A relação entre oração e leitura meditada

Descubra o que é a leitura meditada e qual a relação desta com o nosso crescimento na vida de oração.

Nesta aula do curso “Ensina-nos a orar”, Padre Paulo Ricardo nos ensina o que é a leitura meditada e como esta tem um papel fundamental em relação ao nosso crescimento na espiritualidade, na vida de oração, ou seja, em nossa experiência com Deus.Descubra o que é a leitura meditada e qual a relação desta com o nosso crescimento na vida de oração.

Primeiramente veremos o que é o amor ativo e o amor passivo, para depois entendermos como é possível conhecer o amor e qual é o papel da meditação no conhecimento do amor de Deus por nós.

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O amor ativo e o amor passivo

O segundo passo para progredir nos graus de oração é a leitura meditada. Nós já falamos da oração vocal. Agora, falaremos da leitura meditada. Algumas pessoas têm dificuldade de entender como é que uma leitura pode ser algo que me coloque em contato com Deus, como o Seu amor. Mas, vamos parar para pensar o que é realmente o amor.

Existe o amor ativo, em que damos a nossa vida, derramamos nosso sangue por alguém. Isso é um amor ativo porque só acontece através de um ato de vontade, onde nos entregamos, doamo-nos totalmente. No entanto, na vida espiritual, esse amor ativo não é a primeira coisa. Na vida espiritual, a primeira coisa é o amor passivo. O evangelista São João nos diz, na sua primeira carta: o amor consiste nisso: Deus nos amou por primeiro (cf. 1 Jo 4, 19). Então, isso significa que o primeiro passo da meditação é dar-nos conta do amor de Deus. Mas, como é que entramos em contato com o amor que a outra pessoa teve por nós? Isso somente é possível através de um ato de inteligência. Este não é um pensamento abstrato, mas uma coisa muito humana, real e concreta.

O conhecimento do amor como ato da inteligência

Como é que sabemos que nossa mãe nos amou? Como sabemos que ela se doou, se entregou, se sacrificou, por nós? Só conseguimos enxergar o amor de nossa mãe quando paramos  e refletimos, meditamos sobre aquilo que ela fez: Nossa! Minha mãe fez isso por mim… Então, num ato meditativo, de inteligência, conseguimos “enxergar” aquela verdade. Este é um ato intelectual, no qual nós conseguimos acreditar no amor daquela pessoa. Vamos supor que façamos um “cafuné” em nosso cachorro. Este vai entender que temos carinho por ele. Muitas pessoas só conseguem receber este tipo de amor, que é superficial, físico, animal. Sabem quando as pessoas a amam quando fazem cafuné na sua cabeça, quando lhe dão algum prazerzinho. Mas, isso é uma coisa muito animal.

Mesmo se derramarmos o nosso sangue por um cachorro, ele nunca saberá do nosso amor, porque ele não tem a nossa inteligência, não tem alma. Ele não tem uma alma racional que seja capaz de perceber o ato grandioso e heroico que fizeram por ele, esse amor profundíssimo. Somente quem tem uma alma racional, quem tem inteligência, é capaz de perceber o amor espiritual, profundo, e sobretudo, o amor infinito que Deus tem por nós, quando morreu por nós na Cruz, o amor de Jesus Cristo (cf. 1 Jo 4, 10).

Assista ou ouça aula do Padre Paulo Ricardo sobre “O que é “leitura meditada”?”:

O contato com o amor de Deus através da meditação

Um bom livro pode nos ajudar a entrar em contato com Deus, a fazer uma meditação a respeito do amor de Deus. Todavia, esse livro que não pode ser muito especulativo, mas deve levar-nos a uma compreensão afetiva das verdades da fé. Deve ser um livro de meditação, de preferência dos santos ou livros já consagrados na espiritualidade católica, como “Imitação de Cristo”. As pessoas mais evoluídas na vida espiritual podem também meditar as Sagradas Escrituras.

Quando meditamos, “ruminamos”, esses livros, conseguimos “enxergar” o amor de Deus por nós e, então, acontece um ato de fé. Este ato de fé é o começo da vida espiritual, da nossa vida de oração. No ato de fé, às apalpadelas, na escuridão da fé, “vemos” o amor de Deus por nós! Quando “vemos” este amor de Deus por nós, por um ato de fé, conseguimos responder a Ele e amá-lo de volta. Se meditarmos e enxergarmos esse amor, uma vez, duas vezes, três vezes…, num ato repetido, estes atos tornam-se um hábito, e um hábito bom é uma virtude. Então, nos tornamos pessoas melhores, quando meditamos e lemos, de forma pausada, refletida.

A meditação não é uma coisa fria, intelectual, mas é a única forma de entrar em contato com o amor de Deus. Talvez já tenhamos feito essa experiência. Quando um pregador faz uma pregação, ele está meditando a Palavra de Deus, em público. Às vezes, essa meditação é tão bem feita que conseguimos “enxergar” o amor de Deus, com um ato de fé. O pregador está, na verdade, nos conduzindo pela mão, numa espécie de “leitura meditada coletivamente”. Então, não tenhamos medo de fazer leituras meditadas. Pois, elas nos introduzem no amor de Deus.

Transcrição e adaptação: Natalino Ueda, escravo inútil de Jesus em Maria.

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