As cinco ofensas contra o Imaculado Coração

Saiba quais são as cinco ofensas contra o Imaculado Coração de Maria e as razões da necessidade da devoção reparadora dos cinco primeiros sábados.

Em 1930, o Padre José Bernardo Gonçalves, confessor de Irmã Lúcia, intrigado com a devoção dos cinco Primeiros Sábados em reparação das ofensas contra o Imaculado Coração da Virgem Maria, perguntou a vidente de Fátima: “Porque hão de ser ‘5 sábados’ e não 9 [número de Sextas-feiras em reparação ao Sagrado Coração de Jesus] ou 7 em honra das dores de Nossa Senhora?”[1]. Perplexa, a religiosa não soube responder qual a razão de ser dos cinco Sábados, da devoção pedida pela Mãe de Deus e por seu divino Filho.

Saiba quais são as cinco ofensas contra o Imaculado Coração de Maria e as razões da necessidade da devoção reparadora dos cinco primeiros sábados.

Imagem do Imaculado Coração de Maria depredada no Rio grande do Sul (Foto: Arami Fumacco/Especial/Diário de Santa Maria/Ag.RBS).

No mesmo ano, o próprio Senhor Jesus Cristo apareceu a Irmã Lúcia e revelou-lhe o motivo de serem cinco os Sábados da devoção reparadora ao Imaculado Coração de Maria:

Minha filha, o motivo é simples: são 5 as espécies de ofensas e blasfêmias contra o Imaculado Coração de Maria:

1 – As blasfêmias contra a Imaculada Conceição;

2 – Contra a Sua virgindade;

3 – Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;

4 – Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;

5 – Os que A ultrajam diretamente nas suas sagradas Imagens.

Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender[2].

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As blasfêmias contra o dogma da Imaculada Conceição

A primeira ofensa contra o Imaculado Coração de Maria é a negação do dogma da Imaculada Conceição, aprovado pelo Papa Pio IX, em 8 de Dezembro de 1854, através da Bula Dogmática Ineffabilis Deus. Infelizmente, nem mesmo entre os católicos a nova doutrina acerca da concepção imaculada da Santíssima Virgem foi bem aceita. Mas, não demoraria a confirmação dos Céus a respeito deste dogma.

Nas aparições em Lourdes, na França, no dia 25 de Março de 1858, a Virgem Maria revela o seu nome a Santa Bernadete, em dialeto francês: “Que soy era Immaculada Councepciou”, que significa: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Nossa Senhora revela àquela jovem simples, pobre e sem instrução, a graça extraordinária que recebeu do Altíssimo, de ser concebida sem a mancha do pecado original.

A proclamação do dogma pelo Magistério da Igreja e a confirmação da Virgem Maria em Lourdes não foram suficientes para que as pessoas acreditassem. Apesar da confirmação do Santo Padre e dos prodígios que se seguiram às aparições de Nossa Senhora em Lourdes, muitas pessoas não criam na doutrina e blasfemavam contra a Mãe de Deus. Em nossos dias, parece que cada vez mais cresce o número daquelas pessoas que atacam e ofendem Nossa Senhora, dizendo que ela nasceu com a mancha do pecado original, do mesmo modo que todos nós. Este é o primeiro motivo pelo qual o próprio Jesus Cristo veio pedir a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

As ofensas contra a virgindade perpétua de Nossa Senhora

O dogma virgindade perpétua de Maria Santíssima – antes, durante e depois do parto de Jesus – foi proclamado no ano de 649, no Concílio Ecumênico do Latrão. Este dom especialíssimo foi concedido a Virgem de Nazaré tendo em vista a maternidade divina, ou seja, a dignidade de ser Mãe de Deus, e também a sua maternidade espiritual sobre todos nós. Esta dupla dimensão da maternidade de Nossa Senhora foi explicitamente proclamada no documento mais importante do Concílio Vaticano II, a Constituição Dogmática Lumen Gentium:

A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde toda a eternidade simultaneamente com a encarnação do Verbo, por disposição da divina Providência foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor. Concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa mãe na ordem da graça[3].

O dogma da Virgindade Perpétua de Nossa Senhora é uma doutrina presente na Igreja desde os seus inícios e confirmada pelos Santos Padres. No entanto, este dogma infelizmente foi duramente atacado no passado e continua sendo em nossos dias. Hoje comumente se diz que a Mãe de Deus não permaneceu virgem no parto do Filho Jesus e que as opiniões contrárias são invenções da Igreja primitiva. Mais ainda, dizem que Maria Santíssima teve outros filhos com São José, colocando em dúvida a sua virgindade. Tudo isso ofende gravemente não somente o Imaculado Coração de Maria, mas também o Sagrado Coração de Jesus.

As blasfêmias contra a maternidade divina

O dogma da maternidade divina de Nossa Senhora é o mais antigo da História da Igreja e, ao mesmo tempo, o mais importante para a doutrina da Igreja. O dogma da Virgem Maria como Mãe de Deus foi solenemente definido pela Igreja em 431, no Concílio de Éfeso. Além da Maternidade Divina, a Igreja Católica sempre a reconheceu a Virgem Maria como Mãe espiritual de todos os homens, especialmente dos cristãos.

Pelo dom e missão da maternidade divina de Nossa Senhora, que a une intimamente a seu Filho Jesus Cristo, e pelas suas singulares graças e funções, ela está também intimamente ligada a Igreja:

A Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava S. Ambrósio. Com efeito, no mistério da Igreja, a qual é também com razão chamada mãe e virgem, a bem-aventurada Virgem Maria foi adiante, como modelo eminente e único de virgem e de mãe. Porque, acreditando e obedecendo, gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai; nova Eva, que acreditou sem a mais leve sombra de dúvida, não na serpente antiga, mas no mensageiro celeste. E deu à luz um Filho, que Deus estabeleceu primogênito de muitos irmãos (Rm 8, 29), isto é, dos fiéis, para cuja geração e educação Ela coopera com amor de mãe[4].

O próprio Filho de Deus, nos seus últimos instantes de sua vida terrena, do madeiro da Cruz, entregou-nos como filhos a sua Mãe: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 10, 26); e a entregou a nós, a toda humanidade, por nossa Mãe: “Eis aí tua Mãe” (Jo 19, 27). Não sem razão dirigiu estas palavras a sua Mãe Santíssima e ao Discípulo amado, que representava ali toda a humanidade. No seu testamento espiritual, depois de entregar-se inteiramente a nós em sacrifício na Cruz, por fim entregou-nos o seu mais precioso tesouro neste mundo: sua Mãe, a Virgem Maria.

Tendo em vista o grande amor pelo qual nos entregou sua Mãe por nossa Mãe, compreendemos que negar a maternidade de Nossa Senhora sobre os homens é quase tão grave quanto negar a maternidade divina. Por tudo isso, as blasfêmias contra o dogma contra a Maternidade Divina e a maternidade espiritual da Virgem Maria sobre a humanidade são gravíssimas. São ofensas que atingem os Sagrados Corações de Jesus e Maria e clamam por reparação!

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a devoção dos cinco primeiros sábados:

A indiferença, o desprezo, o ódio infundidos nos corações

A quarta razão da necessidade da reparação ao Imaculado Coração de Maria é a indiferença, o desprezo, o ódio infundidos nos corações dos homens para com esta Mãe tão bondosa. Tudo isso é consequência do ensinamento de falsas doutrinas, injúrias e blasfêmias principalmente às crianças. Desde o século passado, “a ideologia Marxista-comunista procurou eliminar todos os vestígios de religião, a começar pelas crianças. […] Ensinava-se às crianças o racionalismo puro e, além disso, em certa nação, os pequeninos aprendiam ‘ladainhas’ de injúrias contra a Mãe de Deus”[5].

Hoje em dia torna-se cada vez mais comum o desprezo, a irreverência, quando não o ódio para coma Mãe de Deus. Tais atitudes são comuns na sociedade atual, até mesmo entre os cristãos. E isso fere gravemente o Imaculado Coração de Maria. No entanto, a indiferença para com esta boa Mãe ofende seu Coração tanto quanto as práticas acima. Por isso, essas práticas, principalmente aquelas vindas das crianças, ofendem gravemente a Mãe do Senhor. Pois, estas a ofendem não somente por causa das atitudes dos pequeninos, mas por causa da maldade de colocar em seus corações tão desprezíveis sentimentos para com Maria Santíssima.

Os ultrajes contra a Virgem Maria nas suas sagradas imagens

A quinta razão da necessidade da reparação ao Coração Imaculado da Mãe de Deus é o desrespeito, nas mais variadas formas, para com as imagens sagradas de Nossa Senhora. Nos dias de hoje, torna-se cada vez mais comum: o ultraje, o sacrilégio, o vandalismo, a destruição das sagradas imagens da Santíssima Virgem, principalmente àquelas que estão expostas em locais públicos. Ademais, as suas imagens estão sendo retiradas, reduzidas ao mínimo, quando não são totalmente excluídas das igrejas e capelas. Estas práticas também ofendem muito o Imaculado Coração de Maria, além de contrariar o que foi dito no Concílio Vaticano II a respeito das imagens sagradas: “Observem religiosamente aquelas coisas que nos tempos passados foram decretadas acerca do culto das imagens de Cristo, da Bem-aventura Virgem e dos Santos”[6]. Isto significa que deveríamos zelar pela tradicional e salutar devoção às sagradas imagens, conforme a Tradição bimilenar da Igreja.

As ofensas a Virgem Maria nas suas sagradas imagens atingem não somente a Igreja dos santos, que a veneraram com tão grande amor nas suas imagens, mas também ao próprio Filho, que desejaria ver sua Mãe honrada e amada nas pinturas, quadros e imagens. Dessa forma, temos nestas ofensas, razões suficientes para desagravar o Imaculado coração de Maria.

A devoção dos cinco primeiros sábados em reparação ao Imaculado Coração

Assim, compreendemos qual é a razão de serem cinco os sábados que devemos honrar e desagravar o Imaculado Coração da Virgem Maria. São cinco as mais graves ofensas, blasfêmias, sacrilégios, contra Nossa Senhora. Por isso, durante cinco primeiros sábados, de cinco meses seguidos, somos convidados a cumprir as seguintes práticas: 1) Confissão; 2) Terço Mariano; 3) Quinze minutos de meditação dos mistérios do Santo Rosário; 4) Comunhão. Estas práticas devem ser feitas na intenção da reparação das ofensas contra o Imaculado Coração de Maria. Quanto à Confissão, é preferível que seja feita no dia, mas pode ser feita antes. Mas, as três últimas práticas devem ser feitas no primeiro Sábado.

Oração do Anjo da Paz ou Anjo da Guarda de Portugal

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos de seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores[7].

Natalino Ueda, escravo inútil de Jesus por Maria.

Links relacionados:

PADRE PAULO RICARDO. Marxismo Cultural e o Comunismo.

TODO DE MARIA. A devoção aos Corações de Jesus e de Maria.

TODO DE MARIA. A devoção dos cinco primeiros sábados.

TODO DE MARIA. Nossa Senhora e a Nova Ordem Mundial.

TODO DE MARIA. A reparação ao Imaculado Coração de Maria.

Referências e notas:


[2]  Idem.

[3]  CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 61.

[4]  Idem, 63. Cf. S. Ambrósio, Expos. U. II, 7: PL 15, 1555; Cfr. Ps. – Pedro Dam., Serm. 63: PL 144, 861 AB.-Godofredo de S. Victor. In nat. B. M., Ms. Paris, Mazarine, 1002, fol. 109 r. – Gerhohus Reich, De gloria et honore Filii hominis, 10: PL 194, 1105 AB.

[5]  SANTUÁRIO DE FÁTIMA. Op. cit.

[6]  CONCÍLIO VATICANO II. Op. cit., 67.

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