Às vezes, é difícil entender que o tempo passou, que as oportunidades perdidas não voltam, que amigos partiram, que sonhos se desfizeram, que alguns planos não se concretizaram, que nos decepcionamos com as pessoas e que elas também se decepcionaram conosco. É difícil aceitar que nos iludimos, acreditamos em quem não merecia tanto crédito e não demos valor para quem teve consideração conosco e para quem nos deu mais valor do que merecemos.
O tempo que parecia longo se tornou curto. A juventude que parecia eterna se tornou finita. E o tempo que foi não volta mais. A saudade se tornou uma lembrança amável com gosto amargo porque pessoas e momentos singulares estão apenas na recordação, não mais presentes no nosso cotidiano.
Por isso, decidi viver o agora, aproveitar o tempo presente, valorizar melhor os autênticos amigos, viver com mais intensidade as oportunidades que tenho. Decidi reconciliar-me com o meu passado, promover reencontros e, quando possível, dizer, no hoje, às pessoas de ontem o quanto elas foram importantes, evitando dessa forma que acabem no esquecimento os amigos que são eternos.
Reconheço os meus erros de ontem, sem precisar cultivar sentimentos de culpa. Recordo o meu passado, sem precisar ser saudosista. Percebo as negligências e a coisas que não deram certo, sem precisar culpar ninguém. Eu sigo em frente, valorizando o que foi bom, corrigindo o que preciso corrigir, me esforçando para ser melhor hoje. Acima de tudo, busco ter paciência com o tempo e com o limite de cada um, e assim vivo melhor o meu tempo, sem a culpa do passado, sem o estresse do presente, sem a ansiedade pelo que há de vir.
Eu já me iludi, me enganei e me decepcionei, mas aprendi a não ficar preso ao que não deu certo no passado e a viver com serenidade o tempo presente, sem me afligir com futuro.
Pe. Roger Araújo (Livro Repensando a vida)