A tristeza de Jesus no ventre de Maria

Saiba o quanto foi grande a tristeza do Coração de Jesus ainda no ventre da Virgem Maria.

Santo Afonso Maria de Ligório nos leva a meditar sobre a tristeza que o Menino Jesus experimentou desde o ventre de sua Mãe, Maria Santíssima. Ele experimentou essa tristeza por que tudo quanto Jesus Cristo padeceu no decorrer de sua vida estava diante dos seus olhos quando ainda estava no seio da Virgem Maria. Jesus aceitou todo esse sofrimento por amor a nós. Nessa aceitação e no combate da aversão natural a tantos sofrimentos, ó Deus, que aflição não experimentou o seu Sacratíssimo Coração?!

Saiba o quanto foi grande a tristeza do Coração de Jesus ainda no ventre da Virgem Maria.

A Virgem Maria, com o Menino Jesus em seu ventre, e São José a caminho de Belém.

Jesus Cristo, embora inocente, desde o princípio de Sua vida começou a sofrer por nós. Sendo assim, é muito mais do que justo que nós, miseráveis pecadores, soframos alguma coisa por amor a Cristo e para pagar pelos nossos pecados. Nessa perspectiva, meditemos sobre os sofrimentos do Menino Jesus, ainda no ventre de sua Mãe, para encontrar neles o verdadeiro sentido do Natal.

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Os sofrimentos do Menino Jesus no ventre de Maria

Consideremos a grande amargura com que o coração do Menino Deus devia sentir-se atormentado e oprimido no seio de Nossa Senhora. Pois, “no primeiro instante da encarnação o Pai Eterno lhe mostrou toda a série de desprezos, de dores e de angústias que no correr da sua vida deveria sofrer, a fim de livrar os homens do seu estado de miséria”[1]. Por isso, Jesus Cristo falou pela boca do profeta Isaías: “Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo; (o Senhor Deus abriu-me o ouvido) e eu não relutei, não me esquivei” (Is 50, 4-5). Segundo Santo Afonso, disse o Filho de Deus a respeito dessa passagem:

No primeiro instante da minha encarnação, meu Pai me fez conhecer a sua vontade, que eu levasse uma vida de sofrimentos para ser finalmente sacrificado na cruz. “Ego autem non contradico; corpus meum dedi percutientibus — Eu não contradigo; entreguei o meu corpo aos que me feriam” (Is 50, 6). Ó almas, aceitei tudo pela vossa salvação e desde então entreguei o meu corpo para receber os açoites, os pregos e a morte[2].

O sofrimento de Jesus Cristo por amor a nós

Meditemos sobre esta dura realidade: tudo o que Jesus Cristo sofreu durante a sua vida, principalmente em sua Paixão, estava diante dos Seus olhos quando ainda se encontrava no seio da Santíssima Virgem. Jesus Cristo, o Verbo de Deus encarnado, aceitou tudo isso por amor a nós. No entanto, ao aceitar esses sofrimentos e reprimir a repugnância natural destes, ó Deus, que angústias e que aflição não experimentou o Coração inocente do Menino Jesus?!

Desde então, o Filho de Deus compreendia bem o quanto deveria de sofrer, primeiramente nascendo numa gruta fria e malcheirosa, abrigo de animais (cf. Lc 2, 7); depois, tendo que morar trinta anos e permanecer desconhecido, na casa de José, um simples carpinteiro de Nazaré (cf. Lc 2, 51). Jesus já sabia que os homens haviam de tratá-Lo como ignorante (cf. Jo 1, 46), de escravo, de sedutor (cf. Jo 7, 12), de réu de morte, digno da mais infame e dolorosa morte, destinada aos malfeitores (cf. Lc 23, 13-25). Tudo isso, o nosso amoroso Senhor e Redentor aceitou a cada instante de sua vida. E cada vez que renovava Sua aceitação, voltava a sofrer todas as penas e as humilhações que depois sofreria até a morte no madeiro da cruz. Jesus Cristo passou por todos esses sofrimentos para salvar da morte eterna a nós, miseráveis pecadores.

Ao meditarmos sobre esses sofrimentos do Senhor, que consolação não será para nós se hoje passamos por sofrimentos. Pois, se o Senhor, que é inocente e santo, padeceu por amor a nós, muito mais deveríamos sofrer nós, que somos pecadores. E, se sofremos, isso é uma grande graça e consolação para nós. Pois, recordando os Seus sofrimentos, podemos também sofrer por amor a Cristo. Esta é a verdadeira alegria do Natal: saber que Jesus Cristo sofreu por amor a nós, salvando-nos da morte eterna, e que podemos também sofrer por amor a Ele e pelas penas devidas pelos nossos pecados!

Oração de Santo Afonso Maria de Ligório a Jesus Cristo

Ó meu amado Redentor, quanto Vos custou, desde a vossa primeira entrada neste mundo, tirar-me da miséria que tinha atraído sobre mim pelos meus pecados! Para me livrardes da escravidão do demônio, a quem de livre vontade me tinha vendido, Vos sujeitastes a ser tratado como o mais vil de todos os escravos. E eu, sabedor disso, tive ânimo de amargurar tantas vezes o vosso amabilíssimo Coração, que tanto me amou! Mas, já que Vós, que sois inocente e sois o meu Deus, aceitastes por meu amor uma vida e uma morte tão penosas, aceito, por vosso amor, ó Jesus meu, toda a pena que me vier das vossas mãos. Aceito-a e abraço-a por vir daquelas mãos que um dia foram traspassadas, a fim de livrar-me do inferno tantas vezes merecido pelos meus pecados. Ó meu Redentor, o amor que mostrastes em oferecer-Vos a sofrer tanto por mim constrange-me demais a aceitar por vosso amor toda a pena, todo o desprezo. Ó meu Senhor, pelos vossos merecimentos dai-me o vosso santo amor; este tornar-me-á suaves e amáveis todas as dores e todas as ignomínias. Amo-Vos sobre todas as coisas, amo-Vos de todo o meu coração, amo-Vos mais que a mim mesmo.

Durante toda a vossa vida me tendes dado provas demasiadamente grandes do vosso afeto para comigo. Eu, ingrato, já tenho vivido tantos anos nesta terra, e quais são as provas de amor que Vos mostrei? Fazei, ó meu Deus, que ao menos nos anos de vida que me restam Vos dê alguma prova de meu amor. Não tenho coragem de comparecer na vossa presença, quando vierdes a julgar-me, tão pobre como agora me acho, sem ter feito alguma coisa por vosso amor. Mas, que posso fazer sem a vossa graça? Nada senão pedir-Vos que me socorrais, e este mesmo pedido ainda é uma graça da vossa parte. Jesus meu, socorrei-me pelos merecimentos de vossas penas e do sangue que por mim derramastes. Maria Santíssima, recomendai-me a vosso Filho, peço-o pelo amor que Lhe tendes. Lembrai-vos que sou uma daquelas ovelhas pelas quais vosso Filho morreu[3].

Sagrada Família, Jesus, Maria e José, rogai por nós!

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Referências:


[1]  SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Meditações para todos os dias do ano – Tomo I, p. 58-59.

[2]  Idem, p. 59.

[3]  Idem, p. 59-60.

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