Saiba o que significa o mistério da inabitação da trinitária e em que este conhecimento pode nos ajudar em nossa vida espiritual.
Na última aula do curso “Ensina-nos a orar”, Padre Paulo Ricardo nos explica o que é o mistério da inabitação da Santíssima Trindade através da experiência mística de Santa Elisabete da Trindade. Também conhecida como Santa Isabel da Trindade, esta monja carmelita foi canonizada recentemente pelo Papa Francisco. Conhecer a experiência de fé desta Santa nos ajudará a contemplar esse mistério sublime da Santíssima Trindade em nós, o que favorecerá muito em nossa vida de oração.
Ao chegarmos ao final do nosso pequeno curso “Ensina-nos a orar”, é importante meditar sobre o grande mistério da inabitação, para não perdermos de vista a presença de Deus em nossas vidas. No site padrepauloricardo.org, nós tivemos há três meses um programa ao vivo a respeito de Santa Elisabete da Trindade. Recordar esta Santa é importante por que ela nos ensina verdadeiramente aquilo que é o mais importante na vida de oração: a Presença interior.
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A descoberta do mistério da inabitação
Santa Elisabete da Trindade – quando ainda era jovem e ainda estava fora do Carmelo – confidenciou a uma das suas amigas: “É que eu me sinto habitada, eu sinto como se alguém habitasse dentro de mim”. Até que um dia, numa conversa com o Padre Vallée, Frei Dominicano, ele explicou para ela o mistério da inabitação, da presença da Santíssima Trindade em nossas almas. E então, quando o frade lhe explicou isso, ela confidencia, que a vontade que dava era de mandar ele calar a boca, para que ele não atrapalhasse mais aquela conversa maravilhosa que estava dentro dela.
A santidade não está longe de nós
Nós somos habitados por Deus. Nós precisamos entender que a comunhão com Deus que nós pretendemos alcançar com a santidade, não está longe de nós. Jesus ressuscitado já está dentro de nós, lá na sétima morada. Somos nós que não estamos lá, somos nós que estamos fora de nós mesmos. Então, na nossa vida de oração, nós precisamos pedir a Ele: “Senhor, retirai os obstáculos, para que eu possa sempre me encontrar Convosco. Fazei, Senhor, com que eu me encontre sempre com a vossa Presença – com a presença do Pai e do Filho e do Espírito Santo – lá naquele mesmo lugar onde Vós tocais em mim na hora que eu comungo”. Sim, é isso que precisamos fazer.
A solidão como esquecimento de Deus
Em cada oração que vamos fazer, procuremos reencontrar Jesus lá naquele lugar onde Ele nos toca na hora da comunhão. Não estamos sozinhos, não estamos sozinhos nunca. Na verdade, se estivermos com um sentimento de solidão, saibamos que esse é uma mentira. No fundo, no fundo, não estamos sozinhos. Nós somente estamos esquecidos. Porque o pecado é um estado de esquecimento, é o estado em que nos esquecemos da Presença amorosa e benfazeja que está dentro de nós. Ao invés de nos encontrar com Deus que está no interior, no íntimo da nossa alma, ficamos saracoteando nas lonjuras, longe de nós mesmos.
O encontro com Aquele que está dentro de nós
O curso “Ensina-nos a orar”, no fundo, no fundo, quer fazer com que nos encontremos com aquilo que somos chamados a ser, com nossa vocação à santidade. Sejamos santos! É isto que Deus quer de nós. Assim, vamos então rezar, nos encontrar com Aquele que está dentro de nós. Não estamos com saudade de nós mesmos? Não estamos com saudade Daquele que habita o interior do nosso coração? Que Ele nos una cada vez mais, entre nós, e então, quando formos mais santos, quando formos mais configurados ao Cristo, poderemos dizer como Santa Teresa d’Ávila: “Finalmente, somos filhos da Igreja”.
Oração de Santa Elisabete a Santíssima Trindade
Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para me estabelecer em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivera na eternidade; que nada me possa perturbar a paz nem arrancar-me de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me transporte mais profundamente em Vosso Mistério!
Pacificai minha alma; fazei dela o Vosso Céu, Vossa morada querida e o lugar de Vosso repouso; que eu não Vos deixe jamais só; mas fique toda inteira Convosco, toda atenta em minha fé, em atitude de adoração e entregue inteiramente a Vossa ação criadora.
Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quanto desejaria ser uma esposa para Vosso coração; quanto desejaria cobrir-Vos de glória, quanto desejaria amar-Vos… Até morrer!… Mas sinto minha impotência e, por isso, peço-Vos revesti-me de Vós mesmo, identificai minha alma com todos os movimentos da Vossa. Submergi-me, penetrai-me, substitui-Vos a mim, a fim de que minha vida não seja senão uma irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador, como Salvador.
Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero ser inteiramente dócil, para aprender tudo de Vós; e depois, através de todas as noites, de todos os vácuos, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fitos em Vós e ficar sob Vossa grande Luz. Ó meu Astro querido, fascinai-me a fim de que eu não possa mais sair dos Vossos raios.
Ó fogo devorador, Espírito de Amor, vinde a mim para que em mim se opere uma como encarnação do Verbo; que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove o seu Mistério.
E Vós, ó Pai, inclinai-Vos sobre vossa pobre criatura, cobri-a com Vossa sombra, vede nela somente o Vosso Bem-Amado no qual pusestes todas as vossas complacências.
Ó meus “Três”, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão Infinita, Imensidade em que me perco, eu me entrego a Vós qual uma presa, sepultai-Vos em mim, para que eu me sepulte em Vós, na esperança de ir contemplar em Vossa Luz o abismo de Vossa grandeza.
Santa Elisabete da Trindade, rogai por nós!
Fonte: PADRE PAULO RICARDO. O mistério da inabitação.
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