A partir da pureza e da transparência é possível viver a santidade nos relacionamentos.
Hoje vou falar sobre um tema polêmico, que tem circulado em alguns telejornais, que é essa infeliz onda dos chamados “encoxadores” do transporte público. Antes de continuarmos, reconheço que o termo é tão sujo, tão baixo e tão doentio que estava (e ainda estou) com vergonha de mencioná-lo aqui. Mas o assunto é sério e preciso ser concreto na abordagem. A reflexão inicial que desejo propor é: será que vivemos em um contexto social que demonstra ter uma afetividade e uma sexualidade saudável? Sem querer fazer grandes teses ou discursos dialéticos embromations sobre comportamento humano, quero sim, simplificar para conversarmos com a maturidade que a situação exige. Penso que não seja necessário muito esforço intelectual para percebermos que há uma (aparente e crescente) anormalidade no contexto do uso da sexualidade.
Todo ser humano tem o profundo desejo na alma de amar e ser amado(a). Esse é o desejo natural de todos as pessoas, em todos os tempos e lugares da história. Por isso, não estou julgando esses homens, nem usando de moralismo ou querendo empurrar “goela abaixo” uma espiritualidade sobre-humana. O grande ensinamento que compreendi, que tenho lutado pra viver e que quero compartilhar é: todos somos filhos de Deus e, por isso, precisamos amarmos uns aos outros.
Falando em “amor”, muitas vezes, há um desgaste do uso desta palavra nos filmes, nas publicidades, nos discursos mentirosos que desejam nivelar uma atitude à um sentimento. Amor é uma decisão de servir ao outro. Mesmo que essa outra pessoa não seja alguém que você goste tanto. Quem ama decide, por amor, a fazer o necessário para ver o outro feliz. Quem ama é mais feliz. Quem sente-se amado também. Entendeu? Assim, amar não é necessariamente servir alguém sexualmente, mas servi-lo naquilo que lhe é digno: o respeito como criatura de Deus.
Livres no corpo, escravos na alma
Ao olharmos para as atitudes dos abusadores percebe-se uma distorção daquilo que é verdadeiramente o amor. O desejo de amar, desce ao nível do instinto de ser “servido” sexualmente e o próximo – que no caso, são as mulheres (mães, esposas, filhas, netas, tias, irmãs,..) – tornando-as mero objeto de satisfação egoísta e patológica. Quanta infelicidade gerada na própria alma…
Quem está carente de afeto busca sentir-se amado(a), busca chamar a atenção para si, pois sabe que la no fundo de sua alma, há uma voz que grita: “me amem, me amem. Saibam: eu sou um(a) filho(a) criado(a) amorosamente por Deus e você não está me valorizando como mereço. Me amem, me amem! Olhem pra mim, me amem. Olhem para meu corpo, foi Deus quem me concedeu. A vida está passando, estou morrendo aos poucos, me amem. Me amem. Olhem para o volume do som do meu carro, é o mais caro que pude comprar! Tchu, tcha, tchu, tcha… Me amem! Eu sou o * me amém! Há é? Não vai me admirar? Vou chamar a atenção a qualquer custo. Vou ostentar o que tenho e o que não tenho. Me amem, me amemm! Olhe o que eu sou capaz de fazer – também no ônibus e nos metrôs – para me sentir amado(a)…”
Agora, preste atenção, você vai entender a profundidade da expressão: “Jesus, te ama, irmão! Jesus, te ama, irmã!” Para certas pessoas, ouvir essa frase é sinônimo de deboche. Mas é uma verdade universal: o amor pleno, que todos procuramos, só Deus pode te dar. Nenhuma pessoa é capaz de amar você com a plenitude que sua alma deseja. Por isso, saiba que se ninguém nunca te amou: Deus o nosso pai, no Céu sempre te amou. E por amor, mandou seu filho Jesus, para morrer chicoteado, pisado, cuspido, crucificado por mim e por você. Prova de amor, não é sexo, mas doação de fragmentos da vida. Repito: todo ser humano tem o profundo desejo na alma de amar e ser amado(a).
Você há de concordar comigo que, além de crime, uma atitude des-pudor-ada (com ausência de pudor), tanto do lado que pratica ou por quem assiste – e até grava no celular, pode ser um diagnóstico de uma personalidade des-equilibrada. A própria definição da palavra desequilíbrio já diz: é uma situação fora do seu ponto central, de sustentação, de sensatez. Em outras palavras, quanto mais uma pessoa se afasta de Deus, mais ela “sai fora” do seu centro de equilíbrio: provavelmente vai cair, ferir-se e machucar outras pessoas.
Ainda falando da palavra equilíbrio, no entanto, pode ter diferentes interpretações, mas como gosto de artes visuais, vou falar na perspectiva do equilíbrio gráfico. Por exemplo: quando você olha para uma imagem e diz que ela tem equilíbrio gráfico, é porque visualmente percebe-se que todos os elementos que a compõe estão organizados de tal forma que nada é enfatizado, todos passando uma sensação de equilíbrio visual.
Equilíbrio é a referência visual mais forte e firme do homem, sua base consciente ou inconsciente para formulação dos juízos visuais. De um lado (a esquerda) é perceptível a harmonia, do outro (a direita) vê-se uma desarmonia: elementos fora de ordem, desajustados e competindo atenção entre si.
A identidade é aquilo que revela quem somos ou para que fomos criados. Quem não está em ordem na sua identidade vive como um(a) desajustado(a) e competindo atenção para si. Vive mendigando afeto e semeando carências. Vive em desarmonia com o contexto social. Agora, sejamos sinceros: observando as atitudes dos homens e das mulheres de nossos dias é possível afirmar que os elementos – sejam de masculinidade ou de feminilidade – estão em ordem natural ou sobrenatural? Podemos afirmar que “nada” está sendo enfatizado demasiadamente: seja na moda, seja no culto ao corpo “sarado”, seja na linguagem, nos comportamentos, nas atitudes, nas músicas, etc? Pense nisso.
Talvez, de modo insensato, muitos utilizem como justificativa para os assédios sexuais, a péssima qualidade dos meios de transportes públicos (seja metrô, ônibus, balsa, etc). Então a lotação nos horários de pico e o balanço do “busão” é a culpada pela “sem-vergonhice”? Sem comentários…
Mas, voltando ao tema que é possibilidade de sadia convivência entre o masculino e feminino, não utilizarei este espaço para somente reclamar do transporte público, para fazer apologia a violência ou para “alfinetar” campanhas que tem circulado por aí, mas sim, para falar sobre aquilo que há décadas, o Monsenhor Jonas Abib tem defendido e nos ensinado em suas pregações: é possível a sadia convivência entre o masculino e o feminino.
Em alguns lugares, convenciou-se disponibilizar ambientes específicos para homens e para mulheres. Isso é, de certa forma, compreensível e natural. Somos seres sexuados, dotados de um sexo e de uma afetividade que define nossa identidade, modo ser e agir. Como homens ou como mulheres, somos diferentes naquilo que nos é específico. Essa diferença é bela, pois diz da nossa natureza humana: somos criados para uma sadia complementariedade. Tudo já foi criado para que funcionasse perfeitamente em nós. Somos naturalmente perfeito “de série” e aquilo que é posteriormente modificado e colocado como “acessório”, acaba como bijouteria: uma hora o corpo vai inflamar e dizer que tem algo errado. Duvida? Recomendo que leia, por exemplo, o “Atlas do Corpo Humano” do Sobotta, ou “A Vida Sexual dos Solteiros e Casados” do Pe. João Mohana. Todos nascemos para convivermos juntos nas mais diferentes realidades: no trabalho, na faculdade, na escola, nas amizades, na Igreja, na política, enfim, nos contextos sociais.
Nossas diferenças não são barreiras, são riquezas para a sadia convivência.
Porém, “a partir da queda, o pecado tornou opaco o olhar humano. Ao contemplar o outro, o olhar não recorda que está diante de uma pessoa, passando a ver o outro como mero objeto”, nos recorda Padre Paulo Ricardo. Em virtude disso, também acontece uma tentativa de “correção moral” no transporte público em muitas cidades ao disponibilizar vagões específicos para mulheres, no caso do metrô, com a finalidade de (tentar) reduzir o assédio sexual, principalmente, quando estão lotados em horários de maior utilização. É preciso uma mudança de mentalidade, de uma transformação no coração – peço perdão pela palavra, mas preciso dizer: é necessário que muitos de nós – homens e mulheres – criemos constantemente “vergonha na cara”. Sabe porquê? Por que há uma geração vindo por aí, que são frutos massivos de “tigrões”, “cachorras”, “banheiras” e outras pseudo-danças-pornéicas.
Bom, voltando ao tema, não quero enfatizar a sujeira mas sim, a beleza de se esforçar para viver a sadia convivência.
Ok, mas… como viver na prática?
Para viver essa realidade, em primeiro lugar, é preciso abertura mútua, é preciso que as mulheres assumam as próprias características femininas que revelam a face de Deus (beleza, sensibilidade, delicadeza), e que os homem assumam suas características masculinas que também revelam a face de Deus (força, proteção, coragem). As mulheres precisam ser, cada vez, mais mulheres femininas e os homens, cada vez, mais masculinos. Busque ter uma amizade saudável, em primeiro lugar com Jesus e, em pouco tempo, amizades verdadeiras e saudáveis virão. Vale a pena lutar para viver a sadia convivência entre o masculino e o feminino.

Monsenhor Jonas Abib em visita a turma de Pré Discipulado 2011, da Comunidade Canção Nova.
“No processo de purificação, Deus colocou homens e mulheres juntos; é um engano pensar que para sermos puros deve-se separar as águas. Para realizarmos esse processo de purificação não é preciso separar os homens das mulheres; ao contrário, Deus colocou – nos vivendo juntos, em sadia convivência para que sejamos purificados”, ensina Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova.

“Em sadia convivência somos purificados”, afirma Monsenhor Jonas Abib
Deus apresenta-nos a sadia convivência por intermédio da Palavra: “Doravante serás seu irmão e ela tua irmã; é te dada a partir de hoje, por toda a eternidade. E o Senhor do céu vos faça felizes, esta noite, meu filho, e derrame sobre vós misericórdia e paz!” (Tobias 7, 12b).

“Trabalhando e conversando, trabalhando e convivendo, trabalhando e nos formando: oração em sadia convivência ao ritmo da vida!” (Pré Discipulado 2011, Comunidade Canção Nova)
Segundo monsenhor Jonas, o processo de purificação do ser humano é semelhante ao da cana-de-açúcar “que possui o álcool em si, mas precisa deixar-se moer, ferver e destilar num longo processo. Da mesma forma, você precisa deixar-se trabalhar pelo Espírito Santo para que venha à tona o ‘álcool puro’ que você é. Pode ser que você já esteja passando pela ‘serpentina’, já bastante ‘destilado’, mas não esteja puro totalmente. Pode ser também que você esteja como ‘caldo grosso’ ou ainda ‘passando pela moenda’, o que é doloroso. É preciso que você aguente firme, pois essa é a hora em que Deus quer trabalhar em você”.
Entende agora?
Esse é o motivo pelo qual satanás, o inimigo de Deus, que não quis viver essa plenitude do amor se rebelou. A partir desta rebeldia contra a própria natureza foi deixando em nós, filhos de Adão, a necessidade de viver lutando para restaurar essa plenitude e comunhão. Assim, sabendo da nossa inclinação humana ao pecado, a indústria cultural investe milhões na produção de diversos conteúdos pornográficos (músicas, filmes, moda, entretenimento, programas de tv, etc.) buscando justamente aumentar a infelicidade nos corações: fragilizados e vulneráveis ao pecado. Lute contra o pecado. Lute pra valer!
Reproduzo aqui seus questionamentos: Como resistir a essa investida? Como recuperar a dignidade perdida? Como as roupas e o modo de se portar podem influenciar no posicionamento da mulher diante da sociedade?
Finalizo, com uma oração de cura interior exclusiva para as mulheres, conduzida pela missionária Letícia Cavali, da Comunidade Canção Nova. Se preferir, baixe aqui em MP3
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Guiados pela ternura de Maria, nossa mãe e educadora, até a próxima.
Que Deus nos abençoe.
Veja também:
- 100 pregações de Monsenhor Jonas Abib em MP3
- 7 pregações sobre namoro
- Oração pelo Precioso Sangue de Jesus
- Modéstia e como as mulheres devem se portar (Padre Paulo Ricardo)
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