A fé, a esperança e a caridade de Maria

Saiba mais sobre a Virgem Maria e as virtudes da fé, esperança e caridade.

As virtudes da fé, esperança e caridade da Virgem MariaA Virgem Maria reúne em si e reflete os imperativos mais altos das virtudes teologais da fé, esperança e caridade. Ao ser exaltada e venerada, atrai os fiéis ao seu Filho Jesus Cristo, ao Seu sacrifício e ao amor do Pai. Por sua vez, a Igreja, procurando a glória de Cristo, torna-se cada vez mais semelhante a Virgem Mãe de Deus, que é seu tipo e sublime figura, progredindo continuamente na fé, na esperança e na caridade, procurando fazer em tudo a vontade divina. “A Igreja, meditando piedosamente na Virgem, e contemplando-a à luz do Verbo feito homem, penetra mais profundamente, cheia de respeito, no insondável mistério da Encarnação, e mais e mais se conforma com o seu Esposo” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 65).

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A virtude da fé e a dócil aceitação da Palavra de Deus da Virgem de Nazaré se faz perceptível na Anunciação da Encarnação do Verbo de Deus (cf. Lc 1, 26-28). Por sua fé, Maria deu seu consentimento à vontade do Pai e abriu novamente aos homens as portas do Paraíso, que haviam se fechado pelo pecado de Eva e Adão (cf. Gn 3, 23-24). Na Visitação à sua prima Isabel (cf. Lc 1, 45), a Mãe do Salvador é exaltada por sua fé: “porque abriu o seu coração à fé em Cristo, é Maria mais bem-aventurada do que por haver trazido no seio o corpo de Jesus Cristo” (Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, p. 424). Esta fé da Mãe do Verbo é recordada na bem-aventurança daqueles que ouvem e observam a Palavra (cf. Lc 11, 27-28). A fé de Maria, que antecipou o tempo de Jesus (cf. Jo 2, 4), se traduz nas palavras confiantes dirigidas aos serventes na festa das bodas em Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (Jo 2, 5).

A virtude teologal da fé em Maria é superior à de todos os homens e anjos, pois ela via tudo com olhar de fé: “Via o Filho na manjedoura de Belém e cria-o Criador do mundo. Via-o fugir de Herodes, sem entretanto deixar de crer que era ele o verdadeiro Rei dos reis. Pobre e necessitado de alimento o viu, mas reconheceu seu domínio sobre o universo. Viu-o reclinado no feno e confessou-o onipotente. Observou que ele não falava e venerou-lhe a infinita sabedoria. Ouviu-o chorar e o bendisse como as delícias do paraíso. Viu finalmente como morria vilipendiado na cruz, e, embora outros vacilassem, conservou-se firme, crendo sempre que ele era Deus” (Idem, ibidem). Nossa Senhora permaneceu firme em sua fé inabalável na divindade de Seu Filho. A sua fé nunca vacilou, mas ela exercitou a fé por excelência. “Enquanto até os discípulos vacilavam em dúvidas, ela afugentou toda e qualquer dúvida” (Idem, ibidem), por isso, Maria é a “Virgem da luz para todos os fiéis” (Idem, ibidem).

Da virtude teologal da fé, que em Maria a Igreja tem seu modelo por excelência, nasce a virtude esperança. A Mãe de Jesus possuía a virtude da fé por excelência e também a virtude da esperança por excelência. Pois, Maria não colocava sua confiança nos homens, nem em seus próprios merecimentos, mas colocava toda a sua esperança na graça divina. Por isso, a Mãe de Deus é capaz de orientar os fiéis em seu caminho escatológico. Nesse sentido, Maria é para nós a “estrela de esperança” (Carta Encíclica Spe Salvi, 49), pois, pela sua obediência à vontade do Altíssimo (cf. Lc 1, 38), “abriu ao próprio Deus a porta do nosso mundo; Ela que Se tornou a Arca da Aliança viva, onde Deus Se fez carne, tornou-Se um de nós e estabeleceu a sua tenda no meio de nós” (Idem, ibidem). Maria tornou-se “estrela de esperança” porque deu à luz “Àquele que era a esperança de Israel e o esperado do mundo. […] a esperança dos milênios havia de se tornar realidade, entrar neste mundo e na sua história”(Idem, 50). Como o Filho de Deus, esperança do Povo de Israel, a Virgem Maria também permanece “no meio dos discípulos como a sua Mãe, como Mãe da esperança” (Idem, ibidem).

Cheia de esperança, a Virgem Mãe de Deus adiantou-se cada vez mais na virtude da caridade. Esta virtude se faz presente na solicitude da Virgem de Nazaré para com sua prima Isabel, que também estava grávida (cf. Lc 1, 36). Quando, cheia de santa alegria, a Mãe de Deus atravessou apressadamente os montes da Judeia para encontrar a sua parente Isabel (cf. Lc, 1, 39), ela tornou-se “a imagem da futura Igreja, que no seu seio, leva a esperança do mundo através dos montes da história” (Idem, ibidem). Nos meses dedicados ao serviço de Isabel, resplandece virtude teologal da caridade. Maria permaneceu solícita até o final da gravidez de sua Prima (cf. Lc 1, 39-56), ainda que soubesse ser a Mãe do Filho do Altíssimo (cf. Lc 1, 32).

Na sua ação apostólica, a Igreja olha para aquela que gerou Cristo, que foi concebido por ação do Espírito Santo e nasceu da Virgem precisamente para nascer e crescer também no coração dos fiéis, por meio da Igreja. Na sua vida, a Virgem Maria deu exemplo do afeto maternal que deve animar todos quantos cooperam na missão apostólica da Igreja na regeneração dos homens. Na Santíssima Virgem, a Igreja já alcançou aquela perfeição sem mancha nem ruga que lhe é própria (cf. Ef 5, 27), todavia os fiéis ainda têm de trabalhar por vencer o pecado e crescer na santidade. Por isso, devemos levantar “os olhos para Maria, que brilha como modelo de virtudes sobre toda a família dos eleitos” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 65). As virtudes da Virgem de Nazaré são sólidas e evangélicas. Entre as virtudes de Maria que devemos imitar, brilham as virtudes teologais, sua fé inabalável, sua esperança escatológica e sua caridade ardente.

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