A glorificação das dores da Virgem Maria

As dores indizíveis da Virgem Maria foram causa de glorificação para si e para todo gênero humano.

Na celebração da memória de Nossa Senhora das Dores, consideremos o modo admirável que Deus se serviu, especialmente das dores, para glorificar, já nesta terra, a Santíssima Virgem Maria, que se associou voluntariamente ao mistério pascal de seu Filho Jesus Cristo. Primeiramente, Deus concedeu a Nossa Senhora a oportunidade de evidenciar ao mundo as suas sublimes virtudes, especialmente a sua ardente caridade para com Deus e o próximo.

As dores indizíveis da Virgem Maria foram causa de glorificação para si e para todo gênero humano.

Nossa Senhora da Piedade

Realmente, o sofrimento pela pessoa amada é a prova mais evidente do amor. Com efeito, Maria Santíssima sofreu mais do que qualquer outra pessoa, pelo amor a Jesus Cristo e aos homens. Dessa forma, provou que, mais do que qualquer outra pessoa humana, amava o Filho de Deus e a nós, que também nos tornamos seus filhos (cf. Jo 19, 26), tão caros ao seu Coração de Mãe.

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Maria, Rainha dos Mártires e Corredentora da humanidade

Deus comunicou a Virgem Maria o glorioso título de Rainha dos Mártires, em recompensa pelo martírio indizível que sofreu em seu Coração materno, do mesmo modo que deu a seu Filho Jesus Cristo o título de Rei das Dores, como prêmio pelos tormentos inexprimíveis sofridos no corpo.

O Filho de Deus tornou-se o nosso Redentor por nos redimir da escravidão do pecado e do demônio pelos merecimentos da sua Paixão. Nossa Senhora, por sua vez, uniu voluntariamente os seus sofrimentos com os do seu Filho, e pelos merecimentos das suas dores, auxiliou na causa de nossa salvação e, dessa maneira, tornou-se Corredentora de todo o gênero humano. “É exatamente o que Jesus Cristo declarou do alto da cruz, depositando nas mãos dela, como diz São Bernardo, todo o preço da Redenção, e proclamando-a Mãe de todos os fiéis na pessoa de João: Mulier, ecce filius tuus (Jo 19, 26) — ‘Mulher, eis aí teu filho’”[1].

Nós também temos a sorte e a graça de sermos filhos desta grande Mulher. A Virgem Maria não é uma mulher qualquer como dizem muitos que a querem diminuir ao nível de sua mediocridade. Jesus Cristo chama sua Mãe de “Mulher” – não por desrespeito ou desprezo, o que seria uma contradição impensável – porque ela é a Mulher que esmaga a cabeça da serpente (cf. Gn 3, 15); é a Mulher que alcança do Filho de Deus o primeiro milagre, nas Bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-12); é a Mulher vestida de sol, que tem a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa com doze estrelas (cf. Ap 12, 1). Por estes e tantos outros motivos, alegremo-nos com a Santíssima Virgem, especialmente pela glorificação das suas dores. Sejamos sempre seus fiéis devotos, reconhecendo Nossa Senhora como a criatura mais abrasada de amor por Deus e pelos homens, como verdadeira Rainha dos Mártires e Corredentora de toda a humanidade.

A glorificação das dores dos filhos da Virgem Maria

Somente neste mundo podemos alcançar merecimentos, por isso é chamado, com razão, de vale de lágrimas. Todos nós, nesta terra, mais dia, menos dia, somos destinados ao sofrimento. Porém, não alcançamos merecimentos somente através dos sofrimentos, mas em sofrermos com paciência e em conformidade com a vontade de Deus. No livro do Apocalipse, São João descreve uma visão de todos os santos com palmas, que simbolizam o martírio, nas mãos: “de vestes brancas e palmas na mão, e bradavam em alta voz” (Ap 7, 9). “Desta forma insinua que todos os adultos que venham a salvar-se devem ser mártires, quer pelo sangue, quer pela paciência”[2].

São Gregório Magno ensinava que nós também podemos, à semelhança de nossa Mãe Santíssima, ser mártires sem sofrer os golpes dos instrumentos dos algozes, praticando a virtude da paciência. Se oferecermos a Deus, pela conversão dos pecadores, os sofrimentos pelos quais passaremos inevitavelmente, que hão de nos visitar cedo ou tarde, e se padecemos essas penas exatamente com a intenção de cooperar com essa conversão, então seremos também, de algum modo, corredentores.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a: “Memória de Nossa Senhora das Dores”:

A glorificação da Mãe de Deus e dos seus filhos

Como fruto maduro desta meditação, abracemos com paciência e submissão, por amor a Deus, todas as tribulações e sofrimentos que possam nos visitar, especialmente as enfermidades, as perseguições, as injúrias, os desprezos. Quando sentirmos nos ombros o peso das cruzes, olhemos para a Virgem Maria, a Rainha dos Mártires, e pensando na sua glorificação, digamos com confiança: padecemos com Maria para também sermos glorificados com ela.

Assim, estava nos desígnios de Deus glorificar, já nesta terra, as dores da Santíssima Virgem Maria! Primeiramente, o Senhor concedeu a Nossa Senhora os momentos oportunos para manifestar as suas belas virtudes, e especialmente a sua caridade ardente para com Deus e o próximo. Depois, providenciou que merecesse o título glorioso de Rainha dos Mártires. Por fim, por meio de suas dores, Maria Santíssima se tornou Mãe de todos nós, filhos no Filho, e Corredentora de toda a humanidade. Sendo assim, se quisermos mostrar-nos seus dignos filhos, alegremo-nos com Nossa Senhora e esforcemo-nos em imitar suas virtudes, carregando com paciência as nossas cruzes. Dessa maneira, chegará também para nós o dia em que seremos glorificados com ela no Reino dos Céus.

Oração de Santo Afonso Maria de Ligório a Nossa Senhora das Dores

Ó Mãe das Dores, proponho imitar as vossas virtudes, e especialmente a vossa paciência; ajudai-me a ser-vos fiel. “E Vós, ó meu Jesus, sede-me propício, e concedei-me a graça de experimentar o feliz efeito da vossa Paixão, na qual, como o havia profetizado Simeão, uma espada de dor traspassou a alma tão terna da gloriosa Virgem Maria, vossa Mãe, cujas dores celebramos e honramos”[3].

Links relacionados:

TODO DE MARIA. A Coroa das Sete Dores de Nossa Senhora.

TODO DE MARIA. A maternidade de Maria em nossas vidas.

TODO DE MARIA. Terço das Sete Dores: de Kibeho para o mundo.

Referências:


[1]  SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III, p. 364.

[2]  Idem, p. 364-365.

[3]  Idem, p. 365. Or. Festi.

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