Conheça relatos que comprovam que uma mística e um mártir creram nas aparições de Nossa Senhora das Graças em Cimbres.
Neste artigo, Ana Lígia Lira, mestranda em História pela UFRPE, autora do livro “O Diário do Silêncio”, transmite-nos o resultado de suas pesquisas a respeito de uma mística e de um mártir que creram nas aparições de Cimbres.
O artigo foi dividido em duas partes. Na primeira, saberemos qual foi o primeiro escrito a respeito das aparições de Nossa Senhora das Graças em Cimbres, na atual cidade de Pesqueira, em Pernambuco. Conheceremos também o autor desse escrito e a sua ligação com uma mística, que deu seu parecer sobre as aparições de Cimbres. Leia a primeira parte do artigo de Ana Lígia:
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Os grandes personagens envolvidos com as aparições de Cimbres
Estudando os escritos do Padre Kehrle e de Frei Estevão, parti para algumas pesquisas checando datas, analisando se as informações condiziam com o período, confrontando fatos, procurando evidências, pesquisando a vida daqueles que foram os primeiros a ecoarem este assunto para o mundo.
Fui o mais fundo que pude e percebi que há uma enorme rede de grandes personagens, mártires e possíveis santos que se envolveram em tudo que diz respeito a estas aparições no momento em que elas ocorreram. Na época, estas pessoas eram gente comum, mas hoje, olhando após quase cem anos, elas são reconhecidas pela Igreja e pela história por seus grandes feitos. É como se todas, ao mesmo tempo, tivessem sido chamadas e foram, de fato, os pioneiros na divulgação deste assunto. É como se uma voz ecoasse do céu aos seus corações dizendo que eles precisavam tomar parte nisso.
O primeiro escrito a respeito das aparições de Cimbres
O primeiro veículo de imprensa a publicar algo sobre as aparições de Cimbres, de forma séria e centrada, é o anuário alemão Koenigsreuthes Jahrbuch, na sua edição correspondente ao ano de 1936.
Descobri que esta revista era de propriedade de Friedrich Ritter of Lama, um renomado jornalista da época, correspondente do Vaticano na Alemanha, assassinado nos campos de concentração por ser católico. Hoje, é um dos mártires da Igreja Católica.
Quem vai dar voz a esta publicação no Brasil, reproduzindo o artigo da Koenigsreuthes Jahrbuch é o Teólogo Padre Jules Marie de Lombaert, que dedica ao assunto um capítulo inteiro da sua renomada obra: “O Fim do Mundo está próximo! Prophecias antigas e recentes”, lançado 1939.
As correspondências sobre as aparições de Cimbres
Padre Jules, Friedrich e Padre Kehrle trocaram farta correspondência. Em uma destas cartas, Padre Kehrle envia uma resposta ao amigo Friedrich, que dizia: “Tudo o que vi impressionou-me muito, excedendo as minhas expectativas. Umas das perguntas versou sobre os acontecimentos de Koenigsreuth, perguntando se aqueles fatos eram de Deus ou do demônio: – ‘É de Deus’, disse a aparição”.
Esta pergunta do Padre Kehrle, feita em uma das aparições de Nossa Senhora das Graças em Cimbres por intermédio das meninas videntes, demonstrava especial interesse dele pelos acontecimentos em Konigsreuth, mas que acontecimentos seriam estes?
A história da mística Therese Neumann
Na verdade, a grafia correta da palavra é “Konnersreuth” e refere-se a uma pequena Vila na Baviera, Alemanha. Lá viveu uma mística católica chamada Therese Neumann que nasceu entre 8 e 9 de abril de 1898 e morreu em 19 de Setembro de 1962. Ela era membro da Ordem Terceira de São Francisco, de origem muito pobre, cujo maior desejo era tornar-se missionaria católica na África.
Este sonho teve fim quando, aos vinte anos de idade, Therese viu um grande incêndio na propriedade do seu tio, e na ânsia de ajudar, de tanto passar baldes de água, sofre uma grave lesão na espinha medular que lhe provocou a paralisia das pernas e a cegueira completa. Therese passava todos os seus dias em oração, mas um belo dia acontece o Milagre da sua cura na presença do Padre Naber que assim conta os fatos: “Therese descreve a visão de uma grande luz enquanto uma voz extraordinariamente doce lhe pedia que tivesse vontade de se curar. A surpreendente resposta de Teresa foi que, tudo seria bom para ela, sarar, ficar doente, ou porventura morrer, porém que fosse feita a vontade de Deus”.
Por algum tempo, Therese viveu em boas condições, mas desde 1926 tiveram início importantes experiências místicas que duraram até à sua morte: os estigmas e o jejum completo, com a Eucaristia como sua única alimentação. Uma petição pedindo sua beatificação foi assinada por 40.000 pessoas. Em 2005, Gerhard Ludwig Müller, bispo de Regensburg, declarou formalmente aberto o processo para sua beatificação no Vaticano.
A conclusão de Therese Neumann sobre as aparições de Cimbres
Da mesma forma que Kehrle interroga a aparição no Brasil quanto à procedência dos fenômenos em Konnersreuth, ele o faz por carta dirigida a Friedrich Ritter Von Lama, confidente de Therese, perguntando se a mística poderia afirmar se as aparições em Cimbres são verdadeiras. A resposta que obtém de Therese é “O que havia de ser dito, já foi dito”.
Esta resposta de Therese nos remete ao que Nossa Senhora teria dito quando o então Bispo de Pesqueira lhe pede um sinal e ela diz que já tinha dado o suficiente. Em outras palavras “O que havia de ser dito, já foi dito”.
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A devoção aos Corações de Jesus e de Maria.
TODO DE MARIA. Ana Lígia Lira e “O Diário do Silêncio”.
TODO DE MARIA. Nossa Senhora das Graças e o Comunismo.