Saiba por que a meditação é um verdadeiro empenho de amor, que exige esforço da inteligência e entrega da vontade.
Nesta aula do curso “Ensina-nos a orar”, Padre Paulo Ricardo nos explica por que a meditação exige de nós um empenho de amor. Primeiramente veremos que a meditação exige um esforço de nossa inteligência, para que cheguemos à contemplação da Verdade, que não é apenas um conhecimento racional, mas uma pessoa: Jesus Cristo. Ao final, veremos como podemos saber se estamos verdadeiramente meditando.
Nós estamos tentando realmente enxergar qual é a natureza da meditação cristã, que é bem diferente da meditação budista, das meditações do Yôga e Cia. Ltda. Por quê? Porque a meditação cristã é um encontro de amor. Não é pensar no nada. Muita gente confunde a meditação com uma espécie de quietismo, como se estivéssemos buscando um “nirvana”[1], um nada. Não basta que coloquemos nosso cérebro em “stand by”[2] e sentir uma paz lerda e assim, sonolenta. Isso não é meditação. Pois, a meditação é empenho de amor.
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A meditação e a aplicação racional da mente
A meditação é verdadeiro empenho de amor. Para compreender o que isso significa, vejamos brevemente uma definição de meditação, que é colocada pelo Padre Antonio Royo Marin, no seu famoso livro “Teologia de la perfeccion Cristiana”. O Autor é muito escolástico, muito analítico, e nos ajuda a ter ideias claras sobre o que é a meditação. A este respeito, ele dá a seguinte definição: “A meditação é a aplicação razoada da mente a uma verdade sobrenatural para convencer-nos dela e mover-nos a amá-la e praticá-la com a ajuda da graça”. Parece uma definição meio sequinha, mas destrinchando-a, veremos que aqui estão coisas muito preciosas. Primeiramente, a meditação é uma aplicação razoada da mente, o que quer dizer isso? Meditação é ratio[3], razão, que quer dizer o seguinte, que é uma realidade discursiva. Não somos como os anjos, por isso, não é uma questão intuitiva. Depois, o que acontece é o seguinte, das duas uma: ou estamos fazendo esse trabalho mental, de “roer um osso”, ou não estamos meditando.
Se não fazemos este trabalho mental, ou estamos distraídos ou já superamos a meditação e estamos em oração de quietude. O problema é que a maior parte das pessoas é presunçosa, é de, alguma forma, soberba e acha que “não, eu já tenho quietude, eu já tenho oração contemplativa” e não quer passar por esta pedreira da meditação. Então, o que é que acontece? A maior parte das pessoas não chega a meditar de verdade e não chegando a meditar de verdade, não chega à verdadeira contemplação. Porque, na contemplação cristã vemos uma verdade e intuímos essa verdade com grande amor. Isto é a contemplação cristã.
Assista ou ouça aula do Padre Paulo Ricardo sobre a “Natureza da meditação (II) – Empenho de amor”:
A meditação enquanto busca da Verdade
No entanto, como é que vamos chegar a intuir essa verdade se não repetimos o hábito constante, na alma, de buscar essa verdade? Então, é por isso que é importante a meditação. Precisamos habituar a nossa alma. É como aprender a andar de bicicleta. Depois que aprendemos, começamos a andar e nem pensamos que estamos andando de bicicleta. Mas, no início, precisamos nos concentrar para habituar o nosso cérebro a “andar de bicicleta”. Então, aqui também, nós precisamos habituar a alma a meditar. Vejam só, é importante nós colocarmos essa realidade: a aplicação racional da nossa mente a uma verdade sobrenatural. Essa verdade é revelada por Deus. Sendo assim, temos uma verdade sublime, uma verdade que precisamos ir atrás dela. Necessitamos buscar essa verdade. Não passemos tão rapidamente, tão apressadamente, achando que nós já somos capazes de contemplar a verdade intuitivamente, como se fôssemos anjos. Essa é a diferença entre um ser humano e um anjo.
Assista ou ouça aula do Padre Paulo Ricardo sobre a “Como sair do estado de frouxidão espiritual?”:
A meditação e o empenho no amor
O ser humano precisa discorrer, somente depois, com o auxílio da graça, consegue intuir uma verdade. Pois bem, nós precisamos “roer esse osso”. Entretanto, não basta “roer o osso”. Senão, isso é somente estudo. O que diferencia a meditação de um estudo é que estamos indo atrás dessa verdade sobrenatural para amá-la. Porque esta verdade é uma pessoa. Essa pessoa é Jesus Cristo. E aí, como é que vamos amar?
Se a meditação não terminar em um propósito, em que nós, com a ajuda da graça, queremos praticar aquela verdade que meditamos, então, provavelmente, a única coisa que estamos fazendo é usando a nossa fantasia. Mas, a nossa oração não está mudando a nossa vida. Amar é algo muito concreto. Amar é sair da oração e nos deixar devorar pelos irmãos, é um amor a Cristo, que se encarna na nossa vida. Se não mudar a nossa vida, a oração que fazemos não é verdadeira oração é um exercício de fantasia.
Links relacionados:
PADRE PAULO RICARDO. Aprenda a rezar.
TODO DE MARIA. Mudar de vida com o Projeto Segunda Morada.
TODO DE MARIA. Padre Paulo Ricardo ensina-nos a orar.
Notas:
[1] Nirvana é utilizado aqui num sentido mais geral, para designar alguém que está num estado de “paz” interior, sem se deixar afetar por influências externas, numa espécie de inércia e apatia.
[2] Usando o termo, Padre Paulo quer dizer que a meditação não é ficar em “stand by”, parado, como se diz de um aparelho eletrônico desligado, em modo de espera.
[3] Ratio é uma palavra em latim que significa razão.