Saiba por que podemos dizer que a Virgem Maria é o coração amoroso e orante da Santa Igreja.
A Santíssima Virgem Maria é este coração orante e amoroso, que não vemos, mas tudo move, e que se fez presente desde os inícios na Igreja. Antes do derramamento do Espírito Santo em Pentecostes, a Mãe da Igreja já estava presente, com os apóstolos e discípulos de Jesus Cristo: “Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus” (At 1, 14).
No Cenáculo em Jerusalém, a Virgem de Pentecostes perseverava em oração junto com a Igreja nascente, à espera da vinda do Espírito prometido por Cristo: “porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui há poucos dias” (cf. At 1, 5). Esta presença orante e amorosa da Virgem Maria na Igreja primitiva nos ajuda a compreender como deve ser a nossa atitude na Igreja.
Receba o conteúdo deste blog gratuitamente em seu e-mail.
A presença orante de Maria na Igreja
No Cenáculo, Nossa Senhora implorava, com as suas orações, o dom do Espírito Santo, que já havia descido sobre ela no mistério da Encarnação do Verbo, conforme lhe prometera o Arcanjo Gabriel (cf. Lc 1, 35). Pois, “entre ela e o Espírito Santo há uma ligação objetiva e indestrutível, que é o próprio Jesus que juntos geraram”[1]. No cenáculo, em Jerusalém, a Virgem de Nazaré apresenta a Igreja para o batismo no Espírito, que é o cumprimento da promessa de Jesus: “João batizou com água; vós, porém, dentro de poucos dias sereis batizados com o Espírito Santo” (At 1, 5). Esta presença de Maria Santíssima junto aos primeiros apóstolos e discípulos nos ajuda a compreender a sua missão, de pedir constantemente o dom do Espírito sobre toda a Igreja.
O ícone da Ascensão de Jesus Cristo aos Céus fixa o momento da ida do Senhor à glória celeste. Mas, ao mesmo tempo, o ícone nos mostra qual é o carisma e o lugar de Nossa Senhora na Igreja Católica. Na imagem, a Virgem Santíssima está de pé, com os braços abertos em atitude orante, isolada do restante da cena pela figura dos dois anjos com vestes brancas. Em volta dela, os Apóstolos estão em movimento, com uma mão ou um pé levantado, simbolizando a Igreja ativa, que está em missão, que prega, que realiza a sua missão. “Maria está imóvel, debaixo de Jesus, no ponto exato de onde ele subiu, quase como para manter viva a sua memória e a sua espera”[2]. Nessa imagem, vemos a presença orante da Virgem Maria, que representa aquelas almas escondidas, que estão unidas a Jesus Cristo e rezam pelo apostolado da Igreja.
Nossa Senhora, o coração amoroso da Igreja
Para entender o carisma da Santíssima Virgem na Igreja, nos voltemos para a vocação de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Nas Sagradas Escrituras, ela teve contato com a vocação de São Paulo e com a sua descrição dos carismas. A partir daí, ela passou a desejar ser apóstolo, sacerdote, mártir. Tais desejos perturbavam Teresinha constantemente, até que ela teve uma intuição teológica extraordinária:
O corpo de Cristo tem um coração, que move todos os membros e sem o qual tudo pararia. E no auge de sua alegria exclamou: “No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e assim serei tudo!” O que descobriu Teresa naquele dia? Descobriu a vocação de Maria. Ser, na Igreja, o coração que ama, o coração que ninguém vê, mas que move tudo[3].
A importância da Virgem Maria para toda a Igreja está justamente no fato dela ser o coração daquela oração unânime e perseverante (cf. At 1, 14), que ultrapassa aquele pequeno grupo dos apóstolos e discípulos reunidos no Cenáculo em Jerusalém e se faz presente em toda a Igreja.
O Senhor Jesus tinha ligado o dom do Espírito Santo à oração: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que lhe pedirem!” (Lc 11, 13). Mas, Jesus Cristo ligou a vinda do Espírito Paráclito principalmente à Sua oração: “E eu pedirei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor” (Jo 14, 16a). No entanto, à luz do primeiro milagre de Jesus no casamento em Caná, que aconteceu por intercessão da Virgem Maria (cf. Jo 2, 1-12), podemos intuir que no primeiro derramamento do Espírito sobre a Igreja, a sua súplica teve uma importância singular.
Assista vídeo do Padre Paulo Ricardo sobre “A mediação da Rainha dos Anjos”:
A presença de Maria e a vinda do Espírito Santo
Através de várias passagens das Sagradas Escrituras, concluímos que a dimensão pneumatológica ou carismática da oração na Igreja está sempre ligada a Jesus Cristo e à comunidade orante, reunida em Seu nome:
A oração dos apóstolos, reunidos no Cenáculo com Maria, é a primeira grande epiclese (invocação do Espírito), é a inauguração da dimensão epiclética da Igreja, daquele “Vem, Espírito Santo” que continuará a ressoar na Igreja por todos os séculos e que a liturgia irá antepor a todas as suas ações mais importantes[4].
Portanto, a Santíssima Virgem Maria é o coração amoroso e orante da Igreja, que clama pela vinda do Espírito Santo sobre nós. Na Igreja, Nossa Senhora é o coração que ama. Por isso, ela se faz presente em nossas comunidades, especialmente nos momentos de oração e na Liturgia. Unidos a Santíssima Virgem, em comunhão com toda a Igreja, somos chamados a rezar confiantes e perseverantes, pedindo a Deus que envie também sobre nós o Seu Espírito (cf. At 1, 5). Pois, a Igreja começou sua missão com a comunidade reunida em perseverante oração com a Virgem Maria (cf. At 1, 14) e, do mesmo modo, devemos continuar unidos a ela até a segunda vinda de Jesus Cristo. “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22, 20).
Nossa Senhora de Pentecostes, rogai por nós!
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A Bíblia e a fé de Abraão e Maria para a Igreja.
TODO DE MARIA. A Virgem Maria e a figura bíblica da Mulher.
TODO DE MARIA. Nossa Senhora e seu auxílio nas perseguições.
Referências:
[1] RANIENO CANTALAMESSA. Maria, um espelho para a Igreja, p. 129.
[2] Idem, p. 131.
[3] Idem, ibidem.
[4] Idem, p. 137.