária, podem fazer dentro de suas condições de saúde, com os devidos cuidados. É preciso ter sabedoria, pois Deus também não deseja displicências e possíveis prejuízos à saúde, o que importa é a intenção de coração e o desejo de unir-se a Deus e mudar de vida verdadeiramente.

Como deve ser feito o Jejum?

O jejum pode ser total, que seria um dia inteiro sem alimentação ou somente com o café da manhã, mas o ideal é que não fiquemos sem essa primeira refeição do dia, pois essa prática não é para nos causar nenhum tipo de indisposição ou irritabilidade, essa não é a finalidade do jejum.

Também pode ser feito, tirando apenas uma refeição do dia e as outras duas devem ser feitas moderadamente, evitando-se todo e qualquer tipo de “guloseimas”.

Quais são os tipos de Jejum?

Jejum da Igreja – Servir-se do café da manhã normalmente e depois fazer apenas uma refeição, almoçar ou jantar, a depender dos seus hábitos, de sua saúde e de seu trabalho. A outra refeição, a que você não vai fazer, será substituída por um lanche simples, de acordo com as suas necessidades.

Jejum a pão e água – deve-se comer pão quando se tem fome e beber água quando se tem sede. Obs: Não comer pão e água ao mesmo tempo.

Jejum a base de líquidos – Limita-se a tomar líquidos. Durante todo o dia de jejum, alimenta-se somente com líquidos: chás, sucos, água e caldos.

Jejum completo – não se come coisa alguma e só se bebe água.

Nossa Senhora de Medjugorje nos diz que devemos encerrar o jejum às quatro da tarde. É possível terminá-lo às cinco, às seis ou às oito horas da noite. O que importa, é ter sabedoria e ser comedido nessa prática.

 

Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=ngo33gTqRVI – Quaresma: Campo de batalha – Monsenhor Jonas Abib (22/01/00)
https://padrepauloricardo.org/blog – Homilias Padre Paulo Ricardo
Práticas de Jejum – Mons. Jonas Abib – Ed. Canção Nova