Nossa Senhora e o apelo à penitência

Nossa Senhora, em suas aparições em Fátima, nos dirige um insistente apelo à penitência.

Nossa Senhora de Fátima e o apelo à penitênciaNa Mensagem de Fátima, o apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora no início do século XX, conserva ainda hoje a sua atualidade. “A Senhora da Mensagem parece ler com uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. […] O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana, necessitada de conversão e de perdão” (João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial do Doente, 11 de fevereiro de 1997). Interpretando a Mensagem de Fátima, o então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, afirma que a palavra-chave da terceira parte do Segredo de Fátima é o tríplice grito do Anjo: “Penitência, Penitência, Penitência!” Em resposta aos apelos da Virgem Maria e do Anjo nas Aparições de Fátima, mais do que nunca, hoje precisamos ser homens e mulheres que tenham uma vida de penitência!

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Na terceira parte do Segredo de Fátima, somos convidados a perceber os sinais do tempos. Isso significa compreender a urgência da penitência, da conversão, da fé. Pois, somente esta é a resposta justa para uma época histórica caracterizada por grandes perigos para a humanidade, que são delineados nas sucessivas imagens da Mensagem de Fátima, e dizem respeito também ao nosso tempo. “O anjo com a espada de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo. A possibilidade que este acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo. Em seguida, a visão mostra a força que se contrapõe ao poder da destruição: o brilho da Mãe de Deus e, de algum modo proveniente do mesmo, o apelo à penitência” (Cardeal Joseph Ratzinger, Mensagem de Fátima).
 
O apelo de Nossa Senhora e do Anjo, nas Aparições de Fátima, em Portugal, torna-se ainda mais forte unido ao ensinamento da Igreja a respeito da penitência. “Fazer penitência pelos próprios pecados é, para o homem pecador, segundo o explícito ensinamento de nosso Senhor Jesus Cristo, a primeira condição, não apenas para solicitar o perdão mas ainda para chegar à salvação eterna. Evidente se torna, pois, quão justificada seja a atitude da Igreja católica, dispensadora dos tesouros da divina Redenção, a qual sempre considerou a penitência como condição indispensável para o aperfeiçoamento da vida de seus filhos e para seu melhor futuro” (Papa João XXIII, Carta Encíclica Paenitentiam Agere, 1).
 
Assista vídeo do Padre Paulo Ricardo sobre penitência quaresmal:
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A Santa Igreja ensina que “antes de tudo é necessária a penitência interior, isto é, o arrependimento e a purificação dos próprios pecados, o que especialmente se obtém com uma boa confissão e comunhão, e com a assistência ao sacrifício eucarístico. […] Vãs seriam, com efeito, as obras exteriores de penitência se não fossem acompanhadas da limpeza interior da alma e do sincero arrependimento dos próprios pecados” (Idem, 16). Além da penitência interior, somos convidados também à penitência exterior, para sujeitar o corpo ao comando da reta razão e da fé e para expiar as nossas próprias culpas e as do próximo. Além disso, Santo Agostinho insiste na necessidade da penitência unida à caridade: “Não basta melhorar a própria conduta e deixar de fazer o mal, se também não se dá satisfação a Deus pelas culpas cometidas, por meio da dor da penitência, dos gemidos da humildade, do sacrifício do coração contrito, juntamente com as esmolas” (Idem, 17).

A primeira penitência exterior que devemos fazer é a de aceitar de Deus, com ânimo resignado e confiante, todas as dores e sofrimentos com os quais nos deparamos durante a vida, tudo o que importa fadiga e incômodo para o exato cumprimento das obrigações do nosso estado, no nosso trabalho cotidiano e no exercício das virtudes cristãs. Além das penitências que enfrentamos pelas dores inevitáveis desta vida mortal, é necessário que sejamos generosos a ponto de oferecer a Deus mortificações voluntárias (jejuns, abstinências, penitências), à imitação de Jesus Cristo (cf. 1 Pd 4, 1).

Em nossa busca por corresponder aos ensinamentos da Igreja e aos apelos da Mensagem de Fátima na vivência da penitência, contemos com a providência de Deus e o auxílio da Virgem Maria. Renunciemos aos prazeres terrenos, que contagiam e enfraquecem as energias mais nobres do espírito. Pois, este modo de viver desregrado na maioria das vezes desencadeia as paixões mais baixas e leva a grave perigo a nossa salvação eterna. Peçamos a Virgem Maria um coração penitente, que acolha com ânimo confiante os sofrimentos da vida, e nos ofereçamos, à imitação de Jesus Cristo, em sacrifício a Deus. Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!

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