A obediência da Santíssima Virgem Maria na vida e na morte de Jesus Cristo, no desígnio de Deus para a salvação dos homens.
Pedro e os outros apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo disseram: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (At 5, 29). Pelo Seu Filho Jesus Cristo, o Pai concede o Espírito aos que Lhe obedecem (cf. At 5, 32). Antes porém, a obra de salvação realizada na paixão, morte e ressurreição de Cristo, teve seu início através da obediência de uma mulher. Eva desobedeceu e levou Adão a pecar (cf. Gn 3, 1ss), mas a Virgem Maria, por sua obediência, trouxe ao mundo o Salvador dos homens, Jesus Cristo, o novo Adão (cf. Lc 2, 1ss). Em Cristo, o pecado e a morte foram redimidos e aqueles que Lhe obedecem recebem o Espírito (cf. At 5, 32), promessa de Deus da Antiga Aliança (cf. Is 44, 3; Jl 3, 1-2; Ez 39, 29).
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Nossa Senhora foi obediente ao Pai quando recebeu o anúncio do Anjo, de que ela seria a Mãe de Jesus, Seu único Filho (cf. Lc 1, 30-38). Em virtude de tal obediência, ela recebeu o Espírito Santo, que gerou nela o Verbo de Deus (cf. Lc 1, 35). Maria foi obediente, mesmo grávida, indo com José para Belém em obediência ao decreto do rei, que pediu o recenseamento de todo o Povo de Israel (cf. Lc 2, 1-5). Ela também foi obediente apresentando seu Filho no Templo aos doze anos, como manda a Lei de Moisés (cf. Lc 2, 41-52). Conforme a tradição dos judeus, a Virgem foi obediente ensinando a Jesus a cultura e a religião judaica.
No momento decisivo do Calvário, com uma espada de dor transpassando sua alma, Nossa Senhora permanece de pé junto à cruz (cf. Jo 19, 25), porque ela sabia que Jesus Cristo deveria obedecer ao Pai, oferecendo-se em sacrifício. Antes de entregar o espírito, Jesus faz sua última recomendação a qual a Virgem Santíssima acata com amor. Cristo pede à sua Mãe que acolha João, o discípulo amado, como filho e esta o acolhe prontamente (cf. Jo 19, 26). Em obediência à ordem de Jesus, acolhendo João, Maria compreende que deve também acolher todos nós, filhos de Deus.
Depois da ressurreição, Jesus pede à Virgem Maria, sua Mãe, que permaneça em Jerusalém com os discípulos, até que estes recebam o Espírito Santo (cf. Lc 24, 49), que ela recebera na Anunciação (cf. L 1, 35). Em obediência ao Filho, Nossa Senhora permaneceu em Jerusalém com os discípulos, em comum oração com eles (cf. At 1, 14). Depois do Pentecostes, a Mãe do Senhor permaneceu com os discípulos para confirmá-los na fé, pois Jesus os havia recomendado a ela. Nesse sentido, em obediência a seu Filho Jesus Cristo, a Virgem Santíssima permanece conosco, orando por nós, intercedendo por nossas necessidades.
Assim, Nossa Senhora é Mãe da obediência e também Mãe de todos os cristãos. Pois, Jesus nos entregou a Maria como filhos (cf. Jo 19, 26) e, em obediência, ela nos acolheu como tal. Ele também nos entregou-a por Mãe, por isso, em obediência, devemos acolhê-la em nossa casa, nós que somos discípulos amados de Jesus (cf. Jo 19, 27). Como a Virgem Maria, sejamos obedientes ao Filho, pois obedecendo-O, obedecemos ao Pai. Unidos a Nossa Mãe, Maria Santíssima, como no cenáculo em Jerusalém (cf. At 1, 14), receberemos o Espírito Santo prometido do Pai e do Filho.