O caminho com Jesus, Maria e José

No caminho para a eternidade, somos convidados a ter Jesus Cristo, a Virgem Maria e São José como nossos companheiros de viagem.

O caminho com Jesus, Maria e José

Jesus, Maria e José em Belém

Deus decretou que seu Filho Jesus Cristo nascesse do modo mais pobre, simples e penoso da época, numa estrebaria, por isso dispôs que César Augusto lançasse um decreto de recenseamento e, em obediência, a Santíssima Virgem Maria e São José tomaram o caminho para Belém: “Também José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida”1. A princípio, São José perturbou-se com a notícia e ficou em dúvida se levaria, ou não, Maria consigo, pois ela trazia em seu seio o Filho de Deus. Entretanto, a Virgem de Nazaré animou seu esposo e com ele se pôs a caminho de Belém. Este longo percurso trilhado por Maria e José, cerca de 150 quilômetros, nos coloca diante do longo caminho que o Senhor nos convida a percorrer em nossa peregrinação neste mundo. Conscientes dos possíveis perigos e dificuldades desta grande jornada, “tomemos estes santos personagens [Jesus, Maria e José] como companheiros em nossa viagem para a eternidade”2.

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No longo caminho, na gestação e no nascimento do Menino Jesus, em meio à pobreza e às dificuldades, como não enxergar os nossos próprios sofrimentos? Por disposição divina, o Filho de Deus nasceu, não na casa de José em Nazaré, mas em Belém, numa gruta que servia de estrebaria, do modo mais pobre e mais penoso que uma criança poderia nascer. Deus dispôs que César lançasse um edito, por meio do qual cada membro do Império Romano deveria alistar-se na sua cidade de origem. Quando José teve conhecimento da ordem do Imperador, perturbou-se na dúvida se deveria deixar a Virgem Maria em casa ou levá-la consigo, pois o caminho era longo e difícil e ela estava para dar à luz o Menino Deus. Por isso, disse a Maria: “’Minha esposa e senhora, […] por um lado não quereria deixar-vos só; por outro, se vos levo, aflige-me o triste pensamento que muito tereis de sofrer numa viagem tão longa, por um tempo tão rigoroso’. Maria, porém, anima-o dizendo: ‘José meu, não temais: eu vos acompanharei, e o Senhor nos ajudará”. Por inspiração divina e pelo conhecimento da profecia de Miqueias, a Virgem de Nazaré sabia que o Filho do Altíssimo devia nascer em Belém3. Por isso, Maria tomas as faixas e os pobres paninhos já preparados para o nascimento do Filho e parte com José para Belém. Com a Sagrada Família, sigamos também em nosso caminho de peregrinação rumo à Jerusalém Celeste.

Neste caminho com Maria e José, consideremos as devotas e santas conversas que durante a viagem que tinham entre si aqueles santos esposos acerca da misericórdia, da bondade e do amor do Verbo divino, que em breve ia nascer, entrar no mundo, para a salvação dos homens. “Consideremos os atos de louvor, de benção, de agradecimento, de humildade e de amor que aqueles excelsos viajantes praticavam no caminho. De certo sofreu muito a santa Virgenzinha, próxima a dar à luz, tendo de fazer uma viagem tão longa; mas suportou tudo em paz e com amor. Ofereceu a Deus todas as suas penas, unindo-as com as penas de Jesus, que trazia no seio. Ah! Na viagem de nossa vida, unamo-nos a Maria e José e acompanhemo-nos deles, e agora façamos com eles companhia ao Rei do céu, que vai nascer numa gruta. Roguemos aos santos viajantes que pelos merecimentos das penas que então padeceram, nos acompanhem na viagem que estamos fazendo para a eternidade”4.

Ouça homilia do Padre Paulo Ricardo sobre a “Visitação de Nossa Senhora – 4º Domingo do Advento“:

Reflitamos, na companhia de Jesus, Maria e José, sobre esta longa e penosa jornada, que também é nossa: “Meu caro Redentor, sei que nesta viagem Vos acompanham legiões de anjos do Céu; mas quem Vos acompanha na terra? Ninguém senão José e Maria que Vos traz consigo. Permiti, ó meu Jesus, que eu também Vos acompanhe. Tenho sido um miserável ingrato, mas agora reconheço a injúria que tenho feito. Vós baixastes do Céu para fazer-Vos meu companheiro na Terra, e eu ingrato tantas vezes afastei-me de Vós pelos meus pecados. Ó meu Senhor, quando penso que tão repetidas vezes me apartei de Vós para satisfazer aos meus detestáveis apetites, renunciando assim à vossa amizade, quisera morrer de dor. Mas Vós viestes para me perdoar; perdoai-me sem demora, visto que me pesa de toda a minha alma de Vos ter abandonado e virado as costas tantas vezes”5. Com o coração arrependido pelos nossos pecados, façamos diante de Deus um propósito de conversão, de mudança de vida: “proponho e com a vossa graça espero nunca mais Vos deixar e nunca mais me apartar de Vós, meu único amor”6.

Assim, nesta peregrinação rumo ao Reino dos Céus, peçamos a companhia de Jesus, Maria e José, em meio aos sofrimentos e às dificuldades deste mundo: “A minha alma enamorou-se de Vós, ó meu amável Deus-Menino. Amo-Vos, meu doce Salvador, e já que viestes à Terra para me salvar e dispensar-me as vossas graças, peço-Vos só esta graça: não permitais que em tempo algum me separe de Vós. Uni-me estreitamente convosco, prendendo-me com os doces laços de vosso santo amor. Meu Redentor e meu Deus, quem terá ânimo para Vos deixar e viver sem Vós, privado da vossa santa graça? ― Maria Santíssima, eis-me aqui para acompanhar-vos em vossa viagem; e vós, ó minha Mãe, não deixeis de me proteger na minha viagem para a eternidade. Assisti-me sempre, mormente quando chegar ao fim da minha vida, próximo ao momento do qual dependerá, se estarei sempre convosco amando Jesus no paraíso, ou se estarei para sempre longe de vós odiando Jesus no inferno. Ó minha Rainha, salvai-me pela vossa intercessão. Seja a minha salvação amar-vos, a vós e a Jesus Cristo para sempre, no tempo e na eternidade. Vós sois a minha esperança; de vós espero tudo”7. Jesus, Maria e José, rogai por nós!

Referências:

1 Lc 2, 4-5.

2 SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Primeiro: Desde o primeiro Domingo do Advento até Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 72.

3 Cf. Mq 5, 1.

4 SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Op. cit.,72.

5 Idem, 73.

6 Idem, ibidem.

7 Idem, 73-74.

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