Por que pedir o conhecimento de Maria?

A consagração, ou escravidão de amor, tem como exigência pedir o conhecimento da Virgem Maria.

Por que pedir o conhecimento de Maria

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Na segunda semana de preparação para a consagração, pedimos como intenção de nossas orações e boas obras o conhecimento da Santíssima Virgem Maria1. Mas, se o fim último da consagração é Nosso Senhor Jesus Cristo2, por que precisamos conhecer Nossa Senhora? O conhecimento de Maria Santíssima é necessário, especialmente a nós que somos consagrados ou queremos nos consagrar, porque ela tem sido insuficientemente conhecida até agora e esta é uma das razões pelas quais Jesus Cristo não é conhecido como deve ser. O conhecimento e o Reino de Jesus Cristo se estabelecerão no mundo como consequência necessária do conhecimento e do Reino da Virgem Maria. Pois, Nossa Senhora deu Jesus Cristo ao mundo na sua primeira vinda, e há de fazê-Lo resplandecer também segunda3. Mas, o que é este conhecimento da Mãe de Deus? Como conhecer o mistério da Santíssima Virgem?

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O conhecimento da Virgem Maria, em primeiro lugar, é um conhecimento teológico, um conhecimento racional de Deus e de Maria à luz da fé, adquirido através da nossa inteligência em contato com os escritos sobre a Mãe de Deus, com o auxílio do Espírito Santo. Por isso, torna-se fundamental nesta semana nos voltarmos para alguns textos do “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort. O primeiro texto que recomendamos a releitura é a Introdução do livro, que versa sobre Maria no desígnio de Deus4. Para maior conhecimento da Virgem Maria, também será muito proveitoso reler algumas partes do Tratado: Capítulo Primeiro, Artigo Primeiro, sobre o desígnio de Deus para a Virgem de Nazaré na Encarnação do Filho de Deus e na salvação das nossas almas5 e Artigo Segundo, que diz da necessidade da consagração a Nossa Senhora para a nossa salvação6; Capítulo Quinto, no seu Artigo Terceiro, sobre o auxílio materno da Virgem Maria aos seus verdadeiros devotos7; Capítulo Sexto, Artigo Segundo, a respeito do amor e dos cuidados de Maria para com seus consagrados8. Estes textos podem ser estudados separadamente e também lidos e meditados antes das orações preparatórias desta segunda semana9.

Além de intelectual e teológico, o conhecimento de Maria está também relacionado com a experiência. Pois, “conhecer”, do hebraico yada, na linguagem bíblica, significa conhecimento intelectual, mas também experiência concreta, como a experiência do sofrimento10, do pecado11, da guerra e da paz12. Desta experiência, no sentido concreto, deriva também o juízo moral a respeito do “conhecimento do bem e do mal”13. Além disso, o “conhecimento” entra no campo das relações interpessoais quando diz respeito à solidariedade familiar14 e especialmente às relações conjugais15. “Mesmo em referência ao ato conjugal, o termo sublinha a paternidade de ilustres personalidades e a origem da prole das mesmas16, como dados de importância para a genealogia, a que a tradição dos sacerdotes (hereditários em Israel) dava grande importância”17. Entretanto, o “conhecimento” podia significar também todas as outras relações sexuais, mesmo as ilícitas18. Na forma negativa, o verbo conhecer denota a abstenção das relações sexuais, especialmente no caso das virgens consagradas19. Neste sentido, o Novo Testamento usa desse verbo para dizer da virgindade de Maria de Nazaré20.

Assista programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Devoção à Santíssima Virgem Maria“: 

Ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Devoção à Santíssima Virgem Maria”:  

A relação pessoal e existencial do conhecimento adquire um significado especial quando o sujeito ou o objeto dele é o próprio Deus21. Nesse sentido, podemos dizer que o conhecimento também adquire um significado especial em nossa experiência pessoal com a Mãe de Deus, pois é “necessário que Maria seja conhecida mais do que nunca, para maior conhecimento e glória da Santíssima Trindade”22. Isso significa que o conhecimento da Virgem Maria nos leva a uma maior conhecimento de Deus, no sentido de uma experiência mais profunda, e consequentemente à maior glorificação do Senhor. São Luís Mariz ensina que “tendo Deus querido começar e acabar as suas maiores obras pela Virgem Santíssima depois de a formar, digo que é de crer que não mudará de procedimento em todos os séculos23. Ele é Deus e não muda nem nos Seus sentimentos nem na sua conduta”24. Por isso, o Filho de Deus, que encarnou-Se e deu-Se a conhecer pela Virgem de Nazaré aos primeiros cristãos, continua a dar-Se a conhecer através da sua Mãe Santíssima.

Assim, se queremos maior conhecimento e glória de Jesus Cristo, do Pai e do Espírito Santo, nos esforcemos em conhecer a Virgem Maria. Apliquemos as nossas orações e boas obras, especialmente nesta segunda semana de preparação para a consagração ou renovação, para um conhecimento mais profundo de Nossa Senhora. Além disso, podemos ler e meditar os textos do Tratado de São Luís Maria. Mas, não nos contentemos com um conhecimento meramente intelectual da Santíssima Virgem. Abramos a nossa mente, mas também o nosso coração, para que a Virgem Maria nos comunique a sua alma e o seu Espírito25 e a conheçamos verdadeiramente, façamos uma experiência verdadeira e profunda com a Mãe de Deus. Pois, através desta experiência mais profunda com Nossa Senhora, faremos também uma experiência mais profunda com Jesus Cristo, nosso único Senhor e Redentor. Virgem Maria, Mãe da Igreja, rogai por nós!

Informações: as orações preparatórias desta segunda semana, para quem faz sua consagração no dia 12 de Dezembro, começam 30 de Novembro e terminam dia 5 de Dezembro. Convidamos todos os que fazem ou renovam sua consagração neste dia 12, ou em data próxima, a participar da 5ª Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria. Para fazer sua inscrição basta enviar os seus dados, preenchendo o formulário até o dia 09 de Dezembro de 2014. Os nomes dos participantes desta Campanha serão oferecidos dia 12 de Dezembro, na Santa Missa que será presidida pelo Padre Paulo Ricardo em Cuiabá (MT).

Referências:

1 Cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 229.

2 Idem, 61.

3 Idem,13.

4 Idem,1-13.

5 Idem,16-36.

6 Idem,37-50.

7 Idem,144-150.

8 Idem, 201-212.

9 Cf. idem, 229.

10 Cf. Is 53, 3.

11 Sb 3, 13.

12 Cf. Jz 3, 1; Is 59, 8.

13 Gn 2, 9-17.

14 Cf. Dt 33, 9.

15 Cf. Gn 4, 1.

16 Cf. Gn 4, 1.25; 4, 17; 1 Sm 1, 19.

18 Cf. Nm 31, 17; Gn 19, 5; Jz 19, 22.

19 Cf. 1 Rs 2, 4; Jz 11, 39.

20 Cf. Lc 1, 34.

21 Cf. Sl 139; Jr 31, 34; Os 2, 22; Jo 14, 7-9; 17, 3.

22 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 50.

23 Cf. Rm 11, 29.

24 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 15.

25 Idem,217.

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