Grandes Papas da história da Igreja destacaram a importância do Rosário de Nossa Senhora.
Desde o século XIII, os Papas, em sua grande maioria, foram unânimes em pronunciar-se a favor do Rosário de Nossa Senhora. Desde o Papa Urbano IV (1261-1264) até o atual Papa Francisco (2013), quase todos os Sumos Pontífices dirigiram loas ao Santo Rosário e o incentivaram vigorosamente. Há mais de 700 anos, Urbano IV já dizia que “cada dia descem bens ao povo cristão por meio do Rosário”1. Com estas palavras, o Santo Padre nos ajuda a compreender que, naquele tempo, esta oração já era comum na piedade e na devoção do Povo de Deus. O Pontífice valorizava tanto o Rosário que no primeiro ano de seu pontificado já se pronunciou a favor desta oração na Bula “Sol Ille”, promulgada em 23 de Dezembro de 1261. Leão XIII (1878-1903), o grande Papa do Rosário, escreveu 44 documentos sobre o saltério da Virgem Maria. São João Paulo II (1978-2005) pronunciou-se pelo menos 50 vezes sobre o Santo Rosário. De Urbano IV a Francisco, nada menos que 45 os Papas se pronunciaram a favor da Coroa de Rosas da Santíssima Virgem Maria.
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Desde a Idade Média, os Soberanos Pontífices afirmam que o Rosário é uma instituição saudável e frutuosa, que fomenta a piedade e todas as virtudes. Além disso, os Papas ressaltaram que são maravilhosos os efeitos desta oração: restabelece a fé; robustece a esperança; inflama a caridade; produz frutos de penitência e conversão; paz na família e na sociedade; defende a Igreja contra os inimigos; faz os extraviados voltarem ao bom caminho; refreia a cólera, a agitação, a violência dos ímpios; afasta os perigos que ameaçam o mundo e a Igreja; torna os homens melhores; aplaca a cólera de Deus; implora a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria; abre as portas do Reino dos Céus; é remédio para o horror ao sofrimento e para o esquecimento dos bens eternos. Estas são algumas palavras dos Papas que nos ajudam a compreender a excelência desta oração mariana e porque eles incentivaram tanto o Rosário da Santíssima Virgem.
Entre os Papas rosarienses, ressaltamos, de modo especial, primeiramente o Beato Pio IX (1846-1878). Ele foi o Pontífice que solenemente proclamou o dogma da Imaculada Conceição de Maria, em 8 de dezembro de 18542. Além disso, Pio IX nos deu pelo menos 8 documentos sobre o Rosário. Num deles nos ensina: “Assim como São Domingos se valeu do Rosário como de uma espada para destruir a nefanda heresia dos albigenses, assim também hoje os fiéis exercitados no uso desta arma – que é a reza quotidiana do Rosário – facilmente conseguirão destruir os monstruosos erros e impiedades que por todas as partes se levantam”3. Já em seu leito de morte, deixou-nos seu magnífico e comovente testamento espiritual. Questionado por um Clérigo sobre o que pensava em seu momento derradeiro, responde: “Que hei de pensar, filho meu! Veja: estou contemplando, calmamente, os quinze mistérios que adornam as paredes deste quarto, que são outros tantos quadros de consolo. Se visses como me animam! Contemplando os mistérios gozosos, não me lembro das minhas dores. Pensando nos da cruz, sinto-me confortado enormemente, pois vejo que não sou sozinho no caminho da dor, mas que adiante de mim vai Jesus. E quando considero os da glória, sinto grande alegria, e me parece que todos os sofrimentos se convertem em resplendores de glória. Ó como me consola o Rosário neste leito de morte!”4. Depois, dirigindo-se aos que o cercavam, completa: “É o Rosário um Evangelho compendiado e dará aos que o rezam rios de paz de que nos fala a Escritura; é a devoção mais bela, mais rica em graças e gratíssima ao Coração de Maria. Seja este, filhos meus, meu testamento para que vos lembreis de mim na terra”5.
O Pontífice que mais escreveu sobre o Rosário da Santíssima Virgem foi Leão XIII, que foi, com razão, chamado de “Papa do Rosário”. Ao todo, o Santo Padre escreveu 44 documentos: “12 Encíclicas, […] 18 Cartas Apostólicas, 3 Decretos, uma constituição Apostólica, uma Audiência Pública e, por fim, 9 Decretos de Congregações Romanas”6. Num deste documentos, foi o Papa Leão XIII que nos deu o remédio para três males que assolam também o nosso tempo: “o desgosto de uma vida modesta e ativa, que se remedia com as lições dos mistérios gozosos; o horror ao sofrimento, com os mistérios dolorosos, e o esquecimento dos bens eternos que esperamos, com os mistérios gloriosos”7. Foi também Leão XIII que fez de Outubro o mês do Rosário: “que se celebre em toda e terra com grande e desacostumado esplendor, o mês de Outubro, todo ele dedicado, de conformidade com nossos mandamentos, ao Santo Rosário”8.
São João Paulo II, cuja memória é celebrada em 22 de Outubro, mês do Rosário, tinha o lema de seu pontificado em latim “Totus Tuus”, que significa Todo Teu, ou Todo de Maria. Foi ele um dos Pontífices que mais incentivou o Santo Rosário, especialmente aos jovens. À semelhança de Leão XIII, João Paulo II escreveu muito sobre o Rosário. Foi ele também o Pontífice mariano que fez a passagem do século XX para o XXI, da mesma forma que Leão XIII fez a passagem do século XIX para o XX. Juntamente com Pio IX, Leão XIII e João Paulo II foram grandes Papas marianos e rosarienses que, depois de São Pedro, tiveram os pontificados mais longos da história. Entretanto, o que fez de João Paulo II um Pontífice singular foi a inserção dos mistérios luminosos no Rosário9. Conhecido como o Papa do Totus Tuus, João Paulo II destacou-se também por seu testemunho de consagração total a Nossa Senhora, segundo o método do livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort. Este foi um grande apóstolo da Santíssima Virgem Maria e também um ardoroso propagador do Santo Rosário, de quem João Paulo II seguiu os passos.
Assim, iluminados pelas palavras e pelo testemunhos destes e de tantos outros Papas rosarienses, somos chamados a rezar com fervor o Rosário da Virgem Maria. Pois, esta oração santificou e continua santificando a muitos na Igreja. Além disso, “o Rosário é uma ‘arma’ espiritual na luta contra o mal, contra toda a violência, para a paz nos corações, nas famílias, na sociedade e no mundo”10. Por estas e tantas outras razões, que nos foram dadas pelos Papas em inumeráveis documentos registrados na história da Igreja, que o Rosário seja a nossa oração do dia-a-dia, como Papa Francisco11, e propaguemos com coragem e ousadia esta santa devoção. Mais ainda, nos inscrevamos na santa Confraria do Rosário, como nos pediu Leão XIII e tantos outros Papas. Enfim, façamos do Rosário, à semelhança do Beato Pio IX, o nosso testamento espiritual para as futuras gerações. Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
1 ALBERTON, Padre Valério, SJ. Os Papas e o Rosário: O Rosário hoje. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 1984, p. 21.
2 PAPA PIO IX. Bula Ineffabilis Deus; cf. DH 2803.
3 PAPA PIO IX. Encíclica Egregiis, de 3 de Dezembro de 1856.
4 ALBERTON, Padre Valério, SJ, SJ. Op. cit., p. 30.
5 Idem, ibidem.
6 ALBERTON, Padre Valério, SJ. Op. cit., p. 32.
7 Idem, p. 35. (Cf. PAPA LEÃO XIII. Carta Encílica Laetitiae Sanctae, de 8 de setembro de 1893).
8 Idem, p. 37. (Cf. PAPA LEÃO XIII. Carta Apostólica Parta Humano Gneneri, de 8 de setembro de 1901).
10 PAPA BENTO XVI. Homilia no Santuário de Pompeia, em 19 de Outubro de 2008.
11 Cf. MELLO, Pe. Alexandre Awi. “Ela é minha Mãe!”: Encontros do Papa Francisco com Maria. 3ª ed. São Paulo: Loyola, 2014, p. 37.