Papa Francisco diz como foi a fé de Maria

O Santo Padre, Papa Francisco, nos ajuda a compreender como foi a fé de Maria e qual o seu efeito em nossas vidas.

O Santo Padre, Papa Francisco, nos ajuda a compreender como foi a fé de Maria e qual o seu efeito em nossas vidas.

Nossa Senhora Desatadora dos Nós

O Sumo Pontífice, Papa Francisco, dedicou um encontro a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, e fez uma meditação a partir da pergunta: como foi a fé de Maria? Não há dúvida que Maria foi uma verdadeira mulher de fé. Entretanto, a sua fé foi muito mais do que acreditar e esperar em Deus. A testemunho de fé não somente ilumina nosso caminho espiritual, mas também nos ajuda a entrar na dinâmica do Mistério da Salvação. Nesse sentido, Maria é nossa Mãe na fé por três razões fundamentais: a fé da Virgem Santíssima desata o nó do pecado, da desobediência, da incredulidade, atado por Eva1; a fé da Virgem de Nazaré dá carne humana ao Verbo Eterno, gera o Homem-Deus Jesus Cristo; a fé de Nossa Senhora é caminho, que ela mesma trilhou no seguimento do seu Filho. Estes são os temas propostos pelo Santo Padre para meditarmos sobre como foi a fé da Virgem Maria e qual a ajuda que ela pode nos dar em nosso caminho espiritual.

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A fé da Santíssima Virgem desata o nó do pecado

A primeira qualidade da fé da Virgem Santíssima é esta: “a fé de Maria desata o nó do pecado”2. Este não é um ensinamento novo, mas retomado da Tradição da Igreja. Os Padres dos primeiros séculos, como São Justino, Santo Inácio, Santo Ireneu, Tertuliano, chamavam a Virgem Maria de “nova Eva”, por sua sua cooperação no Mistério de Jesus Cristo, o “novo Adão”3. Santo Ireneu, Padre Apostólico, ou seja, que conheceu os Apóstolos, ensinava que: “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; aquilo que a virgem Eva atara com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé”4. O nó do pecado, desatado por Nossa Senhora, foi o nó da desobediência, o nó da incredulidade, da falta de fé. Quando não obedecemos a voz de Deus em nosso interior, não fazemos a sua vontade e, em nossas ações concretas, não confiamos no Senhor, pecamos, e consequentemente forma-se uma espécie de nó dentro de nós. Estes nós tendem a multiplicar-se rapidamente e tiram-nos a paz e a serenidade. “São perigosos, porque de vários nós pode resultar um emaranhado, que se vai tornando cada vez mais penoso e difícil de desatar. Mas, para a misericórdia de Deus – sabemos bem – nada é impossível! Mesmo os nós mais complicados desatam-se com a sua graça”5. A Virgem Maria abriu a porta a Deus para desatar o nó da antiga desobediência com o seu “sim” a Sua vontade6. Ela é a nossa Mãe que, com paciência e ternura, nos leva a Deus, para que Ele desate os nós da nossa alma com a sua misericórdia de Pai. Certamente todos possuímos estes nós, alguns muitos, outros poucos, mas de qualquer forma todos podem ser desatados, ainda que pareça impossível. Todos os nós do coração, todos os nós da consciência, podem ser desatados. Para desatar estes nós, devemos pedir a Virgem Maria que nos ajude a confiar na infinita misericórdia de Deus. Ela é nossa Mãe, por isso nos toma pela mão e nos conduz de volta para casa, como voltou o “Filho Pródigo”, para receber o abraço do Pai7, do “Pai da misericórdias”8.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “A fofoca é um pecado grave?”:

A fé da Virgem Maria dá carne humana ao Verbo de Deus

O segundo predicado da fé da Virgem de Nazaré é que ela dá carne humana ao Verbo de Deus. A Virgem Maria, acreditando e obedecendo, gerou na terra, sem ter conhecido homem, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai9. Desde os primórdios, os Padres da Igreja insistiam muito na ideia de que a Virgem de Nazaré concebeu Jesus primeiro na fé e depois, na carne, em seu ventre, quando disse “sim” ao anúncio que Deus lhe dirigiu através do Anjo10. Isto significa que Deus não quis fazer-Se homem ignorando a liberdade humana, mas quis vir ao mundo na carne através do livre consentimento de Maria: “Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”11. Este Mistério da Encarnação do Verbo, que aconteceu de forma única e irrepetível na Virgem Mãe de Deus, acontece de forma “espiritual também em nós, quando acolhemos a Palavra de Deus com um coração bom e sincero”12, e a colocamos em prática. “É como se Deus tomasse carne em nós: Ele vem habitar em nós, porque faz morada naqueles que O amam e observam a sua Palavra. Não é fácil entender isto, mas, sim é fácil senti-lo no coração. Crer em Jesus significa oferecer-Lhe a nossa carne, com a humildade e a coragem de Maria, para que Ele possa continuar a habitar no meio dos homens; significa oferecer-Lhe as nossas mãos, para acariciar os pequeninos e os pobres; os nossos pés, para ir ao encontro dos irmãos; os nossos braços, para sustentar quem é fraco e trabalhar na vinha do Senhor; a nossa mente, para pensar e fazer projetos à luz do Evangelho; e sobretudo o nosso coração, para amar e tomar decisões de acordo com a vontade de Deus”13. Dessa forma, à semelhança da Virgem Maria, graças à ação do Espírito Santo, seremos instrumentos de Deus, para a presença e a ação de Jesus Cristo no mundo.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Apresentação de Nossa Senhora”:

A fé de Maria é caminho para seguir Jesus

O terceiro atributo que meditaremos é a fé de Maria como caminho. O Concílio Vaticano II nos diz que Nossa Senhora “avançou pelo caminho da fé”14. Na Nova Aliança, ela foi a primeira a trilhar este caminho, por isso sabe das dificuldades que encontraremos. Se Abraão é nosso pai na fé, a Virgem Maria é nossa Mãe na fé. Nossa Mãe zelosa, ela nos acompanha, nos sustenta, em nosso caminho de fé. Mas, podemos nos perguntar: em que sentido a fé de Maria foi caminho? A fé da Mãe de Deus foi caminho no sentido de que, depois da Anunciação15, toda a sua vida foi dedicada a seguir o seu Filho, pois Jesus é o caminho16! Progredir na fé, avançar por este caminho, não é senão seguir a Jesus, ouvir a sua voz e deixar-nos guiar pelas suas palavras; ter os mesmos sentimentos e atitudes do Mestre: humildade, misericórdia, solidariedade, mas também firme rejeição da hipocrisia, do fingimento, do pecado, da idolatria. “O caminho de Jesus é o do amor fiel até ao fim, até ao sacrifício da vida: é o caminho da cruz”17. Por isso, o nosso caminho de fé passa também através da cruz, e a Virgem Maria bem compreendeu isso, desde o princípio, quando teve que fugir para o Egito com Jesus e José, pois Herodes queria matar o Menino18. Esta cruz tornou-se cada vez mais pesada para Maria a partir da vida pública Jesus, quando começou a ser rejeitado pelos homens. A Virgem Mãe estava sempre com seu Filho, seguia-O no meio do povo, por isso escutava as fofocas, o ódio daqueles que não queriam bem o Senhor. Maria levou esta Cruz com amor, ainda que a sua fé enfrentasse a dor da incompreensão e do desprezo do Filho de Deus. Quando chegou a “hora”19 de Jesus, ou seja, a hora da Sua paixão, a fé de Maria era uma pequena chama, talvez a única acesa naquela noite escura. Desde a Sexta-feira da Paixão, a Virgem Maria vigiava, com a sua chamazinha acesa, pequena mas clara, até ao alvorecer do Domingo da Ressurreição. “Quando lhe chegou a notícia de que o sepulcro estava vazio, no seu coração alastrou-se a alegria da fé, a fé cristã na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Porque a fé sempre nos traz alegria, e Ela é a Mãe da alegria: que Ela nos ensine a caminhar por esta estrada da alegria e viver esta alegria! Este é o ponto culminante – esta alegria, este encontro entre Jesus e Maria – imaginemos como foi… Este encontro é o ponto culminante do caminho da fé de Maria e de toda a Igreja. Como está a nossa fé? Temo-la, como Maria, acesa mesmo nos momentos difíceis, de escuridão? Senti a alegria da fé?”20. Qualquer que seja a resposta, como a Virgem Maria, devemos avançar também pelo caminho da fé, que conduz ao encontro de Jesus Cristo. Ele é o Reino de Deus em Pessoa, o Autobasiléia21, presente em cada um de nós. Se Jesus está dentro de nós, consequentemente este caminho de fé é interior, para dentro de nós mesmos. Com esta certeza de fé, sigamos neste caminho com a Virgem de Nazaré, que bem compreendeu e experimentou essa presença de Cristo em seu interior, até mesmo fisicamente nos dias da gestação, por isso guardava todas as coisas no coração22.

Ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “Não tenhas medo de receber Maria!”:

A fé de Maria como caminho para encontrar Jesus

Assim, vimos que a fé da Santíssima Virgem teve um papel singular na Encarnação do Verbo de Deus e no Mistério da Salvação. Pois, a sua fé desatou o nó do pecado, da desobediência, atado pela virgem Eva. Então, com muita razão, devemos chamar a Virgem Maria de nossa Mãe na fé e de nova Eva, pois ela foi a ajuda adequada a Jesus Cristo, o novo Adão23. Este título tão antigo, de Maria como nova Eva, nos faz compreender que também para nós ela é a ajuda adequada, que nos foi dada por Cristo na Cruz24, para desatar o nó do pecado em nossas vidas e para seguir Jesus, o novo Adão. Neste seguimento, a Mãe da Igreja também nos ajuda a dar carne humana a nosso Senhor, a ser os Seus pés para ir ao encontro dos irmãos, a ser Suas mãos pra realizar a Sua obra, a ser Sua voz para proclamar a Boa Nova da Salvação. Enfim, a fé da Virgem Maria é caminho para chegar ao Caminho, que é Jesus Cristo, ao Reino dos Céus. “Mãe, nós Te agradecemos pela tua fé, de mulher forte e humilde; renovamos a nossa entrega a Ti, Mãe da nossa fé. Amém”25. Nossa Senhora Desatadora dos Nós, rogai por nós!

Natalino Ueda, servo inútil de Jesus por Maria.

Links relacionados:

TODO DE MARIA. A consagração e a participação na fé de Maria.

TODO DE MARIA. Maria e a perseverança na fé.

TODO DE MARIA. Abraão e Maria na fé da Igreja.

Referências:

1 Cf. Gn 3, 1-15.

3 Cf. Rm 5, 17-18.

4 SANTO IRENEU. Adversus Haereses III, 22, 4.

5 PAPA FRANCISCO. Op. cit.

6 Cf. Lc 1, 38.

7 Cf. Lc 15, 20.

8 2 Cor 1, 3.

9 Cf. CONCÍLIO VATICANO II. Op. cit., 63.

10 PAPA FRANCISCO. Op. cit.

11 Lc 1, 38.

12 PAPA FRANCISCO. Op. cit.

13 Idem, ibidem.

14 LG 58.

15 Cf. Lc 1, 28-38.

16 Cf. Jo 14, 6.

17 PAPA FRANCISCO. Op. cit.

18 Cf. Mt 2, 13-15.

19 Jo 17, 1.

20 PAPA FRANCISCO. Op. cit.

21 PAPA BENTO XVI. Jesus de Nazaré: do Batismo no Jordão à Transfiguração, p. 59 (citação do pensamento de Orígenes).

22 Cf. Lc 3, 51.

23 Cf. Gn 2, 18.20.

24 Cf. Jo 19, 25-27.

25 PAPA FRANCISCO. Op. cit.

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