A Virgem Maria manifesta a sua misericórdia na particular clemência para com os pecadores.
A Santíssima Virgem Maria, a Mãe de Misericórdia, manifesta o seu grande amor por sua particular clemência para com os pecadores. O espírito da Virgem Maria é completamente semelhante ao de seu Filho Jesus Cristo, por isso não podemos pôr em dúvida seu ser compassivo para com os pecadores. Maria é Mãe de Misericórdia e foi a própria misericórdia de Deus que a fez tão compassiva e clemente para com todos, como ela própria revelou a Santa Brígida. Nossa Senhora é aquela que São João diz estar revestida de Sol: “Apareceu um grande sinal no Céu; uma mulher vestida de sol”1. Comentando esta passagem bíblica, São Bernardo diz à Mãe de Deus: “Senhora, revestistes o Sol (Verbo Divino) da carne humana, mas ele vos revestiu também de seu poder e de sua misericórdia”2.
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Nossa Senhora é sumamente compassiva e benigna, ensina São Bernardo: “quando algum pecador se encomenda à sua misericórdia, ela não se põe a examinar-lhe os méritos, para ver se é digno de ser ouvido ou não, mas a todos atende e socorre”3. Da mesma forma que a lua ilumina e beneficia os objetos mais inferiores sobre a terra, Maria ilumina e socorre os pecadores mais indignos. Embora a lua receba do sol toda a sua luz, o movimento de rotação da terra ao redor do sol é de um ano e as fases da lua duram um mês. Da mesma forma que a lua termina seu curso mais rápido que o sol, “a nossa salvação será mais rápida se chamarmos por Maria, do que se chamarmos por Jesus”4. Hugo de São Vítor adverte que nossos pecados nos fazem ter medo de nos aproximar de Deus, mas não devemos temer recorrer a Maria, pois nada nela inspira o temor. Nossa Senhora é santa, imaculada, Rainha do Céu e da Terra e Mãe de Deus, mas, ao mesmo tempo, é uma criatura e filha de Adão, como nós.
Tudo que pertence a Virgem Maria é cheio de graça e de piedade, pois ela é Mãe de Misericórdia e se fez tudo para todos5. Por sua imensa caridade, Nossa Senhora tornou-se devedora dos justos e dos pecadores. O coração de Maria está aberto para todos, para que possam receber de sua misericórdia. O Demônio está sempre procurando a quem dar a morte6, mas, ao contrário, a Mãe do Salvador está sempre buscando almas a quem possar dar a vida e a salvação alcançada por seu Filho Jesus. São Pedro Crisólogo dizia a respeito da misericórdia de Maria: “A excelsa Virgem hospedou a Deus em seu ventre; em paga de tal hospitalidade dele exige a paz para o mundo, a salvação para os perdidos, a vida para os mortos”7. A este respeito exclama o Abade de Celes: “quantos que, dignos do inferno segundo a justiça divina, são salvos pela compaixão de Maria!8”
Assim, recorramos sempre a essa grande Mãe de Misericórdia, firmes na esperança de nos salvar por sua intercessão. A Virgem Maria é nossa salvação, nossa vida, nossa esperança, nosso conselho, nosso refúgio, nosso auxílio. Por isso, ainda que pecadores, rezemos com confiança: “Ó Maria, sois clemente para com os miseráveis, compassiva para com os que vos invocam, doce para os que vos amam, sois clemente para com os penitentes, compassiva para com os justos, doce para com os perfeitos. Mostrai vossa clemência, em nos livrando dos castigos; vossa piedade, em nos dispensando as graças; vossa doçura, em nos dando a quem vos procura”9. Nossa Senhora, refúgio dos pecadores, rogai por nós!
Referências:
1 Ap 12, 1.
2 AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Glórias de Maria. 3ª ed. Aparecida: Santuário, 1989, p. 208.
3 Idem, ibidem.
4 Idem, ibidem.
5 Cf. 1 Cor 9, 22.
6 Cf. 1 Pd 5, 8.
7 AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Op. cit., p. 210.
8 Idem, ibidem.
9 Idem, ibidem.