Conheça a devoção reparadora ao Imaculado Coração da Virgem Maria pela salvação dos pecadores.
A devoção ao Imaculado Coração, que já existia na Igreja, a partir das aparições da Santíssima Virgem Maria em Fátima, passa a ser acompanhada da reparação, à semelhança da devoção ao Sagrado Coração de Jesus Cristo. Nas aparições, que começaram em 13 de Maio de 1917, Nossa Senhora pedagogicamente ensina aos três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, como oferecer jejuns, penitências, sacrifícios, orações, em reparação dos pecados cometidos contra o Sagrado Coração de Jesus e o seu Imaculado Coração.
Em Fátima, a Virgem Maria mostrou-se triste, cheia de sofrimentos por causa da ingratidão, da indiferença e das blasfêmias de seus filhos. Por isso, pediu a reparação ao seu Imaculado Coração. Os três pastorinhos ficaram tão tocados em seus corações que imediatamente desejaram realizar seu pedido e consolar o coração cheio de dor da Santíssima Virgem. As três crianças viveram esta espiritualidade reparadora, mas somente Lúcia, anos mais tarde, recebe a revelação completa de como deveria ser a devoção reparadora ao Coração Imaculado da Santíssima Virgem.
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Os pastorinhos e a reparação ao Imaculado Coração de Maria
No dia 13 de Julho de 1917, Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos e lhes ensinou uma oração que associa a reparação a Jesus Cristo com a reparação ao seu Coração Imaculado: “Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”1. Além de ensinar esta oração, Nossa Senhora avisa que virá pedir a comunhão reparadora dos cinco primeiros sábados, o que aconteceu em 1925, somente à Irmã Lúcia, conforme lhe havia revelado.
Nesta mesma aparição, a Virgem Maria mostrou às três crianças uma terrível visão do Inferno, que justificava ainda mais o seu pedido de reparação e de oração pelos pecadores. Depois, Nossa Senhora lhes fez entender que o seu Coração e o de Jesus seriam consolados na mesma medida que as três crianças, com seus sacrifícios, contribuíssem para a salvação das almas da condenação eterna. Na aparição seguinte, em 13 de Agosto de 1917, a Santíssima Virgem, que está com um aspecto mais triste, pede aos três pastorinhos: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”2. O rosto triste e as palavras de Nossa Senhora produzem nas crianças um desejo ainda mais profundo de reparar os pecados e de sacrificar-se pela conversão dos pecadores. Este desejo levou essas crianças a usar uma corda áspera, amarrada sob a roupa na altura da cintura, dia e noite. O sofrimento deles era tão grande que a Virgem disse, na aparição de 13 de Setembro de 1917, que Deus estava contente com seus sacrifícios, mas não quer que durmam mais com a corda. Então, passaram a usar a corda somente durante o dia, no entanto, com maior fervor ainda, pois sabiam agradar Deus e a Virgem Maria.
Na última aparição, em 13 de Outubro de 1917, o chamado à reparação acontece no final da conversa de Nossa Senhora com Lúcia. Esta pediu a Virgem que curasse alguns doentes e convertesse alguns pecadores. Ela disse que alguns receberiam as graças, mas outros não, e que era necessário que mudassem de vida e pedissem perdão dos seus pecados. Tomando um aspecto mais triste, disse: “Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido”3. Além deste pedido, durante o milagre do sol, houve outro apelo à reparação. Ela apareceu como Nossa Senhora das Dores, para fazer-nos compreender que a salvação do mundo passa pelo sacrifício reparador. Da mesma forma que a Mãe de Deus, ao participar dos sofrimento do seu Filho, foi a “Mulher” (cf. Jo 19, 26) das dores para a salvação dos homens, os pastorinhos e cada um de nós somos chamados a percorrer o mesmo caminho, abraçando cada dia com amor a nossa cruz em expiação pelos pecados e pela salvação dos pecadores.
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Solenidade do Sagrado Coração de Jesus”:
O ensinamento da reparação ao Imaculado Coração de Maria
Conforme prometeu a Virgem Maria, a devoção reparadora é revelada a Lúcia. Primeiramente, o próprio Jesus manifesta-lhe o desejo de que, junto ao seu Coração, fosse também reparado o Coração de Maria. Noutro dia, em 10 de Dezembro de 1925, aparece-lhe a Virgem Maria e ao seu lado o Menino Jesus. A Mãe tinha numa das mãos um coração cercado de espinhos. A este respeito, o Menino diz a Lúcia: “Tem pena do Coração de sua SS. Mãe que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos lhe cravam sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar”4. Em seguida, Nossa Senhora explica a espiritualidade reparadora que preanunciara em Fátima:
Olha, minha filha, o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de me consolar e diz que todos aqueles que durante cinco meses, ao 1º sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, e me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário com o fim de me desagravar, eu prometo assistir-lhes na hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas5.
A Santíssima Virgem manifesta dor não somente pelas ofensas dirigidas diretamente a ela, mas também e principalmente pelos pecados que ofendem Deus e expõem aqueles que os cometem ao perigo de serem condenados ao Inferno. Ela é nossa Mãe. Por isso, embora esteja salva, na glória celeste, é impossível que seja insensível ao mal que fazemos, primeiramente a nós mesmos, mas também aos outros, e não se importe com os riscos aos quais o pecado nos expõe. Apesar de sua beleza majestosa, a Virgem mostra-se triste. Misteriosamente, Nossa Senhora sofre agora e pede reparação. Esta tem como finalidade não somente consolar o seu Coração Imaculado, arrancando-lhe os espinhos que os pecadores lhe cravam a todo momento, mas também de obter, pela sua intercessão materna, a piedade e a misericórdia de Deus em benefícios de tantas almas que vivem no pecado.
Diante dos pecados da humanidade, que crucificam novamente nosso Senhor Jesus Cristo e tornam atuais os sofrimentos de Nossa Senhora, sentimos a necessidade de nos agarrar a ela, como fizeram João e Maria Madalena no Calvário, para consolar o seu Coração e para nos oferecer a Deus, através de suas mãos maternas. Esta espiritualidade reparadora, revelada a nós por Jesus e Maria, está intimamente ligada com a fidelidade na vivência dos mandamentos de Deus e da Igreja, mas também com os sacrifícios quotidianos, a oração do Terço diário, a Confissão frequente e bem-feita, e o esforço de conversão contínua. A devoção dos primeiros sábados de cada mês, em reparação ao Imaculado Coração de Maria, completa esta espiritualidade reparadora. Nossa Senhora, com a oferta reparadora de seus servos, filhos e escravos, aproxima-se de seu Filho e alcança o perdão para aqueles que estão afastados de Deus e suplica-Lhe a graça da conversão aos pecadores. Deus convida-os com amor infinito ao arrependimento dos seus pecados e a uma vida nova em Cristo. Desse modo, a Mãe de Deus coopera com o Filho para sanar o mal do mundo, obtendo a libertação das almas da escravidão de Satanás.
O Imaculado Coração de Maria e os demônios em exorcismos
Padre Francesco Bamonte, presidente da Associação Internacional de Exorcistas, em um de seus exorcismos, percebe que Deus humilhava o demônio, forçando-o a louvar Nossa Senhora com essas palavras: “Ela é a única que está em toda a parte; ‘mata-me’, sempre ‘me matou’, vira-me tudo de pernas para o ar; o seu véu maldito estrangula-me sempre; nenhum de nós resiste”. Ao ouvir isto, o Sacerdote exclamou: “Dou-te graças, ó Mãe! Graças ao Coração Imaculado!” Ao ouvir isso, o demônio respondeu imediatamente: “Deixa estar aquele Coração”. Enfiamos-lhe uma espada e não morreu; crucificamos o seu Filho e não morreu; e ganhou outros filhos!”6
Em outro dia, o exorcista invocava o Imaculado Coração de Maria e, enquanto isso, o demônio falou dos espinhos cravados nela, que representam os pecados da humanidade, e daqueles que reparam as ofensas contra este Coração:
Os homens ajudaram-me a cravá-la com um bilhão de espinhos; vós ajudastes-me a cravar-lhe todos aqueles espinhos […]; quanto mais espinhos tanto mais força, quanto mais dor mais glória; os vossos pecados transformaram-se em glória, porque outras tantas almas se consagraram a expiá-los e cada alma faz com que salte um espinho e cada espinho que salta espeta uma brasa no nosso “cérebro”. Esbofeteamo-los, batemos neles, queimamo-los, esgadanhamo-los, despedaçamo-los, e eles, de joelhos a rezarem. Nós insultamo-los, caluniamo-los e eles, de joelhos a orarem. Nunca mais acabará esta tortura, nunca mais acabará esta tortura! São demasiados, são demasiados! Quantos inconscientes se consagram e não esperam senão morrer por aquela [palavrão] e o seu Filho!7
O que mais impressiona Bamonte, durante os exorcismos, nas atitudes e nas expressões dos demônios, é o medo e o ódio terrível que têm da oferta que fazemos de nós próprios a Deus, por amor, em espírito de reparação dos nossos pecados e dos pecados dos outros, especialmente quando entregamos essas ofertas primeiro nas mãos da Mãe de Deus, a fim de que ela as apresente ao Senhor. Na prática, trata-se de darmos, com grandíssimo amor, pelas mãos de Maria, as nossas vidas a Deus, com a intenção de reparar as ofensas que Ele e a Virgem recebem dos pecados do mundo; para reparar as consequências dos nossos pecados e dos pecados dos outros; para obter a conversão daqueles que, por causa de seus pecados, correm o tremendo risco da condenação eterna. Frequentemente, em meio aos exorcismos e no seu ministério sacerdotal, o Sacerdote ensinava como viver a oferta de si mesmo. A isto, o demônio, que até então estava escondido, manifestava-se furioso, porque não suportava que ele fizesse aquela catequese. Dessa forma, compreendeu que essa oferta a Deus pelas mãos de Maria é um meio eficacíssimo, não só para expulsar o demônio dos possessos, mas também e principalmente para arrancar das suas garras muitas almas que vivem no pecado.
A intercessão da Virgem Maria não consiste simplesmente em orar por nós, para obter-nos graças, mas também em apresentar a Deus o que lhe oferecemos. Certo dia, enquanto o Sacerdote apresentava e oferecia orações, alegrias, sofrimentos, e toda sua vida, juntamente com os sofrimentos da pessoa possessa, o demônio foi obrigado e dizer: “Cada alegria, dor, sofrimento, oferecidos àquele Coração (de Maria), são doces ternuras de profunda caridade que ela aceita e oferece com as suas mãos e levanta-as à luz daquele Criador”8.
Certa vez, Padre Francesco estava passando por um grandíssimo sofrimento moral. Ao retomar os exorcismos, logo depois da dolorosa prova que passara, o demônio estava irritado com o seu retorno e quis desforrar-se descrevendo com grande precisão os fatos que causaram aquele sofrimento, vangloriando-se de contribuir para que este acontecesse. Além disso, ameaçava provocar outros sofrimentos. Então, o Exorcista fez esta oração: “Senhor, pelas mãos da Mãe Celeste ofereço-te com todo o meu coração aqueles sofrimentos”. Mal ele tinha acabado de dizer a palavra “sofrimentos”, o demônio começou a urrar e a gritar: “Não, nããoo! Foi ela quem a apanhou (palavrão). Roubou-a! Logo a levou” (referia-se à oferta do sofrimento). Levou-a Àquele, imediatamente!!! Quase nem deu tempo de apanhá-la. Apanhou-a e levou-lha lá acima. Todas elas almas que me levou!!!”9
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Memória do Imaculado Coração de Maria”:
A reparação ao Imaculado Coração e a salvação das almas
Assim, compreendemos que a devoção ao Imaculado Coração da Virgem Maria é muito mais do que práticas exteriores. Esta devoção consiste em oferecer tudo: sofrimentos, contrariedades, orações, penitências, mas também alegrias, realizações, em espírito de reparação, ao Coração Imaculado de Maria, que tudo entrega para Deus, pela salvação das almas. É espantoso que três crianças simples, pessoas comuns, fizeram a experiência de oferecer jejuns, penitências, orações e até o sacrifício das próprias vidas por amor a Deus e a Virgem Maria, e pela salvação dos pecadores. Os pastorinhos compreenderam muito bem aquilo que os demônios também sabem: muitas almas podem ser salvas se vivermos esta espiritualidade reparadora.
A reparação ao Imaculado Coração de Maria é um meio muito eficaz, primeiramente de buscar a própria salvação, mas também de contribuir para a salvação de muitas almas, especialmente dos pobres pecadores. Aos olhos do mundo, tudo isso pode parecer insano, uma verdadeira loucura, mas é o meio que Deus escolheu, especialmente nesses últimos tempos, para levar muitas almas para o Céu. A exemplo dos pastorinhos, ofereçamos a Nossa Senhora orações, especialmente o Santo Rosário, penitências, sacrifícios em reparação dos pecados cometidos contra o seu Imaculado Coração. Pratiquemos também a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados, que é como que o coroamento da devoção ao Coração da Santíssima Virgem. Assim, certamente consolaremos os Sagrados Corações de Jesus e Maria, e levaremos muitas almas para Deus. Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!
Natalino Ueda, escravo inútil de Jesus e Maria.
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A devoção ao Coração de Jesus e o Coração de Maria.
TODO DE MARIA. A devoção dos cinco primeiros sábados.
TODO DE MARIA. Nossa Senhora e a Nova Ordem Mundial.
Referências:
1 FRANCESCO BAMONTE. A Virgem Maria e o Diabo nos exorcismos, p. 128.
2 Idem, 128-129.
3 Idem, 129.
4 Idem, p. 130.
5 Idem, ibidem.
6 Idem, p. 132.
7 Idem, p. 132-133.
8 Idem, p. 134.
9 Idem, ibidem.