Eu sempre briguei com o tempo, embora ele não brigasse comigo e seguisse sempre o seu percurso, enquanto eu me adiantava ou ficava para trás.

Quando eu era criança, achava que o tempo demorava a passar: ainda era janeiro, e eu contava os dias para dezembro chegar e eu tirar férias novamente. O tempo passou, e eu me tornei adulto rápido demais. Agora, olho para trás e vejo que a minha infância se foi, não volta, e eu muitas vezes não soube lidar com o tempo que estava passando.

:: Julgamentos precipitados

Eu ficava ansioso, angustiado porque muitas coisas que eu desejava fazer pareciam levar eternidades para chegar. Algumas vezes, tentei adiantar o tempo e vivi algumas realidades antes da hora. Fui precipitado, errei, perdi tempo e não aproveitei muitas ocasiões e oportunidades. Amigos se foram, coisas lidas ficaram na memória, e a saudade muitas vezes bate à porta para me recordar do tempo que se foi e das coisas boas que não aproveitei devidamente.

Agora, decidi tornar-me amigo do tempo, e ele se fez meu amigo. Quero viver intensamente cada dia, cada momento e cada ocasião. Não tenho pressa, e quero viver um dia de cada vez. Quando olho para o passado, agradeço pelas lições vividas. Quando olho para o futuro, digo-lhe: “Sua hora vai chegar”. O tempo que deve me acompanhar agora é o presente.

Admito que ainda não sei lidar com o tempo, não sei como ele precisa ser encarado. Mas tornar-me seu amigo foi uma importante decisão que tornou a vida mais intensa e menos precipitada.

Trecho extraído do livro Repensando a Vida

Padre Roger Araújo
Missionário da Comunidade Canção Nova

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