Nós aprofundamos o conhecimento da Eucaristia e aprendemos a viver o seu insondável mistério na escola da Virgem Maria, a mulher eucarística.
A Santíssima Virgem Maria pode ser chamada de mulher eucarística porque a sua vida é uma verdadeira escola do mistério eucarístico. Na Encarnação do Verbo eterno, no ventre da Virgem de Nazaré, realizou-se antecipadamente a Eucaristia. Por isso, se quisermos redescobrir, em toda a sua riqueza, a relação íntima entre a Igreja e a Eucaristia, não podemos nos esquecer de Nossa Senhora, Mãe e modelo da Igreja. Na Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariæ, depois de indicar a Santíssima Virgem como Mestra na contemplação do rosto de Cristo, o Papa São João Paulo II inseriu no Santo Rosário os “Mistérios da Luz”, que tem no seu 5º mistério a instituição da Eucaristia1. Com efeito, Maria tem uma profunda ligação com este Mistério, por isso, pode guiar-nos no conhecimento e na contemplação do Santíssimo Sacramento.

Nossa Senhora das Dores, de Vecellio di Gregorio Tiziano.
A princípio, ligar a Mãe de Deus à Eucaristia pode parecer estranho, pois no Evangelho, a narrativa da Última Ceia nada diz a respeito de Nossa Senhora (cf. Lc 22, 7-23; Mt 26, 17-29; Mc 14, 12-25). No entanto, sabemos que a Santíssima Virgem estava presente junto com os Apóstolos, quando, “unidos pelo mesmo sentimento, se entregavam assiduamente à oração” (At 1, 14), no cenáculo em Jerusalém, depois da Ascensão, à espera do Pentecostes. A Virgem Maria certamente fazia-se presente também nas celebrações eucarísticas, entre os primeiros seguidores de Cristo, que eram assíduos à “fração do pão” (At 2, 42). Além da sua participação no banquete eucarístico, podemos delinear a relação de Nossa Senhora com a Eucaristia indiretamente, a partir de sua atitude interior. Pois, “Maria é mulher ‘eucarística’ na totalidade da sua vida. A Igreja, vendo em Maria o seu modelo, é chamada a imitá-la também na sua relação com este mistério santíssimo”2. Continue lendo…