Por que nos consagrar pelo método de São Luís Maria?

Conheçamos algumas razões para nos consagrar a Nossa Senhora pelo método do livro: “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, de São Luís Maria.

Neste artigo, responderemos as dúvidas de Luís Eduardo de Souza quanto aos motivos pelos quais devemos nos consagrar a Jesus Cristo e a Virgem Maria pelo método de São Luís Maria Grignion de Montfort. Ele deixou sua mariologia mais acabada no livro: “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, que é um caminho de salvação ao alcance de todos, especialmente dos mais pequeninos, aos quais pertence o Reino dos Céus (cf. Mc 10, 14; Mt 19, 14).

Conheçamos algumas razões para nos consagrar a Nossa Senhora pelo método do livro: “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, de São Luís Maria.

Imaculado Coração de Maria

Segue abaixo as perguntas do Luís Eduardo e, em seguida, as respostas:

Muitas pessoas me perguntam o porquê de me consagrar a Jesus por meio de Maria ou, muitas vezes, porque eu tenho que fazer esta consagração pelo método de São Luís? Eles dizem assim para mim: quando eu faço aquela consagração simples: “Eu consagro os meus olhos, os meus pensamentos…” eu já não estou me consagrando a Nossa Senhora? Ou quando eu faço uma oração simples ou de coração, eu não sou consagrado a Nossa Senhora?

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Por que devemos nos consagrar a Jesus pelas mãos de Maria?

São Luís Maria ensina que: “A conduta das três pessoas da Santíssima Trindade, na encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, é a mesma de todos os dias, de um modo visível, na Igreja, e esse procedimento há de perdurar até à consumação dos séculos, na última vinda de Cristo” [1]. Em outras palavras, Deus quis servir-se de Maria na Encarnação e, de modo semelhante, Ele quer servir-se dela na santificação das nossas almas.

Esse processo de santificação, de configuração a Jesus Cristo, segundo o Santo, se dá de modo mais perfeito e eficaz através da consagração a Santíssima Virgem:

A mais perfeita devoção é aquela pela qual nos conformamos, unimos e consagramos mais perfeitamente a Jesus Cristo, pois toda a nossa perfeição consiste em sermos conformados, unidos e consagrados a ele. Ora, pois que Maria é, de todas as criaturas, a mais conforme a Jesus Cristo, segue daí que, de todas as devoções, a que mais consagra e conforma uma alma a Nosso Senhor é a devoção à Santíssima Virgem, sua santa Mãe, e que, quanto mais uma alma se consagrar a Maria, mais consagrada estará a Jesus Cristo[2].

Montfort nos recorda que, “antes do batismo, o demônio nos possuía como escravos e o batismo nos transformou em escravos de Jesus Cristo…”[3]. Sendo assim, se tudo o que convém a Deus pela natureza, convém a Maria pela graça, conforme o ensinamento dos santos, consequentemente ambos têm os mesmos súditos, servos e escravos[4]. Desse modo, a consagração a Nossa Senhora é a forma mais perfeita e completa de consagração a Jesus Cristo, ou seja, uma perfeita renovação dos votos e promessas do santo batismo.

A recitação de uma simples oração de consagração é válida?

Quando fazemos aquela conhecida oração de consagração: “Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a vós…” ou outra semelhante nós já nos consagramos a Nossa Senhora. Quando fazemos uma oração de consagração espontânea ou de coração, também nos consagramos a ela.

Na verdade, todo católico consagrou-se a Jesus Cristo e, de certo modo, a Virgem Maria, no dia do seu batizado, ainda que não o tenha feito de modo expresso. No entanto, na consagração fazemos algo mais. Se no batismo falamos geralmente pela boca de outros, do padrinho ou da madrinha, nesta devoção o fazemos por nós mesmos, livre e voluntariamente, com conhecimento de causa. Nesse sentido, ainda que sejamos batizados na vida adulta, geralmente não nos é ensinado que, como batizados, seremos consagrados a Jesus Cristo como escravos, por amor.

O que diferencia a consagração pelo método de São Luís Maria dos outros métodos de consagração é que, por ele, voluntariamente e com conhecimento de causa, entregamos: o nosso corpo, com todos os seus membros e sentidos; a nossa alma com todas as suas potências; os nossos bens exteriores ou materiais, presentes e futuros; os nossos bens interiores e espirituais, que são nossos méritos, nossas virtudes e nossas boas obras passadas, presentes e futuras. São Luís Maria vai ainda mais longe ao falar sobre o significado dessa entrega total:

Numa palavra, tudo que temos na ordem da natureza e na ordem da graça, e tudo que, no porvir, poderemos ter na ordem da natureza, da graça e da glória, e isto sem nenhuma reserva, sem a reserva sequer de um real, de um cabelo, da menor boa ação, para toda a eternidade, sem pretender e nem esperar a mínima recompensa de sua oferenda e de seu serviço, a não ser a honra de pertencer a Jesus Cristo por ela e nela, mesmo que esta amável Senhora não fosse, como é sempre, a mais liberal e reconhecida das criaturas[5].

Portanto, até mesmo uma simples oração espontânea pode nos consagrar a Jesus Cristo e a Virgem Maria. No entanto, o nível de entrega, a profundidade espiritual, varia conforme a intenção que temos e o conhecimento de causa daquilo que fazemos. Nesse sentido, podemos dizer que, entre as várias formas de consagração, o método de São Luís Maria é o que nos consagra de modo mais perfeito a Jesus Cristo e a Santíssima Virgem.

Por que fazer a consagração pelo método de São Luís Maria?

O método de consagração de São Luís Maria não é novo nem mesmo original. Foi o próprio Jesus Cristo que, aos pés da cruz, como que num testamento espiritual, confiou-nos à sua Mãe Santíssima e quis que nos confiássemos a ela (cf. Jo 19, 25-27). A partir deste fato, desde os primórdios da Igreja, os cristãos eram formados para entregar-se inteiramente aos cuidados da Virgem Maria. A partir disso, homens sábios e santos a desenvolveram e a formularam a teologia, mais especificamente a mariologia, dessa entrega a Jesus por Maria.

No final do século XVII, São Luís de Montfort tem contato com a doutrina mariológica da consagração existente na época, à qual acrescentou algumas contribuições importantes. Essa mariologia de São Luís nos ajuda a compreender com mais profundidade a consagração e a sua importância em nossas vidas. No seu livro: “O Segredo de Maria”, temos como que um esboço de suas formulações sobre a consagração. Em 1712, o Santo desenvolveu e formulou, a partir de elementos já existentes, o seu método definitivo de consagração, que nos foi transmitido no “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”.

O método de São Luís Maria é o resultado de uma mariologia sólida, desenvolvida através dos séculos, que teve a sua formulação final inspirada pelo Espírito Santo para os tempos difíceis que viriam.

Este método foi testado e aprovado pelos fiéis da Igreja Católica nos últimos três séculos. Nesse período, muitos santos se consagraram a Santíssima Virgem pelo método de São Luís Maria. Dentre eles, citamos: Santa Teresinha do Menino Jesus, São João Bosco, São Pio de Pietrelcina e São João Paulo II. Este último, o mais ilustre e recente deles, foi o maior propagador da consagração a Jesus por Maria dos últimos tempos.

O método de São Luís é seguro, pois foi testado na vida dos santos e aprovado pela Igreja. Sendo assim, se queremos trilhar esse caminho seguro de santificação, nos consagremos por esse método, inspirado por Deus aos seus santos.

Este foi mais um artigo da categoria “Perguntas e Respostas” do blog Todo de Maria. Envie suas perguntas, para que possamos respondê-las em nossos próximos artigos.

Links relacionados:

PADRE PAULO RICARDO. Consagração Total a Nossa Senhora.
TODO DE MARIA. A consagração a Maria passo a passo.
TODO DE MARIA. Quem está em estado de pecado pode se consagrar?
TODO DE MARIA. Quem pode fazer a consagração a Maria?

Referências:


[1]  SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, 22.
[2]  Idem, 120.
[3]  Idem, 68.
[4]  Cf. idem, 74. Oportebat… Dei Matrem ea quae Filii essent possidere (São João Damasceno, Sermo 2 in Dormitione B. M.).
[5]  Idem, 121.

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