Semana Santa e Tríduo Pascal em tempo de pandemia

Vivemos a Semana Santa como várias igrejas no mundo sem a presença física de nossos fiéis. Algo muito dolorido, mas seguimos com obediência o que nos é passado pelo nosso Bispo, pois quem obedece não erra.

Assim seguimos as orientações passadas e celebramos nosso Tríduo Pascal sem a presença da comunidade, somente com os moradores da casa paroquial. Claro que sabemos que a Igreja em muito mais que um prédio. A Igreja é todo o povo de Deus. Muitos dos nossos fiéis celebraram em casa junto a sua família, como dizia São João Paulo II: A Igreja Doméstica!

Aqui no Zobwe celebramos com todo zelo e amor todas as celebrações. O padre Marcos Valadares preparou de maneira muito zelosa o espaço litúrgico. O Cristian tocou e cantou nas Missas e alguns jovens que moram conosco no terreno da paróquia estiveram presentes para acolitar na Missa.

Assim celebramos nossa Quinta-feira Santa. A Missa da Ceia do Senhor e do Lava-pés, que neste ano foi omitido. Na Sexta-Feira Santa, vivemos a Celebração da Paixão e adoração da Santa Cruz e no Sábado a noite a nossa Vigília Pascal, celebrada de maneira muito digna, com a alegria da proclamação da Páscoa do Senhor seguida pela Missa Dominical.

É certo que é muito estranho e doloroso celebrar o ponto mais alto de nossa fé sem o povo de Deus. Mas são situações necessárias para nosso bem e bem do povo, são tempos difíceis que irão passar.

Já temos a certeza de nossa vitória: Cristo ressuscitou! Aleluia, Aleluia!

Feliz Páscoa!

 

Padre Ademir Costa

Missionário CN Moçambique

No final do mês de novembro, estivemos em reunidos as expressões de Renovação Carismática em Moçambique. Reunimo-nos em Maputo na Comunidade Shalom para uma reunião fraterna de unidade e implantação do serviço de comunhão que é a Charis que une em comum a RCC e as Novas Comunidades. Ali recebemos o Fred, responsável pela Charis na África. Ele nos apresentou este serviço de comunhão instituído pelo Papa Francisco e nos animou a implantar em Moçambique este serviço de unidade afim de levar a Efusão do Espírito Santo para todo os país por meio de grupos de orações, seminários de vida no Espírito, retiros e etc….

Percebemos um grande desafio, pois como expressão de Renovação Carismática em Moçambique somos somente perto de 30 pessoas. Quase todos ligados as Novas Comunidades.

Assim, deparamo-nos com uma obra muito maior do que nossas capacidades, mas ousamos em perceber que o Espírito Santo é infinitamente maior que nós para fazer acontecer esta Efusão de graça em todo nosso Moçambique. E vamos, mãos a obras!!!!  

Vinde Espírito criador e enche os corações dos nossos fiéis. Amém!

 

Deus abençoe a todos

 

Padre Ademir Costa

Missionário CN em Moçambique

Aproximando-se as festas natalinas, um grupo de amigos brasileiros da Cidade de Tete, subiu as montanhas de Zobuè para promover um Natal Feliz para as nossas crianças carentes da vila.

Estes nossos amigos e amigas se movimentaram por mais um de mês para fazer esta festa para as nossas crianças. Estiveram envolvidas quase 40 pessoas e vieram ao Zobuè no dia do evento mais de 30 benfeitores. Estes deixaram suas casas e seus serviços a mais de 120 km daqui para promover este lindo ato de caridade.

Assim no sábado dia 30 de novembro chegaram em comitiva a nossa vila trazendo muito mais que presentes, trazendo um profundo desejo de doação e de amar esses pobres. Fizeram um bonita festa em nossa paróquia. Muitos lanches, doces, presentes… E muito mais que isso, muito carinho e amor para essas crianças.

Um dia para ficar marcado em nossa vida, quase 500 crianças a brincar, lanchar e se divertir. É uma diversão para eles estar com os azungos – homens brancos, se fazendo um com eles.

Não temos muitas palavras para descrever e agradecer pelo que foi este dia para a Paróquia de Zobuè. Mas a certeza que “há mais alegria em dar que em receber”. E esses irmãos porque muito amaram, receberam muito amor destas crianças. E em saber que nossa recompensa é o Reino do Céus, pois “o amor cobre uma multidão de pecados”.

Minha profunda gratidão. “Quem encontrou um amigo encontrou um tesouro”. Aqui em Moçambique, louvo a Deus por ter encontrado estes tesouros. Obrigado meus amigos!

Deus vos abençoe imensamente!

Padre Ademir Costa

A língua oficial de Moçambique é o português. Mas se fala dezenas ou centenas de línguas ou dialetos ligados as muitas etnias do país.

Aqui na Vila de Zobuè fala-se o português e o dialeto chewa, também chamado de nianja. Um dialeto que falado em toda a República do Malawi, partes da Zâmbia e do Zimbabwe e toda essa nossa região de montanhas ao norte da Província de Tete em Moçambique.

Em Zobuè na área “urbana” muitas pessoas tem dificuldades com a língua portuguesa, mas ainda consegue se comunicar alguma coisa em português.

Agora, nas aldeias? Esquece! Praticamente toda a comunicação é em dialeto.

Vocês me perguntam: Como faço para evangelizar essas aldeias? Como celebro Missas? Como faço as homilias?

Deus provê tudo!

Quando vamos para essas aldeias, sempre vai conosco nativos que falam o português e o dialeto, estes fazem nossa tradução e facilita nossa comunicação com o povo. A Missa, eu consigo celebrar na língua chewa, mas celebro algumas Missas em português. Quanto as homilias, faço em português e os anciãos da comunidade me ajudam em traduzir-me ao povo.

É certo que também, precisamos nos esforçar para aprender um pouco o dialeto de onde vivemos. Quem tem uma alma missionária, deve estar aberto a mergulhar na cultura do povo, também na língua deles. Principalmente quanto a saudar as pessoas, falar algumas palavra e frases na sua língua local. Isso abre o coração do povo.

Vou me virando assim, por estas terras de missão na África. Mas não é nada demais, pois o mais importante aqui é a linguagem do amor.

 

Deus abençoe a todos!

 

Até a próxima…

 

Padre Ademir Costa

Missionário CN em Moçambique

(continuação)

Chegamos a São José. Uma comunidade que está em construção, mas bem fervorosa. Mais uma vez otimamente acolhidos. Atendi várias confissões e seguimos com a Missa.

Não nego que na segunda missa do dia já fico mais cansado, pois as missas duram de duas a três horas, mas busco celebrar com o mesmo ou maior ardor que a primeira, porque o povo merece o melhor.

Mais uma vez um lindo coral, parece um vai superando o outro. É coisa linda ver estes grupos corais de camponeses cantando afinadíssimo, as vozes em harmonia. Alguns com suas roupas surradas, outros de pés descalços. Cantando a Deus com toda alma e não deixando nada a desejar aos grandes corais pelo mundo.

Terminamos a Missa com muita alegria e enquanto esperávamos o almoço. Saí para visitar as casa e as famílias da aldeia. Que experiência maravilhosa!

A maioria ali nem cristãos eram, saudava a todos, e percebia a alegria deles em me acolher, deixando entrar em suas palhotas para abençoa-las. Ganhei muitos presentes destas pessoas: batata, milho, mamão, cebola e etc. Que maravilha, corações agradecidos!!!

Almoçamos ali mesmo na capela junto com o povo, uma boa xima, arroz, frango e carne de cabra.

Depois ainda segui para atender um doente da comunidade que mora próxima da capela. E por fim, seguimos nossa viagem para Zobuè com o coração feliz e realizado com mais uma santa experiência de missão cumprida.

 

Deus abençoe a todos.

Até a próxima…

 

Padre Ademir Costa

Missionário em Moçambique

Em um destes sábados passados, celebrei Missas em duas aldeias na linda região de montanhas de Fututu, caminho para Ângonia.

Sai cedinho de Zobuè com dois acólitos, peguei o animador da comunidade – aquele que nos guia as comunidades e me traduz para o povo – e seguimos para as aldeias.

Essas duas que celebrei ainda se chega com tranquilidade, apesar de ainda atravessar um riacho de pedras, mas que está bem baixo nesta época antes das fortes chuvas. Conseguimos superá-lo e chegar a capela.

Chegamos a Comunidade de São Tiago, sempre um povo alegre, feliz com a chegada do padre, cantando as boas vindas. Mesmo que o padre chegue cansado em algumas aldeias, a acolhida e o amor do povo ergue automaticamente o entusiasmado do padre. O povo de Deus é maravilhoso.

Como sempre muitas confissões. A comunidade São Tiago tem uma grande participação de fiéis, foram ao menos umas 40 confissões.

Depois seguimos com a Missa, muito participativa, como sempre com um lindo coral de camponeses, dos quais não sei em que “escola de música” aprenderam a cantar de maneira tão linda – com certeza nunca ouviram falar de escola de canto. É dom nato. Sempre cantam com a alma, que nos mesmos sentimos na alma essa unção. 

Ali depois da Santa Missa, não almoçamos, mas “mata bichamos”. O Café da Manhã aqui em Moçambique, popularmente, chama-se de “mata bicho”.  O nosso mata bicho foram deliciosas batatas com molho. Estavam deliciosas, ainda com a grande fome que estávamos não sobrou nada.

Ficamos ainda alguns minutos com o povo, tiramos algumas fotos, porque eles gostam muito de fotografias e são muito fotogênicos.

Despedimos e seguimos para a comunidade São José, uns 5 km dali, ainda na Aldeia de Fututu.

(continuação no próximo post)

 

Forte abraço!

Até a próxima!

 

Padre Ademir Costa

Missionário em Moçambique

Como diz o meu amigo Beto Bernardi – missionário na Amazônia: “eu não sou de papel para ter medo de chuva.” rsrs

Em um domingo destes saímos debaixo de muita para celebrar em uma aldeia chamada Ndabissa, não tão distante de nossa casa, mas de difícil acesso e com chuva então, piora um pouco a situação. Para chegar um terreno muito acidentado com muitas pedras e barro. Mas como estávamos de carro superamos as “barreiras” e chegamos a aldeia.

Como estava chovendo muito forte o povo foi chegando aos poucos. Todos sem guardas chuvas e ensopados pela chuva. Mas não deixaram de chegar a capela para celebração da Santa Missa. Atrasamos propositalmente a celebração para que os fiéis pudessem chegar, pois a chuva não parava. Brincamos um pouquinho com as crianças. Atendi as confissões e começamos a celebração.

O bonito da fé, mesmo que molhados pela chuva participaram com muita alegria e entusiasmo da celebração da Missa, pois o padre chega poucas vezes por ano a esta comunidade.

Ainda depois da Santa Missa nos ofereceram um delicioso almoço com Xima e ovos fritos. Despedimos do povo e seguimos o caminho de volta a Vila de Zobuè.

Mais uma missão, mas uma experiência com Deus através do povo.

 

Até próxima!

 

Forte abraço,

Padre Ademir Costa

Missionário em Moçambique

 

Eu sou fruto do Batismo no Espírito. No ano de 1996, tive minha experiência de efusão no Espírito em retiro na cidade de Vinhedo junto a Comunidade Jesus te Ama de Campinas. Ali minha vida mudou. Encontrei o meu tesouro e decidi-me deixar tudo para ser do Senhor. O meu sacerdócio, a minha missão é fruto do Espírito. Daquele dia em que o Céu tocou minha alma.

Assim, Anseio e rezo para que todo meu povo possa fazer esta mesma experiência com o Espírito Santo que mudou minha vida e despertou minha vocação ao sacerdócio.

Não nego minhas origens: Sou fruto da Renovação Carismática Católica.

 

Fraternalmente,

 

Forte abraço!

 

Até a próxima.

 

 

Momento de um profundo significado histórico para a Igreja de Moçambique e também para a história da pátria, pois depois de 43 anos voltou a se celebrar uma Santa Missa na capela do antigo Seminário São João de Brito de Zobué.

Passaram por este seminário os primeiros bispos moçambicanos, muitos padres, muitas figuras públicas de profunda importância para o país e até alguns presidentes da República foram estudantes neste seminário. Assim, a importância do momento vivido em um lugar tão importante para Moçambique. 

Hoje o Antigo Seminário se encontra em ruínas consequências dos tempos do tempo de guerra civil. Logo após a independência do país, muitos prédios particulares e da Igreja foram nacionalizados. O Seminário foi transformado em centro de formação de professores. Mas pouco tempo após a independência começou uma guerra civil que deixou milhões de mortos. A região onde está o antigo seminário de Zóbuè foi uma zona de forte combate, aqueles que estavam no Seminário de Zóbuè – então centro de formação – tiveram que fugir.

Desde desta época o espaço ficou abandonado, sendo devolvido após o acordo de paz entre os dois partidos políticos que promoveram 16 anos de guerra. Depois de devolvido para Diocese pouca coisa se fez pelo espaço que se deteriorou mais ainda com o passar dos anos, ficando em uma completa ruína.

Mas com a chegada do nosso Bispo Dom Diamantino Antunes existe o esforço de resgatar o lugar, se não restaurar tudo, reabilitar o que for possível para transformar-se em memorial histórico para Igreja de Moçambique.

Assim, com o esforço da Diocese, fiéis católicos de Zóbuè e de benfeitores conseguiu-se limpar todo o terreno e reabilitar a capela. E neste domingo fizemos uma bonita festa para comunidade de Mwezi que volta depois de 43 anos a celebrar em sua capela.

Deus abençoe a todos.

 

Forte abraço!

 

Até a próxima!

 

Padre Ademir Costa

Missionário da Canção Nova/Moçambique

Nas quartas-feiras fazemos um trabalho de visita para as famílias de nossa paróquia. Cada semana visitamos um núcleo paroquial. A Vila de Zobué, na verdade podemos dizer que é uma cidade que tem pelo menos 30 mil habitantes na área urbana. Um Núcleo Paroquial pode se comparar no Brasil as nossas pequenas comunidades eclesiais localizadas nos bairros das cidades.

Na sede urbana da Vila de Zobué temos cinco núcleos eclesiais – fora as 36 comunidades rurais. Os núcleos visitamos as quartas-feiras.

O Bispo pediu-nos que visitássemos todas as famílias católicas da paróquia de começo na parte urbana. Desta maneira, nós temos ido aos bairros, visitados e rezado pelas famílias, abençoamos as casas e incentivamos as famílias perseverar na fé, como também a catequese dos filhos.

Sempre saímos em procissão com os membros dos núcleos. A Cruz processional a frente, o povo cantando e o padre paramentado com os acólitos atrás. Só a procissão já é um lindo sinal de evangelização na Vila de Zobué, pois podemos saudar e abençoar as pessoas que encontramos pelo caminho, seja católico ou não.

Sempre encerramos a nossa visita com a Santa Missa na capela do núcleo. É continuamente uma experiência que dá um profundo sentido do que é ser “Igreja em Saída”.

Nesta quarta-feira fomos ao Núcleo Santa Cecília, bem próximo a parte urbana, mas já em uma área rural. Visitamos somente algumas casas, pois as distâncias eram enormes e em verdade passamos por três aldeias visitando as casas e abençoando o povo. Terminamos com a Missa que sempre é um sinal que Deus se manifesta na simplicidade. A generosidade e o carinho do povo nos constrangem.  

 

Forte abraço,

 

Até a próxima

 

Padre Ademir Costa

Missionário da Comunidade Canção Nova /Moçambique

Missão em Lizinje, uma das nossas comunidades mais distantes e de mais difícil acesso da paróquia. Esta aldeia está localizada a 75 km da comunidade, porém 36 km segue por estradas extremamente difícil, acessíveis somente com carro grande com tração ou moto.

Eu, Cauany Marcondes, Sr. Sebastião, o jovem Domingos e o motorista Paulo saímos por volta da 6h30 da casa paroquial. Demoramos quase cinco horas e meia de viagem para chegar à comunidade de Santa Teresa de Lizinje.

Passamos por muitos riachos, trilhas de pedras soltas, muita areia, mas tudo valeu a pena, uma natureza exuberante e de um povo maravilhoso.

Depois de mais de cinco horas de estrada. Chegamos a comunidade de Lizinje, com uma calorosa recepção com canto e alegria.

A Cauany se encarregou de educar e cuidar das crianças – algumas crianças pegaram em um lápis pela primeira vez. Eu atendi as confissões. O Sr. Sebastião – animador paroquial – cuidou de preencher as fichas para os Batismos.

Depois começamos a celebração com muita alegria e disposição, apesar do forte calor desta época. Uma linda celebração para este povo que esperava o povo há um ano. Na celebração tivemos 06 batismos e Primeiras Comunhões. Concluímos a celebração, como sempre almoçamos na comunidade: arroz, um refogado de folha de abobora, xima e galinha – comida maravilhosa.

Tivemos que nos despedir do povo já pelas 15h30 para enfrentar o caminho ainda de dia. Mas escureceu cedo por causa das montanhas. Apesar da noite a viagem transcorreu bem e depois de quase 5h chegamos ao Zobué, muito felizes e realizados pela missão cumprida.

Padre Ademir Costa

Missionário da Comunidade Canção Nova /Moçambique

Eu o vi rastejando, sem mãos, sem pés, sem olhos. Mas com o sorriso mais lindo que já vi

Sr. Samuane. Um leproso agradecido a Deus. Mesmo que não curado da lepra, mas curado na alma. Vai sempre a Celebração Dominical mesmo que rastejando. Desde 1970 está no leprosário de Nkondezi a cuidado das Irmãs Mercedárias. Incrível como um homem nessa situação sorri, conta histórias e ama a Deus com profunda devoção.

Paremos de reclamar e murmurar por qualquer coisa. Converta-me Senhor!

 

A experiência desta semana foi forte demais…

 

Deus abençoe a todos,

 

 

Forte abraço!

 

 

Padre Ademir Costa

Missionário da Comunidade Canção Nova /Moçambique

Nesta última quarta-feira também estive em missão em uma de nossas comunidades rurais. A Comunidade de Khome a 10 km da Vila de Zobué. Um lugar próximo da vila, mas de difícil acesso. Só podemos alcançar a aldeia com moto mediante uma trilha muito difícil tendo atravessar alguns riachos.

Chegamos depois mais de uma hora de trilha pesada, subidas e descidas, pedras, riachos, pontes improvisadas e etc.

Apesar de estar no meio da semana, a participação da comunidade foi bem significativa, visto ser todos camponeses que deixam por alguns momentos as suas roças (aqui chamado de machambas) para rezar na Igreja. Pois, a visita do padre sempre é um momento especial para a comunidade que passa meses sem recebê-lo.

Sempre uma maravilhosa recepção do povo. Eu preenchi a fichas para dos batizandos, rezamos um pouco com o povo antes da Missa e demos início a celebração. Como sempre um lindo coral de camponeses que não deixa nada a desejar aos corais vaticanos. Assim celebramos com muito alegria junto aquele povo. Alí celebraríamos com a comunidade que não recebia uma missa a muito tempo. Aproveitamos para celebrar os batizados das crianças.

Um detalhe daquela capela, comparando com as outras que temos de palha, é que ela está muito bem estruturada, mas seu piso ainda são grandes pedaços de pedras soltas. Nestas pedras o povo se ajoelhavam sem problemas. Uma linda manifestação de fé e reverência a Deus. Visto que muito de nós nem ajoelhamos para não sujar nossas calças. O povo nos dá o exemplo de como deve ser.

Tem gente ai Brasil a fora querendo almofadinha pra ajoelhar rsrs

Concluímos a celebração, almoçamos com o povo, despedimos do povo que estava muito feliz com a festa e seguimos trilha de volta a Vila de Zobué.

 

Aqui todo dia é dia de missão!

 

Forte abraço,

 

Até a próxima

 

 

Padre Ademir Costa

Missionário da Comunidade Canção Nova /Moçambique

Neste sábado saí com a Cauany Marcondes – voluntária salesiana – para fazer missão na região montanhosa de Nkondezi na Aldeia de Chiziro.

Saímos por volta da 7h da manhã com o carro velho que um missionário italiano deixou aqui no Zobué por motivo de obras na paróquia. Seguimos até a Casa Religiosa das Irmãs Mercedárias, 30 km de Zobué, para pegarmos uma irmã e seguir para aldeia. Ao chegar lá encontramos padre Ângelo, salesiano, atual administrador paroquial, que também estava rumo a outra aldeia naquela zona pastoral.

Ali nos alertaram que aquele carro do qual estávamos não chegaria conseguiria chegar a aldeia. Esta aldeia de Chiziro está localizada a uns 15 a 20 km – da boa estrada asfaltada que leva a Ângonia. Portanto, não tão distante como a outra que fomos na semana passada na aldeia de Mutche. Mas o percurso de 20 km até a aldeia é de terra com muitas erosões e grandes pedras a se superar. O padre Ângelo nos cedeu o seu carro, que é maior e em melhores condições, e ele ficou com o nosso “carango”, porque a comunidade da qual iria estava ao lado da estrada de asfalto.

Seguimos para Aldeia, conosco foi ainda uma freira mercedária e os animadores da comunidade. E realmente nos deparemos com a estrada muito ruim, fomos com muito cuidado, pois tivemos que passar por terreno de “Rally” com erosões e com pedras enormes do qual o carro tinha que escalar para seguir a estrada. Depois de mais ou menos uma hora de viagem chegamos a Comunidade Santa Maria Gorete. O povo como sempre é um espetáculo de acolhida, esperando hospitaleiramente para nos saudar com canto e danças de boas vindas.

Apresentamo-nos e saudamos a todos. Mas demoramos ainda um bom tempo para começar a Santa Missa, porque tínhamos Batismos de crianças e adultos e também Matrimônios, assim antes devíamos preencher os livros dos sacramentos. Enquanto isso a Cauany e a freira brincavam e animavam as muitas crianças.

 

Começamos a nossa Santa Missa. As crianças que seriam batizadas e os dois casais apostos em seus lugares. A austera capela feita de galhos e palhas repleta de fiéis e muita gente do lado de fora. Como sempre um grupo Coral que toca o mais profundo da alma, cantando com alma, com o coração. Incrível é que são todos simples camponeses que nunca tiveram aulas de canto nunca frequentaram os mais famosos conservatórios, mas cantam e louvam a Deus de coração. Realmente eles vivem essa frase de Santo Agostinho de que “quem canta reza duas vezes”.

A celebração muito simples, nada de Missa Afro, tudo conforme o Missal Romana, do Sinal da Cruz a benção final, com a aspectos culturais totalmente aprovado pela Conferência e pela Santa Sé. Assim, é claro que o padre esforçou-se para celebrar na língua chewa, louvado seja Deus pelo Concílio Vaticano II, que nos permitiu celebrar na língua nativa. A celebração seguiu por algumas horas com muita alegria junto com os batismos e matrimônios. Concluímos a Missa e ainda ficamos para o almoço – Xima e frango – antes de partimos de volta para casa.

Despedimos do povo e pegamos a mesma estrada ruim para chegar a casa das Irmãs Mercedárias, deixar a freira e os animadores e seguir eu e Cauany para nossa casa no Zobué.

Deixo aqui para vocês mais um pouquinho de nossa ação missionária aos fins de semana em Moçambique.

 

Forte abraço,

 

Até a próxima

 

 

Padre Ademir Costa

Missionário da Comunidade Canção Nova /Moçambique

 

Continuação da partilha da missão em Mutche e Khokwe (parte 2)

Saímos de Mutche nas montanhas e fomos para uma região mais baixa, que lembra o sertão do nordeste do Brasil, para Aldeia de Khokwe. Ainda de moto, mas já a noite e sem enxergar muita coisa, pois o farol da moto era bem fraco, por vezes, alguns “animais não identificáveis” passavam pela estrada a frente da moto. Mas, depois de uma hora e trinta chegamos a Khokwe.

Que coisa linda a uns 500 metros da comunidade o povo já estava nos esperando no escuro, cantando e acolhendo com muita alegria a chegada do padre. Nós celebraríamos somente no domingo de manhã, mas chegamos para dormir na aldeia. Ali jantamos e convivemos com o povo já vindo de várias aldeias na região de Khokwe, alguns me disseram que caminharam mais de três horas. Pelas 21h foram todos dormir. Dormimos todos na terra mesmo em uma esteira. A capela ainda em construção aberta e sem teto, a nossa luz era a lua e a estrela. Nunca dormir tão bem em minha vida.

Acordamos bem cedo para preparativos finais dos Batismos, Matrimônio e Primeiras Comunhões. O povo se vestindo e se ajeitando com aquilo que tinha de melhor. As 8h da manhã começamos a celebração e terminamos ao meio-dia. Tudo muito lindo! Como sempre com muita alegria e bem celebrado pelo povo de Deus.

Depois da Missa confraternizamos com o povo com o almoço, dispensamos o povo no qual muitos caminhariam horas até suas palhotas e também nós pelas 13h da tarde seguimos viagem de retorno a Zobué.

Seguimos mais uma vez de motocicleta, como sempre três na moto, mas agora tinha ainda o ofertório da Missa e o galo que ganhei. No meio do caminho, a motoca não aguentou o tranco e depois de uma hora e meia de viagem avariou.

Por Providência caminhamos somente alguns minutos para encontrar uma aldeia. Ali o nosso animador foi pedir ajuda ao régulo – chefe da aldeia -, depois de alguns longos minutos de negociação, cedeu-nos a sua moto para levar-nos de volta ao rio Nkondezi, mais uma hora de moto dali.

Seguimos até o rio e pegamos a canoa para atravessá-lo de volta. Observação.: O Rio Nkondezi tem crocodilos e hipopótamos, mas graças a Deus não vimos nenhum rsrs…

Subimos até a casa do catequista de Samoa onde deixamos o carango. Pegamos o carro e seguimos de volta a nossa paróquia. Cheguei em casa por volta das 18 horas, estava cansadíssimo, mas muito muito feliz por ter levado Cristo ao povo de Deus. Nada paga a alegria da alma de poder viver e se realizar no Ministério confiado por Deus a mim.

 

“Leva-me aonde os homens necessitem tua Palavra // Necessitem de força de viver // Onde falta a esperança // Onde tudo seja triste simplesmente por não saber de ti.”

 

Forte abraço,

 

Deus abençoe a todos,

 

Padre Ademir Costa

Missionário da Comunidade Canção Nova em Moçambique