Maria Santíssima, modelo de pobreza

Meditemos com Santo Afonso Maria de Ligório sobre a Santíssima Virgem Maria como modelo da virtude da pobreza.

Nosso Senhor Jesus Cristo, o divino Redentor, quis sempre ser pobre nesta terra para nos ensinar a desprezar os bens deste mundo e a Santíssima Virgem Maria seguiu o Seu exemplo, mostrando-se a sua discípula mais perfeita, já que também ela nasceu, viveu e morreu na maior pobreza.

Sendo assim, perguntemo-nos: somos nós também amantes de tão bela virtude, que é a santa pobreza, e dos incômodos que a acompanham? Como fiéis discípulos de nosso Senhor, esforcemo-nos a todo custo por imitar a pobreza de nossa Mãe Santíssima, lembrando-nos de que, se amamos as comodidades e as riquezas, nunca seremos santos.

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A pobreza da Santíssima Virgem Maria

O nosso divino e amoroso Redentor, para nos ensinar a desprezar os bens mundanos, quis ser pobre neste mundo. Por isso, o Senhor Jesus exorta a todo aquele que queira segui-Lo a que venda todos os seus bens e distribua o dinheiro entre os pobres: “Si vis perfectus esse, vade, vende quae habes, et da pauperibus… et veni, sequere me – Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres… depois vem e segue-me” (Mt 19, 21).

Eis como Maria Santíssima, a sua discípula mais perfeita, seguiu exatamente o exemplo de seu divino Filho. O bem-aventurado Canísio afirma que a Santíssima Virgem poderia viver muito comodamente com a herança recebida de seus pais, mas preferiu ser pobre, reservou para si uma pequena parte e distribuiu o restante em esmolas ao templo e aos pobres.

Muitos escritores sagrados afirmam que Maria Santíssima fez também o voto de pobreza, o que ela mesma revelou a Santa Brígida, que desde o princípio de sua vida prometeu no íntimo de seu coração nunca possuir coisa alguma neste mundo: A principio vovi in corde meo, nihil umquam possidere in mundo. Os dons que Nossa Senhora recebeu dos santos Magos certamente não foram de pouco valor (cf. Mt 2, 1-11), mas distribuiu-os todos aos pobres, como atesta São Bernardo. Isto se deduz também do fato de que ela, quando apresentou seu divino Filho no templo de Jerusalém, não ofereceu o cordeiro, que era a oferta das pessoas abastadas (cf. Lv 12, 6), mas duas rolas ou dois pombinhos (cf. Lc 2, 24), a oferta dos pobres.

A própria Virgem Maria, para atestar a pobreza em que vivia, disse a Santa Brígida: “Tudo o que podia obter, eu dava-o aos pobres, e não reservei nada para mim, senão um tênue alimento e o vestido”[1].

Por amor à pobreza, a Virgem de Nazaré não duvidou desposar-se com um pobre carpinteiro chamado José (cf. Lc 1, 27), e depois sustentar-se com o trabalho de suas mãos, fiando ou cosendo, como atesta São Boaventura. Numa palavra, as riquezas do mundo foram para Maria Santíssima como que lodo, por isso ela sempre viveu pobre e morreu pobre. Na morte, não se sabe que deixasse outra coisa senão duas pobres vestes, que deu a duas mulheres que a serviram em vida[2].

O significado da virtude da pobreza

Quem ama os bens do mundo nunca será santo, dizia São Filipe Neri. Nesse sentido, Santa Teresa acrescentava: “É justo que quem vai atrás das coisas perdidas, também se perca”[3]. Por outro lado, dizia a mesma Santa que a virtude da pobreza é um bem que encerra todos os outros bens. São Bernardo observava que a virtude da pobreza não consiste somente em ser pobre, mas em amar a pobreza. Por isso, Jesus Cristo disse: “Beati pauperes spiritu – Bem-aventurados os pobres de espírito” (Mt 5, 3). Bem-aventurados, sim, porque aqueles que não querem senão a Deus, n’Ele encontram todos os bens e, na pobreza, o seu paraíso na terra.

Amemos Deus, nosso único Bem, em quem se acham todos os bens, conforme exortava Santo Agostinho, e peçamos ao Senhor com Santo Inácio: “Meu Deus, dai-me somente o vosso amor com a vossa graça, e sou bastante rico”[4]. E, quando nos afligir a pobreza material, consolemo-nos com o pensamento de que Jesus Cristo e sua Mãe Santíssima também foram pobres como nós.

Assista ao programa do Padre Paulo Ricardo sobre “A pobreza do Salvador”:

Oração a Jesus e a Maria pela virtude da pobreza

Ah, minha Mãe Santíssima, bem tivestes razão de dizer que em Deus estava a vossa alegria: “Et exultavit spiritus meus in Deo salutari meo – E meu espírito alegrou-se em Deus meu Salvador” (Lc 1 ,47), porque neste mundo não ambicionastes nem amastes outro bem senão Deus. “Trahe me post te” (Ct 1, 4). Senhora, desapegai-me do mundo e arrastai-me atrás de vós, para amar só àquele que só merece ser amado. – E Vós, ó meu Jesus, vinde pelo vosso amor consumir em mim todos os afetos que não sejam para Vós. Fazei com que no futuro eu não atenda senão a Vós, não pense senão em Vós, não suspire senão por Vós. Fazei, numa palavra, com que imitando a virtude de vossa querida Mãe e minha grande Rainha, eu morra a todos os bens da terra e a todas as minhas inclinações, para não amar senão a vossa bondade infinita e não desejar senão a vossa graça e o vosso amor.

Nossa Senhora dos Pobres, rogai por nós!

Links relacionados:

TODO DE MARIA. A Apresentação de Jesus e a dor de Maria.
TODO DE MARIA. A consagração e a humildade de Maria.
TODO DE MARIA. A Sagrada Família na vida cotidiana de Nazaré.

Referências:


[1]  SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Meditações para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II, p. 71.
[2]  Idem, ibidem. Apost. Metaph.
[3]  Idem, ibidem.
[4]  Idem, p. 71-72.

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