O mistério doloroso da morte de Jesus Cristo

Meditemos com Santo Afonso Maria de Ligório o mistério das dores e da morte do Senhor Jesus Cristo.

Na proximidade da Semana Santa, é muito oportuno que meditemos sobre o mistério doloroso da morte de nosso Senhor Jesus Cristo. Primeiramente, é conveniente meditarmos sobre o mistério da dor e da morte de Jesus, por que Ele sofreu e morreu por amor a cada um de nós em particular. Pois, sendo Deus, Jesus conhece os nossos corações e, apesar de nossas misérias e fraquezas, quis entregar-Se e morrer por amor a nós!Meditemos com Santo Afonso Maria de Ligório o mistério das dores e da morte do Senhor Jesus Cristo.

Neste primeiro sábado do mês de Abril, esta meditação sobre o sofrimento e a morte de Jesus Cristo torna-se especialmente oportuna na prática da devoção reparadora das ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria. Pois, por essa devoção consolamos o Coração amoroso de Jesus Cristo, que tanto padeceu por nossos pecados, inclusive pelas ofensas contra sua Mãe Santíssima. Sendo assim, meditemos com piedade o mistério da paixão e morte de nosso Senhor Jesus Cristo na intenção da reparação das ofensas contra o Imaculado Coração de Maria.

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A meditação sobre a entrega dolorosa de Jesus Cristo

Consideremos que Jesus Cristo, nosso amável Redentor, chega ao fim da sua vida terrena. Os Seus olhos se amortecem, o seu belo rosto empalidece, seu Coração palpita sem muita força, e todo o Seu sagrado corpo é lentamente tomado pela morte. Com Santo Afonso, invoquemos os Anjos e Nossa Senhora, para que estejam conosco nesta meditação: “Vinde, anjos do céu, vinde assistir a morte do vosso Deus. Vós, ó Mãe dolorosa, Maria, chegai-vos mais próxima à cruz, levantai os olhos para vosso Filho, e contemplai-O atentamente, porque está prestes a expirar”[1].

No momento derradeiro de sua existência terrena, o Filho de Deus entrega a Sua vida: “Pai em vossas mãos entrego o meu espírito — Pater, in manus tuas commendo spiritum meum” (Lc 23, 46). Estas são as últimas palavras que Jesus Cristo profere com confiança filial e perfeita resignação para com a vontade do Altíssimo. Com essas palavras, foi como se Ele dissesse: “Meu Pai, não tenho vontade própria; não quero nem viver nem morrer. Se é vossa vontade que eu continue a padecer sobre a cruz, eis-me aqui, estou pronto para obedecer; em vossas mãos entrego o meu espírito; fazei de mim segundo a vossa vontade”[2]. Queira Deus que nós digamos o mesmo quando alguma cruz nos visitar, deixando-nos guiar pelo Senhor, conforme a Sua santíssima vontade. Tomara que repitamos essas mesmas palavras especialmente no momento da nossa morte! No entanto, para que bem o façamos no momento de nossa morte, devemos dizer essas palavras muitas vezes durante as nossas vidas.

Tendo chegado a sua hora, o divino Redentor chama a morte, que por consideração não ousava aproximar-se do Autor da vida, e lhe dá licença para tirar a Sua vida. E eis que finalmente, enquanto treme a terra, abrem-se os túmulos e rasga-se o véu do templo (cf. Mt 27, 51-52), eis que pela impetuosidade da dor faltam as forças ao Senhor moribundo, o calor de Seu corpo diminui, falha-Lhe a respiração. Jesus abandona o corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira: Et inclinato capite, tradidit spiritum (Jo 19, 30). Diante de tão grande mistério, de Deus imortal que se fez homem e se entregou à morte por amor a nós, digamos com Santo Afonso: “— Parti, ó bela alma do meu Salvador, parti e ide nos abrir o paraíso, fechado até agora, ide apresentar-Vos à Majestade divina, e alcançai-nos o perdão e a salvação”[3].

A contemplação da morte de Jesus Cristo

As pessoas presentes no Calvário, voltadas para Jesus Cristo, por causa da força com que proferiu as Suas últimas palavras, contemplam-No com atenção silenciosa, veem-No expirar, e notando que não se movia mais, dizem: morreu, morreu. Maria Santíssima ouve que todos o dizem, e ela também exclama: Ah, amado Filho meu, já morreste; estais morto!

Morreu o Autor da vida, o Filho Unigênito de Deus, o Senhor do mundo. Ó morte, que fizeste pasmar os Céus e a Terra! O Deus criador e imortal quis morrer pelas suas criaturas! Como as pessoas presentes no Calvário, levantemos os nossos olhos e contemplemos esse Homem crucificado. Contemplemos o Cordeiro divino, já imolado sobre o altar da dor. Recordemos que Ele é o Filho amado do Pai Eterno (cf. Mc 9, 7), e que morreu pelo amor que nos tem dedicado. Olhemos para seus braços abertos para nos acolher; a cabeça inclinada para nos dar o ósculo de paz; o lado aberto para nos receber. Então, o que diremos? Não merece ser amado um Deus tão bom e tão amoroso para conosco? Ouçamos o que, do alto de sua cruz, diz-nos o Senhor: “Meu Filho, vê se há alguém no mundo que te tenha amado mais do que eu, teu Deus!”[4]

Assim, contemplemos como depois de três horas de agonia, pela veemência das dores, as forças faltam a Jesus Cristo. Então, Ele entrega o corpo ao próprio peso, deixa cair a cabeça sobre o peito, abre a boca e expira. Depois desta meditação, respondamos a seguinte pergunta: “não merece porventura todo o nosso amor um Deus que, para nos salvar da morte eterna, quis morrer no meio dos mais atrozes tormentos? Todavia, como são poucos os que amam e muitos os que, em vez de O amarem, Lhe pagam com injúrias e ultrajes”[5].

Ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre o tema: “Transformar a dor em amor”:

Oração de Santo Afonso Maria de Ligório

Ah, meu Jesus, já que para minha salvação não poupastes a vossa própria pessoa, lançai sobre mim esse olhar afetuoso com que me olhastes um dia, quando estáveis em agonia sobre a cruz; olhai-me, iluminai-me, e perdoai-me. Perdoai-me em particular a ingratidão que tive para convosco no passado, pensando tão pouco na vossa paixão e no amor que nela me haveis mostrado. Dou-Vos graças pela luz que me concedeis de compreender através de vossas chagas e de vossos membros dilacerados, como por entre umas grades, o afeto tão grande e tão terno que ainda guardais para comigo.

Ai de mim, se depois de receber estas luzes deixasse de Vos amar, ou amasse outra coisa que não a Vós. Morra eu, assim Vos direi com São Francisco de Assis, morra eu por amor de vosso amor, ó meu Jesus, que Vos dignastes morrer por amor de meu amor. Ó Coração aberto de meu Redentor, ó morada feliz das almas amantes, não Vos dedigneis receber agora minha mísera alma.

Ó Maria, ó Mãe de dores, recomendai-me a vosso Filho, a quem vedes morto sobre a cruz. Vede as suas carnes dilaceradas, vede o seu Sangue divino derramado por mim, e conclui disto quanto lhe agrada que lhe recomendeis a minha salvação. A minha salvação consiste em que eu O ame, e este amor vós m’o deveis impetrar, mas um amor grande, um amor eterno[6].

Links relacionados:

TODO DE MARIA. A devoção aos Corações de Jesus e de Maria.

TODO DE MARIA. A devoção dos cinco primeiros sábados.

TODO DE MARIA. A reparação ao Imaculado Coração de Maria.

Referências:


[1]  SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I, p. 416.

[2]  Idem, ibidem.

[3]  Idem, p. 416-417.

[4]  Idem, p. 417.

[5]  Idem, p. 415.

[6]  Idem, p. 417-418.

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