Bem-aventurados os misericordiosos

Pensemos na maravilhosa promessa que Jesus Cristo fez a nós no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!” (Mt 5, 7).

Neste Ano Santo da Misericórdia, é significativo meditarmos a quinta “Bem-aventurança”, na qual nosso Senhor Jesus Cristo proclama que são “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!” (Mt 5, 7). Esta é o tema do quinto artigo da série que a Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus produziu sobre as Bem-aventuranças e que apresentamos exclusivamente:

Pensemos na maravilhosa promessa que Jesus Cristo fez a nós: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!” (Mt 5, 7).

Jesus e a pecadora perdoada (cf. Lc 7, 36-50).

Interessante! Há pessoas que não são misericordiosas, por isso não conseguem ter um ato de misericórdia. Ser misericordioso é algo comportamental (atitude), constante (hábito) e espiritual (místico). Segundo o dicionário Aurélio, a palavra “misericórdia” significa compaixão suscitada pela miséria, pela dor alheia. Algumas pessoas não são caridosas, mas conseguem fazer caridade. Pois, fazer caridade pode ser algo momentâneo (passageiro), circunstancial (num caso particular) e material (visível). Mas, a misericórdia segundo o Evangelho ultrapassa todos esses conceitos.

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O que a misericórdia não é?

Misericórdia não é acolher erros, fechar os olhos, como se nada tivesse acontecido. Misericórdia não é banalização. As pessoas, muitas vezes, conhecem as leis de Deus, mas brincam e vulgarizam esses preceitos e cometem os seus delitos. Depois, descaradamente, sabendo do amor que Deus tem pela humanidade, dizem: “Deus me ama, Deus me salva! Só Deus é juiz”. Não é errado desejar o Céu, mas não podemos supor que Deus seja “obrigado” a nos salvar quando se peca, não por fraqueza, mas por presunção (sem conversão e merecimento). Deus é bondade, sabedoria, juízo e misericórdia, mas não é tolo, inexperiente e injusto. Na passagem bíblica da parábola do publicano e do fariseu (cf. Lc 18, 9-14), quem agia com presunção não foi justificado? Verifique, quem disse: “Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!” (Lc 18, 13).

Misericórdia não é apenas passividade, na qual a pessoa fica apenas esperando receber dos outros, mas não se empenha em agir também com misericórdia, como fez o “servidor inclemente”, que depois de ter perdoada a sua dívida, não teve misericórdia de quem lhe devia, e de Deus só atraiu a cólera:

Este servo, então, prostrou-se por terra diante dele e suplicava-lhe: Dá-me um prazo, e eu te pagarei tudo! Cheio de compaixão, o senhor o deixou ir embora e perdoou-lhe a dívida. Apenas saiu dali, encontrou um de seus companheiros de serviço que lhe devia cem denários. Agarrou-o na garganta e quase o estrangulou, dizendo: Paga o que me deves! [… Sabendo disso,] o senhor, encolerizado, entregou-o aos algozes, até que pagasse toda a sua dívida. (Mt 18, 26-28.34).

Misericórdia não é letargia, onde você sabe que precisa suplicar que alguém tenha compaixão de você, mas você não dá o mínimo passo para buscar esta misericórdia, este perdão, esta cura. Esta apatia e inércia muitas vezes é fruto do orgulho de quem diz: “Se quiser, ele que venha a mim!”. Houve uma mulher que muito amou e ativamente se entregou ao Senhor e foi contemplada com a misericórdia:

Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para lavar os pés; mas esta, com as suas lágrimas, regou-me os pés e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste o ósculo; mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta, com perfume, ungiu-me os pés. Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor (Lc 7, 4447).

Ter misericórdia, não significa olhar uma situação e sentir “peninha” de alguém. Simplesmente dizer: “coitadinho”, não indica ser misericordioso. Você pode até constatar que alguém está infeliz, mas pode ser que não brote em seu coração o desejo de ajudar a pessoa. Ou até, sente vontade de a acudir, mas pelas dificuldades, pelos riscos, você, na sua impotência, desiste de prestar socorro e depois de dois segundos nem se lembra mais do seu “semelhante”. E mais, quando volta a lembrar desta pessoa e percebe que poderia ter feito algo e não fez… Este sentimento seria misericórdia ou remorso? Sentimento de culpa pode despertar a misericórdia, mas não são necessariamente a mesma coisa.

Assista o programa Consagra-te TV sobre a “Misericórdia”:

Você tem misericórdia?

Ao assistirmos os noticiários, nos espantamos ao perceber que os homens passaram a ser difamadores, caluniadores, insolentes, agressivos, soberbos, insensatos, desleais, “caloteiros”, inimigos de Deus, sem coração e consequentemente sem misericórdia. E você, faz parte desta raça? Você considera-se descendente da Virgem Maria? De que “legião” você faz parte?

Em virtude de nossa essência, impregnada pelo pecado original, não é nada fácil ser um autêntico discípulo de Jesus Cristo, o Filho de Maria. É muito difícil ser conforme Nosso Senhor. Então pense: Você tem a mesma forma e resignação do Cristo Redentor? Você é semelhante no julgar e usa do mesmo peso de misericórdia que usou o Cristo Senhor? Você já fez a experiência de apanhar e oferecer a outra face? Já doou a única túnica que possuía? Usa de compaixão e misericórdia com aqueles que o traem?

A Virgem Maria pode ir te moldando, conforme Jesus, mas ela só fará isso com o seu consentimento! Por menores ou maiores que sejam nossos pecados, eles não anulam o sacramento do Batismo. Frequentar a Igreja Católica não significa necessariamente viver a fé católica. Admirar Cristo, nem de longe é desejar o cálice que Ele bebeu. Há uma enorme diferença entre “estar” e “ser” Igreja. Entre sentir e ter misericórdia.

Você conhece a oração de São Francisco de Assis? Reze com ela, reflita e suplique a Deus para ter misericórdia quando te encontrares nestas diversas situações da vida:

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz [e de vossa misericórdia]!

Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvida, que eu leve a fé;

Onde houver erro, que eu leve a verdade;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando [misericórdia] que se recebe [misericórdia], é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna.

O que é ter misericórdia?

O ser humano precisa direcionar a sua vida, seus dons e suas virtudes para cumprir aquilo que é o seu chamado. Entretanto, nem todos recebem ou desenvolvem as virtudes de uma forma igual. Creia, é bíblico:

Pois, como em um só corpo temos muitos membros e cada um dos nossos membros tem diferente função, assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro. Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia exerça-o conforme a fé. Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade (Rm 12, 4-8).

Entende? A misericórdia não é apenas afeto e sentimento. Prioritariamente é ação. Exercer a misericórdia é pôr em ação diversas atividades, conforme os dons e virtudes que recebemos. Neste Ano da Misericórdia, o Papa Francisco, na Bula Misericordiae Vultus, reforça a necessidade das práticas de misericórdia:

É meu vivo desejo que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos. Redescubramos as obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos1.

Aparentemente, quando se pensa em “ter” algo, se imagina em “possuir e usufruir”. Concorda? Mas, quando se questiona “ter misericórdia”, seu referencial e análise é se as pessoas estão sentindo-se acolhidas através de seus atos o perdão, o amparo, o auxílio…? Ter misericórdia é isso, “fazer os outros experimentarem a misericórdia”.

O homem que pratica a virtude da “fé”, manifestada pela misericórdia, é capaz de desejar toda a herança que Deus guarda para seus filhos. Neste caminho da fé, muitas vezes o homem se depara com a tristeza espiritual decorrente da reflexão, do reconhecimento de nossas faltas e da ofensa a Deus. Essa tristeza tem seu valor positivo, pois além de levar o homem à penitência, à compulsão e às lágrimas pelo arrependimento, também o conduz, pela confiança na misericórdia divina, a levantar-se após sua queda no pecado e a regressar pelo caminho da fé.

O homem que pratica a virtude da “esperança”, manifestada pela misericórdia, é capaz de desejar o Céu e inspirar outras pessoas a este mesmo desejo. A esperança é uma virtude sobrenatural, pela qual confiamos que Deus dar-nos-á a glória, a vida eterna, mediante Sua graça e nossa correspondência a ela, que se baseia na misericórdia de Deus e nos merecimentos de Jesus Cristo.

O homem que pratica a virtude da “caridade”, manifestada pela misericórdia, é capaz de possuir a si mesmo e, por isso, dar-se aos outros. Quase nunca estamos prontos para dispensar ao nosso irmão o mesmo tratamento que dispensamos a nós. Mas, a finalidade desse caminho é socorrer o nosso próximo, com a caridade e a misericórdia, em suas necessidades corporais e espirituais. Podemos socorrer o outro mostrando a ele as maravilhas de Deus ou saciando outras necessidades. Quando você tem fome, procura um lanchinho? Mas será que quando você vê alguém com fome, procura dar-lhe alimento?

Será que alguma vez em sua vida você não sofreu uma decepção e foi insultado injustamente? Nessa situação, buscou agir com calma? O desejo natural é explodir, tratar na mesma moeda, mas a virtude da paciência tem sua raiz no amor. O amor não pratica o mal contra o próximo. Só no amor é possível suportar os dissabores e infelicidades da vida com resignação.

Assista o programa Consagra-te TV sobre o “Ano da Misericórdia“: 

A misericórdia presente em Jesus Cristo e na Virgem Maria.

Deus é Deus, e sua misericórdia é infinita. Ele se mantém o mesmo, não rompendo seus desígnios com o Homem. Misericórdia? Em que momentos o Senhor Jesus Cristo a manifestou? Ele se encarnou! Será que não foi por misericórdia da angústia de Adão e Eva? O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que: “Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida”2.

Entendamos, ninguém pode salvar, nem restaurar a si mesmo. No entanto, apesar da desobediência e abuso da liberdade, Deus não desistiu do homem. Ele, em Sua infinita misericórdia, amou-o a ponto de, apesar de o homem estar morto por seus pecados, providenciou um meio (a Encarnação, a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo) para que pudéssemos salvar-nos da condenação eterna causada por nossos pecados. Ele passou pela paixão e morte de cruz! Será que não foi por misericórdia da humanidade? Ele ressuscitou! Será que não foi por amor e para a maior glória do Pai? Ele anunciou a vinda do Espirito Santo! Será que não foi a realização da promessa e a compaixão por seus discípulos? Ele revelou a sua volta gloriosa para julgar os vivos e os mortos! Será que sua intensão não é demonstrar a sua misericórdia para todos aqueles que reconheçam o Seu senhorio?

Sendo Maria Santíssima a Mãe da Graça incriada, que é Jesus Cristo, ela também é a Medianeira de todas as graças. Se Jesus é misericórdia, a Virgem Maria também é o canal da misericórdia:

Deus Filho comunicou a sua Mãe tudo que adquiriu por sua vida e morte: seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis. Fê-la tesoureira de tudo que seu Pai lhe deu em herança; é por ela que ele aplica seus méritos aos membros do corpo místico, que comunica suas virtudes, e distribui suas graças; é ela o canal misterioso, o aqueduto, pelo qual passam abundante e docemente suas misericórdias3.

Nós acreditamos nas Escrituras, mas também na Tradição e na doutrina do Santo Magistério da Igreja. Situações e verdades existiram, mesmo que não as encontremos na Revelação e no Magistério, como nos atesta as Sagradas Escrituras: “Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever” (Jo 21, 25). Podemos até supor e imaginar as cenas bíblicas e o decorrer dos fatos como reflexão, mas não podemos afirmar que elas de fato ocorreram.

Tendo em conta que não estamos interpretando a Bíblia, convido-o a fazer exercícios espirituais, de contemplação e meditação, envolvendo a Mãe da Misericórdia. A humanidade esquece que o Deus de Abrão, de Isaac e de Jacó, derruba do trono os poderosos e exalta os humildes (cf. Lc 1, 52). Mas, Maria, a Arca da Aliança do Novo Testamento, vem nos aconselhar sobre o amor e o temor. Nossa Snehora vem nos lembrar que é Deus quem faz! Além disso, ela nos indica as tantas e infinitas misericórdias Dele, respondendo a saudação de Isabel, nestes termos: “Porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos” (Lc 1, 49-51).

Você já imaginou a dor e aflição de Isabel, que tanto queria ter um filho e não o tinha? Naquele tempo não ter herdeiros era visto como uma maldição. Isabel engravidou, mas não tinha com quem conversar, pois Zacarias estava mudo: “Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo” (Lc 1, 20). Diante dessa situação, estando a Virgem Maria a conviver com Isabel, estas mulheres puderam muito partilhar e cantar seus louvores a Deus. A união delas deve ter influenciado os que estavam próximos: “Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho. Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela” (Lc 1, 57-58).

A Virgem Maria pode até não fazer milagres e prodígios, mas ela soube convencer seu Filho nas Bodas de Caná. Você percebe o cuidado da Virgem Maria querendo proteger os noivos da murmuração dos convidados da festa de casamento? Imagina o olhar consternado, suplicante e de autoridade da Virgem Maria para o seu filho? Pensemos que, dessa forma, Nossa Senhora diz a Jesus: “Eles já não têm vinho” (Jo 2, 3). E o olhar de doçura e, ao mesmo tempo, de firmeza de Maria ao falar os serventes? “Disse, então, sua mãe aos serventes: Fazei o que ele vos disser” (Jo 2, 5).

Quando Jesus estava em sua casa em Cafarnaum, levaram até Ele um paralítico. Na casa, havia uma multidão, por isso, os amigos do paralítico tomaram uma atitude: “descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico” (Mc 2, 4). Quem será que teve misericórdia daquele enfermo e conhecendo a casa e o lugar onde Jesus estava apontou o local exato para descerem o paralítico? Sabe o que Jesus disse? Ele disse ao paralítico: “Filho, perdoados te são os pecados” (Mc 2, 5). Isto não é um ato de misericórdia? A Virgem Maria pode até não ministrar os sacramentos, perdoar os pecados, mas ela leva, encaminha, para quem pode. Como se deu a quarta estação da Via Sacra? Como será que foi o encontro de Jesus com a sua Mãe, Maria Santíssima? Os olhares, as palavras? Houve toque, lágrimas? O que ela sentiu quando escutou o seu Filho Santo dizer no alto da Cruz: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 43).

A Virgem Maria sempre compreendeu que o fundamento da vida e da vinda de seu Filho foi sua misericórdia para com a humanidade. Não sei se você já é um consagrado a Jesus por Maria, ou se vai oficializar a sua “Escravidão de Amor”. Mas, ao se consagrar você toma um partido, agarra-se à bandeira de Cristo, por isso, a Mãe de Misericórdia fará de tudo para lhe dar a disposição de lutar e não se desviar do caminho de Deus.

Você pensa que suas ações são perfeitas? As da Virgem Maria são! Você tem mais prática em condenar ou perdoar? E a Mãe de Deus? Você já se vingou de alguém que lhe tenha feito o mal. Entre na escola da Virgem Maria, que quer te formar na misericórdia.

A promessa da Bem-aventurança: misericórdia!

Temos a convicção de que os verdadeiros devotos da Santíssima Virgem são predestinados ao Céu. Por isso, no itinerário de nossa pregação, anunciamos o papel da Virgem Maria nestes últimos tempos. Apontamos a imitação e prática das virtudes dela, conduzindo todos à consagração total, pela Escravidão de Amor. Estando com Nossa Senhora, verdadeira e simplesmente, estaremos com Cristo, contemplando as “últimas coisas”.

A consagração não é uma mágica, mas um mistério. Cremos piamente que a Virgem Maria, resplandecente em graça e misericórdia, guiará muitas almas à conversão e ao retorno a Santa Igreja Católica Apostólica Romana e “Mariana”.

Segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, nesses últimos tempos, Maria Santíssima deve brilhar, como jamais brilhou, em misericórdia, em força e graça:

Em misericórdia para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores e desviados que se converterão e voltarão ao seio da Igreja católica; em força contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos, maometanos, judeus e ímpios empedernidos, que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, com promessas e ameaças, todos os que lhes forem contrários. Deve, enfim, resplandecer em graça, para animar e sustentar os valentes soldados e fiéis de Jesus Cristo que pugnarão [combaterão] por seus interesses4.

Enfim, como a alma que se consagrou é toda de Maria, também Maria é toda dela, numa manifestação extraordinária da misericórdia divina:

A Santíssima Virgem, que é uma Mãe toda doçura e misericórdia, nunca se deixa vencer em amor e liberdade. Por isso, quando vê que alguém se lhe dá totalmente para a honrar e servir, despojando-se do que tem de mais querido para a amar, dá-se também, inteiramente e duma maneira inefável, a quem tudo lhe deu. Ela submerge-o no abismo das suas graças, Ela adorna-o com os Seus méritos, Ela lhe dá o apoio do seu poder, Ela o ilumina com a sua luz, Ela o abrasa no seu amor, Ela comunica-lhe as suas virtudes: sua humildade, sua fé, sua pureza, etc. Ela se torna a sua garantia, seu suplemento e seu tudo perante Jesus.5

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!

Mara Maria, fundadora da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus.

Links relacionados:

TODO DE MARIA. Meditações sobre as Bem-aventuranças.

TODO DE MARIA. Bem-aventurados os pobres de coração.

TODO DE MARIA. Bem-aventurados os que choram.

TODO DE MARIA. Bem-aventurados os mansos.

TODO DE MARIA. Os Bem-aventurados, a fome e sede de justiça.

Referências e notas:

1 PAPA FRANCISCO. Misericordiae Vultus, 15.

2 PAPA JOÃO PAULO II. Catecismo da Igreja Católica, 488.

3 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, 24.

4 Idem, 50, 6º motivo pelo qual Deus quer, nesses últimos tempos, revelar-nos e manifestar Maria, a obra-prima de suas mãos.

5 Idem, 144. Terceiro motivo.

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