O primeiro passo para começar a rezar

Descubra qual é o primeiro passo para começara a rezar e como prosseguir nesse caminho de encontro com Deus.

Na segunda aula do curso “Ensina-nos a orar”, Padre Paulo Ricardo nos ensina o primeiro passo para a nossa oração pessoal, a partir das Sagradas Escrituras. O tema é aprofundado com os ensinamentos de Santa Teresa de Jesus, doutora da Igreja e grande mestra de oração. Na sua escola, veremos como a oração é um encontro da nossa miséria com a misericórdia de Deus.

Descubra qual é o primeiro passo para começara a rezar e como prosseguir nesse caminho de encontro com Deus.

Santa Teresa d’Ávila

Em primeiro lugar, antes da oração vocal, é necessário recolhimento, ou seja, colocar-nos na presença de Deus. Para isso, precisamos encontrar-nos primeiramente conosco mesmos e conscientizar-nos das nossas misérias, das nossas fraquezas. Conscientes de nossas misérias, podemos colocar-nos diante da misericórdia de Deus. No entanto, este encontro, da nossa miséria com a Misericórdia, não acontece automaticamente. Pois, justamente por causa de nossas fraquezas, temos a tendência de nos dispersar, o que nos faz abandonar inconscientemente a oração. Sendo assim, a partir desse conhecimento de nós mesmos, podemos aprender a rezar com mais profundidade.

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O encontro com Deus e a oração vocal

Qual é o primeiro passo que devemos dar para rezar? A oração é um encontro, então, em primeiríssimo lugar, é necessário que haja duas presenças: a nossa e a de Deus. É isto que Jesus nos explica, no Evangelho de São Mateus, depois de ensinar o Pai-nosso, quando diz: “Tu, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está no escondido” (Mt 6, 6). “Ora Patrem tuum in abscondito”, ou seja, rezemos a Deus, falemos com Ele, no segredo, na intimidade, neste recolhimento, onde nos encontramos com Ele.

O problema é que muitas vezes nós achamos que rezar é simplesmente mexer os lábios, mas isso, Santa Teresa d’Ávila diz, no seu livro das Moradas, que não considera nem sequer oração. Uma oração que é meramente vocal, não é oração. O primeiro tipo de oração, a dos iniciantes, é aquela oração que Jesus ensinou, o Pai-nosso, ou seja, uma oração vocal, algo que nós recitamos, que nós dizemos a Deus. Mas, antes mesmo de abrir os nossos lábios, precisamos colocar-nos diante d’Ele. Santa Teresa dá alguns conselhos muitos importantes, quando nos lembra, no livro “Caminho de Perfeição”, que fazendo bem-feita a oração vocal, estamos nos preparando para a oração mental, que é mais elevada1.

O encontro da miséria com a Misericórdia

Santa Teresa ensina-nos que devemos começar nossa oração com um exame de consciência. Com a palavra exame de consciência, Santa Teresa está nos dizendo para encontrar-nos conosco mesmos. A dificuldade de encontrar-nos com Deus está exatamente nisto. Não queremos encontrar-nos conosco mesmos, pois é doloroso. Por isso, a primeira coisa é perguntar-nos como estamos. Comecemos com o físico. Estamos agitados, cansados, com sono, com raiva, dispersos, como é que nos encontramos? Então, uma vez que nos encontramos com nosso corpo, mergulhamos mais profundamente e vejamos as nossas misérias. Coloquemos a nossa pobreza diante de Deus. Coloquemos a nossa miséria e nos encontremos com a Misericórdia. A oração inicialmente é isso, é o encontro de nossa miséria com a misericórdia de Deus.

Assista ou ouça aula do Padre Paulo Ricardo sobre “O primeiro passo para começar a rezar”:

A advertência da presença de Deus

A este respeito, Santa Teresa diz: “Procurai logo, filhas, pois estais sós, arranjar companhia”, ou seja, invoquemos a presença de Deus. Ela diz isso, dando conselhos muito práticos: “E que melhor que a do mesmo Mestre que ensinou a oração que ides rezar?”2 Aqui, então, ela diz: “Representai”, essa é a tradução correta. Nas Obras Completas, em português, está traduzido assim: “fazei de conta que tendes o Senhor junto de vós”, mas não é isso que Santa Teresa diz no original, em espanhol. No original, ela diz: “Representad al mismo Señor junto con vos”, ou seja, representar quer dizer trazer à presença Dele. Sim, e então, se temos consciência desta Presença, estamos realmente começando a rezar. A todo momento, Santa Teresa nos diz que a oração tem que ter consideração, ou seja, reflexão, esta advertência da Presença divina.

Se temos diante de nós esta Presença, já começamos a rezar, mesmo que ainda estejamos com os lábios fechados. Já estamos diante desse encontro. A nossa presença e a presença Dele. A miséria que se encontra com a Misericórdia. Às vezes quando, quando fazemos longas orações, como a Liturgia das Horas ou a Santa Missa, temos longas recitações de orações vocais, por isso, nem sempre conseguimos ficar atentos a todas as palavras, mas se tivermos essa advertência, ou seja, esta presença do Cristo, conscientes que Ele está conosco, então estamos rezando. O que importa, é este encontro. São duas presenças: a nossa e a Dele. A miséria, que se encontra com a Misericórdia.

O primeiro passo para começar a oração

Assim, a oração é um encontro com uma pessoa, com o próprio Deus. Por isso, o primeiro passo para começar a rezar é nos colocar diante da Pessoa, estar a sós com Quem queremos tratar. Dessa forma, estaremos prontos para a oração vocal, a oração dos principiantes, mas que não devemos negligenciar. Pois, nem mesmo os grandes mestres da oração abandonaram o Santo Rosário ou a Liturgia das Horas sob o pretexto de uma oração mais elevada.

Quando nos colocamos diante de Deus para a oração, é necessário estar por inteiro, de corpo, alma e espírito. Devemos primeiramente colocar diante de Deus o nosso físico, os nossos pensamentos, sentimentos, preocupações. Somente depois expomos nossas misérias, fraquezas, sofrimentos e dificuldades, diante da infinita misericórdia de Deus. Este encontro da nossa miséria com a Misericórdia é o início da verdadeira oração.

Por fim, durante a oração, não esqueçamos que temos diante de nós uma Pessoa divina. Por isso, a todo momento, tenhamos a advertência de que não estamos sós, mas diante de uma Presença. Em todas as nossas orações, temos sempre duas presenças: a nossa miséria, que se encontra com a Misericórdia divina.

Santa Teresa d’Ávila, rogai por nós!

Transcrição e adaptação: Natalino Ueda, escravo inútil de Jesus em Maria.

Links relacionados:

TODO DE MARIA. Mudar de vida com o Projeto Segunda Morada.

TODO DE MARIA. Padre Paulo Ricardo ensina-nos a orar.

TODO DE MARIA.Purificar: inteligência, memória e vontade.

Referências:

1 Cf. SANTA TERESA D’ÁVILA. Caminho de Perfeição, c. 26.

2 Idem, ibidem.

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