São José, Pai de Jesus Cristo e Esposo da Virgem Maria, recebe na Igreja um culto de especial veneração devido aos singulares e sublimes privilégios que o adornaram.
O culto ao glorioso São José está intimamente com os privilégios de Pai de Jesus Cristo e Esposo da Santíssima Virgem Maria. São José foi o mais santo, o mais ilustre e o mais perfeito homem que o mundo já viu, é a criatura mais perfeita saída das mãos de Deus, depois da Santíssima Virgem. O mundo não o conhece e a história e não registra seus feitos heroicos. Até mesmo as Sagradas Escrituras pouco falam do humilde Carpinteiro, pai de Jesus Cristo (cf. Mt 13, 55). Entretanto, o mundo não viu homem maior, nem criatura mais perfeita. Acima de São José, só Jesus Cristo, o próprio Filho de Deus, e sua Mãe, Maria Santíssima. Abaixo dele estão todos os homens, desde os maiores patriarcas e profetas da Antiga Aliança (cf. Ex 19, 1ss), aos maiores santos da Nova Aliança (cf. Mt 26, 17-35). Criatura singular e privilegiada, São José foi Pai adotivo de Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor, e Esposo castíssimo da Virgem Maria, Mãe de Deus! Depois, da maternidade divina, não há dignidade maior dada a uma simples criatura.
O Santo Patriarca foi predestinado por Deus para participar de modo especialíssimo no mistério da Encarnação do Verbo. O Arcanjo São Gabriel, foi enviado “a uma virgem desposada com um varão que se chamava José – ad virginem desponsatam viro ciu nomen erat Joséph” (Lc 1, 27). Estas simples palavras do Evangelho Lucano definem São José, sua missão no mistério da salvação dos homens e os singulares e sublimes privilégios que o adornaram. São José era o esposo virginal de Nossa Senhora, a Mãe do Verbo de Deus encarnado, e o Pai adotivo, o guarda, o sustentáculo de Jesus Cristo, o Salvador do mundo. Por isso, a Santa Igreja chama São José de Pai do Pai de todas as criaturas, de amparo de quem ampara o Universo, de senhor e governador do Senhor dos senhores, do Rei dos reis (cf. Ap 19, 16).
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São José, Pai adotivo de Jesus Cristo
“A maior glória de São José, a mais rica pérola do seu diadema, o título e privilégio que o faz o maior dos Santos é o de Pai do Filho de Deus humanado”[1]. Todos os Santos se gloriam de serem chamados servos de Deus, servos de Jesus Cristo. Mas, somente São José foi chamado Pai do Salvador, Pai de Jesus Cristo. Entre os títulos de glória do Santo Patriarca, este é, sem dúvida, o maior.
Os judeus tinham São José por pai de Jesus Cristo. Ele estava na idade de trinta anos e todos O tinham por filho de José (cf. Jo 6, 42). Desse modo diziam e julgavam, pois ignoravam o adorável mistério da Encarnação do Verbo. Os judeus tinham Jesus por filho de José, pois julgavam ter Ele nascido como os demais homens. No entanto, não somente os ignorantes desse Mistério chamavam José de Pai de Jesus. Os próprios Evangelistas, que conheceram e narraram o mistério da Encarnação do Verbo de Deus, também chamavam José de Pai de Jesus. Na Apresentação de Jesus no templo de Jerusalém, disseram de José e Maria: “Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam” (Lc 2, 33). A respeito da perda e encontro de Jesus no Templo, está escrito: “Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa” (Lc 2, 41); “Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o menino Jesus em Jerusalém, sem que os seus pais o percebessem” (Lc 2, 43); e ao encontrar Jesus no Templo, Nossa Senhora lhe diz: “Eis que teu pai e eu andávamos à tua procura, cheios de aflição” (Lc 2, 43).
No Evangelho, São José sempre é considerado e chamado de Pai de Jesus. O Filho de Deus mil vezes chamou José de Pai, e a ele esteve sujeito e obediente por trinta anos (cf. Lc 2, 51). O Santo Patriarca é e deve ser chamado de Pai de Jesus, Pai virginal, mas não Pai carnal e segundo a geração humana, porque Maria Imaculada concebeu, e foi Mãe de Jesus por obra e graça do Espírito Santo (cf. Lc 1, 35). “São José é a sombra do Eterno Pai, a imagem do Pai de quem procede o Filho, Jesus Cristo”[2]. Sendo assim, não devia José ser chamado Pai de Jesus? São José foi Pai putativo, genealógico, jurídico ou legal, adotivo, eletivo, nutrício, virginal, afetivo e de ofício de Jesus Cristo. Eis a sua maior glória: ser Pai de Jesus.
São José, esposo da Virgem Maria
O glorioso São José foi verdadeiro e legítimo esposo de Maria Santíssima, de um matrimônio perfeitamente virginal, maravilhosamente fiel, milagrosa e infinitamente fecundo. Quando Deus criou o homem, no Paraíso terrestre, deu-lhe uma companheira em tudo a ele semelhante – Adjutorium símile sibi (cf. Gn 2, 18). Pois, a esposa devia ser, em tudo, semelhante ao esposo. “Para remir e salvar o mundo, obra maior e mais estupenda que a criação, Deus também quis associar a esta obra um homem e uma mulher. E formou São José semelhante a Maria”[3].
São José foi formado à semelhança da Virgem Maria, sua esposa, escreveu São Bernardo. José e Maria foram verdadeiros esposos, sempre unidos e semelhantes. Ambos eram da estirpe de Davi, da mesma condição de pobreza, unidos pelo mais casto e santo amor, e inseparáveis. José foi esposo de Maria para que convenientemente viesse ao mundo o Verbo de Deus encarnado. Pois, o Filho de Deus havia de nascer não somente de uma virgem, mas de uma Virgem desposada (cf. Lc 1, 27). São José foi este Esposo predestinado e singular.
São José, diz São Gregário Nazianzeno, foi considerado digno e aptíssimo para ser esposo de Nossa Senhora. Esta doutrina, confirmam as autoridades de Santo Tomás de Aquino, Gerson, A. Lapide. “O céu, escreve D. Gueranger no seu L’Année Liturgique, escolheu a São José como o único digno de um tal tesouro: — Maria. Para ser esposo da Mãe de Deus, que pureza e que santidade não havia de ter São José!”[4]. Se Deus escolheu São José para esta singular e especialíssima missão, é que realmente ele foi o mais digno entre os homens e o mais semelhante a Virgem de Nazaré, sua santíssima esposa, a mais perfeita das criaturas.
Assista programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Solenidade de São José, esposo de Nossa Senhora”:
O culto especial a São José na Igreja Católica
Na Igreja Católica, há três espécies de culto: latria ou adoração, devido somente a Deus; hiperdulia, especial culto de veneração tributado somente a Virgem Maria, Mãe de Deus, Rainha dos Anjos e dos Santos; dulia ou veneração, o culto prestado aos demais santos.
O culto de veneração a São José não é comparável ao devido a Virgem Maria, por ser ela nossa Mãe Santíssima e também Mãe de Deus. Entretanto, o culto a São José não pode ser igual ao dos demais santos, visto ser ele o maior de todos os santos e singular entre todos, pelos privilégios que recebeu.
A Santa Igreja celebra a Solenidade de São José de modo singular em sua Liturgia com honras sumas e sumos louvores, dizia o Papa Pio IX. Estas expressões se repetem em vários documentos da Igreja. Por isso, o culto a São José costuma ser chamado de suma dulia, ou protodulia, que significa um culto de veneração superior ao devido aos santos: dulia, e abaixo do prestado a Virgem Maria: hiperdulia.
Esse culto de suma dulia foi promulgado pelo Papa Pio IX – que decretou os dogmas da Imaculada Conceição e da infalibilidade papal – a pedido dos Padres do Concílio Vaticano I. Em nada este culto se opõe à fé católica. Além disso, ele está conforme a dignidade e os privilégios singulares de São José, o maior dos santos.
Nos últimos tempos, tem se introduzido na Liturgia da Igreja o nome de São José, nas Ladainhas maiores, no rito do sacramento da Unção dos Enfermos e da assistência aos agonizantes, em várias orações da Santa Missa e do Breviário. O Ritual tem benção de dois escapulários de São José: uma própria dos Capuchinhos e outra dos Carmelitas. Ha também a benção para o anel em honra do santo Esposo de Maria. Além disso, há várias indulgências e práticas piedosas de devoção ao gloriosíssimo São José!
Assim, para conhecer bem São José, o Santo Patriarca, e avaliar o que ele é no desígnio divino da salvação, e o que para nós ele é e representa, basta lembrar-nos dos dois títulos de glória que o tornam o maior e o mais singular de todos os Santos: Pai adotivo de Jesus Cristo, Filho de Deus humanado, e Esposo de Maria Santíssima, Imaculada e sempre Virgem.
São José, segundo as Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja, é “o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus — virum Mariae de quanatus est Jesus” (Mt 1, 16). Devido a esta dupla dignidade: ser Pai adotivo de Jesus Cristo e Esposo de Maria Santíssima, os maiores de seus inúmeros e singulares privilégios, São José recebe o culto de suma dulia, ou protodulia, veneração singular e especialíssima na Santa Igreja Católica, com inúmeras e tocantes manifestações na Liturgia e na devoção dos fiéis.
Oração: “A vós, São José”
A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e, depois de ter implorado o auxílio de vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos também o vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de caridade que vos uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, e pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente suplicamos que lanceis um olhar benigno sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com seu sangue, e nos socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder.
Protegei, ó Guarda providente da Divina Família, o povo eleito de Jesus Cristo.
Afastai para longe de nós, ó pai amantíssimo, a peste do erro e do vício.
Assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo na luta contra o poder das trevas, e assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus das ciladas de seus inimigos e de toda a adversidade.
Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo e sustentados com o vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no céu a eterna bem-aventurança. Amém[5].
Ó castíssimo e gloriosíssimo São José, rogai por nós!
Links relacionados:
PADRE PAULO RICARDO. São José, o maior devoto da Virgem Santíssima.
TODO DE MARIA. O amor de São José a Jesus, a Maria e a nós.
TODO DE MARIA. Os esponsais de Maria e José e o amor a Deus.
Referências:
[2] Idem, p. 5.
[3] Idem, p. 6.
[4] Idem, ibidem.
[5] CNBB. Manual das Indulgências, p. 18. Oração enriquecida com indulgência parcial.