Vejamos a importância da inspiração bíblica no culto e na devoção a Virgem Maria e as suas consequências em nossa vida espiritual.
O culto e a devoção a Santíssima Virgem Maria tem na Bíblia um ponto de referência necessário, pois a verdadeira piedade mariana não pode deixar de ter como centro seu Filho Jesus Cristo, o Verbo de Deus encarnado. A necessidade de um cunho bíblico em toda e qualquer forma de culto faz parte da piedade cristã de todos os tempos, especialmente em nossos dias.

Bartolomé Esteban Murillo – A Anunciação.
“O progresso dos estudos bíblicos, a crescente difusão das Sagradas Escrituras e, sobretudo, o exemplo da tradição e a íntima moção do Espírito, orientam os cristãos do nosso tempo para servir-se cada dia mais da Bíblia, qual livro fundamental de oração e para tirar dela genuína inspiração e modelos insuperáveis”1. Por isso, o culto à bem-aventurada Virgem Maria não pode ser dispensado desta orientação geral da piedade cristã. Ao contrário, o culto mariano deve ele inspirar-se particularmente nesta orientação bíblica, para adquirir novo vigor e dela tirar seguro proveito.
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As Sagradas Escrituras e o culto a Maria Santíssima
A Bíblia apresenta-nos o desígnio de Deus em relação à salvação dos homens de modo admirável. A Palavra de Deus está impregnada do mistério de Jesus Cristo e também, do Gênesis ao Apocalipse, de referências a Virgem Maria, Mãe e cooperadora do Salvador. O cunho bíblico da devoção mariana exige o uso diligente de textos e símbolos sabiamente tirados das Sagradas Escrituras, mas também requer que as fórmulas de oração e os textos destinados ao canto assumam os termos e a inspiração da Bíblia. Exige principalmente que o culto à Virgem Santíssima seja inspirado nos grandes temas da mensagem cristã, a fim de que nós, ao mesmo tempo que veneramos aquela que é a Sede da Sabedoria, sejamos também iluminados pela luz da Palavra de Deus e levados a agir segundo as exigências do Verbo encarnado.
Em nosso tempo, marcado pelo crescente desenvolvimento das ciências, inclusive da teologia bíblica, somos chamados a valorizar o conhecimento da realidade à luz da Palavra de Deus e confrontar as realidades humanas com a figura da Virgem Maria, conforme o Evangelho. Desse modo, a leitura das Sagradas Escrituras – feita sob a ação do Espírito Santo, tendo presentes as recentes descobertas das ciências humanas e as várias situações do mundo atual – nos levará a descobrir que Nossa Senhora pode ser tomada como modelo naquilo que desejam ardentemente os homens e mulheres do nosso tempo.
Nossa Senhora como modelo bíblico de mulher
A mulher de hoje, desejosa de participar no poder de decisão nas opções da comunidade, contemplará com íntima alegria a Virgem Santíssima, que dá o seu consentimento ativo e responsável2, não para a solução de um problema qualquer, mas sim na obra da salvação da humanidade, na Encarnação do Verbo3 e na maternidade espiritual sobre todos os redimidos por Cristo4. A mulher se dará conta de que a escolha da virgindade por parte de Maria, que no desígnio de Deus a dispunha para o mistério da Encarnação, não foi um fechamento aos valores do matrimônio, mas uma opção corajosa de consagrar-se totalmente ao amor de Deus. As mulheres do nosso tempo verificarão, com grata surpresa, que Maria de Nazaré, apesar de absolutamente abandonada à vontade do Senhor, longe de ser uma mulher passivamente submissa ou que vive uma religiosidade alienante, foi uma mulher que não duvidou de prevenir-se de que Deus é vingador dos humildes e dos oprimidos e derruba dos seus tronos os poderosos do mundo5.
As mulheres reconhecerão em Maria, “a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor”6, uma mulher forte, que conheceu de perto a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio7, situações que não podem escapar à atenção de quem quiser favorecer, com Espírito evangélico, as energias libertadoras do homem e da sociedade. A Virgem Maria não foi uma mãe ciumenta, voltada somente para o próprio Filho, mas aquela Mulher que, com a sua ação, favoreceu a fé da comunidade apostólica, em Cristo8, e cuja função materna se dilatou, assumindo no Calvário dimensões universais9.
Assista à aula do Padre Paulo Ricardo sobre “As Sagradas Escrituras e a nossa vida espiritual“:
Ouça à aula do Padre Paulo Ricardo sobre “As Sagradas Escrituras e a nossa vida espiritual”:
A Virgem Maria como modelo do discípulo de Jesus Cristo
Nesses exemplos tirados da Bíblia transparece claramente que a figura da Virgem Santíssima não desilude as nossas aspirações mais profundas, mas até oferece-nos o modelo acabado do discípulo de Jesus Cristo: de trabalhador da cidade terrena e temporal e, ao mesmo tempo, de peregrino, que tem sabedoria e iniciativa, e que caminha em direção à cidade celeste e eterna; de promotor da justiça, que liberta o oprimido e da caridade, que socorre o necessitado; e de testemunha operosa do amor, que leva Jesus Cristo aos corações.
Assim, o genuíno culto a Santíssima Virgem Maria deve ser sólido em seu fundamento, que é a Revelação, ou seja, a Sagrada Tradição e a Palavra de Deus, e prestar particular atenção aos documentos do Magistério da Igreja, que é o único e o verdadeiro intérprete das Sagradas Escrituras. Os ensinamentos do Magistério nos levam à finalidade última do culto a Virgem Maria, que é glorificar Deus e levar-nos a uma vida absolutamente conforme a Sua vontade.
Quando juntamos as nossas vozes à da mulher anônima do Evangelho, exaltamos a Mãe da Igreja ao exclamar, dirigindo-nos como ela a Jesus: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!”10, e somos induzidos a considerar a grave resposta do Mestre: “Felizes antes os que ouvem a Palavra de Deus e a observam!”11. Esta resposta, se por um lado resulta num evidente louvor a Santíssima Virgem, como interpretaram alguns Santos Padres12 e confirmou o Concílio Vaticano II13, por outro lado, ressoa para nós também como uma advertência para vivermos os mandamentos de Deus, como um eco de outras admoestações do Salvador: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor! Senhor!’ entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus”14; e “Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos ordenei”15. Nossa Senhora, Mãe do Verbo de Deus, rogai por nós!
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A Bíblia e a fé de Abraão e Maria para a Igreja.
TODO DE MARIA. A crise de fé na Igreja e no mundo.
TODO DE MARIA. Fé e caridade: virtudes que não se separam.
Referências:
1 PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis Cultus, 30.
2 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 56.
3 Cf. São Pedro Crisólogo, Sermo CXLIII: PL 52, 583.
4 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 61.
5 Cf. Lc 1, 51-53
6 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 55.
7 Cf. Mt 2, 13-23.
8 Cf. Jo 2, 1-12.
9 Cf. PAPA PAULO VI, Exortação Apostólica Signum Magnum, I: AAS 59 (1967), p. 467-468.
10 Lc 11, 27.
11 Lc 11, 28.
12 Santo Agostinho, In Iohannis Evangelium, Tractatus X, 3: CCL 36, pp. 101.102; Epistula 243, Ad Laetum, n. 9. CSEL 57, p. 575-576; São Beda, In Lucae Evangelium expositio, N, xi, 28: CCL 120, p. 237; Homilia I, 4: CCL 122, p. 26-27.
13 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 58.
14 Mt 7, 21.
15 Jo 15, 14.
Senhor eu entrego minha saúde, livra de toda depressão, ansiedade, doença do pânico, problemas cardíacos, etc. Livra de todo mal que possa afetar nosso matrimônio, dai sua benção o Pai na nossa vida. Livra-nos da doença, angústia e opressão. Me cura Senhor, me da uma nova chance de viver e fazer a diferença com minha futura esposa. Dai a bênção para que dê tudo certo dia … Abençoe nosso matrimônio. Que Deus nos de a bênção a… e a …, proteja de todo mal, que seja abençoado nosso amor.