Qual é o sentido dos nossos sofrimentos?

“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita” (Lc 13, 24).

Jesus disse: "Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo" (Jo 10, 9).Jesus estava a caminho de Jerusalém quando uma pessoa lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” (Lc 13, 23). A esta pergunta, Ele respondeu: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita” (Lc 13, 24). O Mestre chama atenção dessa pessoa para a realidade da salvação, que passa por essa porta estreita. Aquela pessoa provavelmente estava com a mentalidade da maioria dos judeus daquele tempo, que esperava um “messias” que transformaria a realidade como num passe de mágica.

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Como naquele tempo, hoje também existem pessoas que esperam um “messias” salvador, que pode nos dar riquezas, poder, tantas outras realidades que podem afastar o homem da sua verdadeira identidade. Deus veio ao mundo para revelar o homem a si mesmo, pois ele ainda é um desconhecido para muitos. Este Deus se fez homem em Jesus Cristo, para revelar o homem ao próprio homem (Carta Encíclica Redemptor Hominis, 11), para mostrar-lhe a sua verdadeira identidade, já manifestada desde a criação. Somos imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26), criados por Ele e, em Cristo, nos tornamos filhos do Pai (cf. Gl 3, 26), que está nos Céus.

Jesus veio ao mundo para dar ao homem respostas para os seus sofrimentos, para nos mostrar que a salvação passa pela porta estreita, pela qual todo gênero humano é chamado a passar. No mistério do sofrimento, da paixão e morte de Cristo, somos chamados a contemplar o mistério da salvação por Ele realizado. Da mesma forma, no mistério do nosso sofrimento, que está associado à paixão de Cristo, somos chamados também a contemplar o mistério da nossa salvação.

Jesus Cristo veio ao mundo e abraçou a pobreza e os sofrimentos para dar um novo sentido a estes. Naquele tempo, para os judeus, a riqueza e o bem estar eram considerados como benção de Deus. Já os sofrimentos, eram considerados como consequência do pecado praticado por aqueles que sofrem. Assumindo as realidades da pobreza e do sofrimento, Jesus nos revela o caráter redentor das vicissitudes humanas. Unindo nossos sofrimentos aos de Cristo, o homem pode participar da obra da salvação da humanidade, já realizada por Ele no Calvário.

A porta estreita, marcada pelas dificuldades e sofrimentos, em Cristo torna-se uma porta larga, aberta a acolher muitas pessoas para o Seu Reino. Jesus é a porta (cf. Jo 10, 9), pela qual alcançamos a salvação. Por isso, somos chamados a acolher os sofrimentos e oferecê-los a Deus. Como a Virgem Maria, guardemos todas as coisas em nosso coração (cf. Lc 2, 19), principalmente os momentos de incerteza que vivemos neste mundo. Peçamos a ela a graça da fidelidade a Cristo e à Igreja, para que perseveremos nos sofrimentos e entremos pela porta estreita, que se torna larga quando nos aproximamos de Cristo e do Reino dos Céus.

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