A vida é uma peregrinação, na qual estamos a caminho, com Jesus Cristo e a sua Mãe Maria Santíssima, rumo à Terra Prometida.
O Povo de Deus caminha em peregrinação rumo à Terra Prometida, com Jesus Cristo e a Virgem Maria, a Mãe da Igreja. Ainda no Antigo Testamento, Deus fez Aliança com Abraão, fazendo dele nosso pai na fé. O Senhor prometeu a ele a terra de Canaã e uma descendência numerosa (cf. Gn 17, 8). Na plenitude dos tempos, o Pai enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo (cf. Jo 3, 16) para realizar uma nova Aliança com o gênero humano (cf. Hb 8, 1ss). O Verbo de Deus se encarnou no ventre de Maria (cf. Lc 1, 26ss), por isso ela se tornou nossa Mãe na fé, nossa “Mãe na ordem da graça […] Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até a consumação eterna de todos os eleitos” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 61).
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Jesus nos promete a vida eterna, porém há uma condição para entrar na eternidade, que é guardar a Sua Palavra (cf. Jo 8, 51). Este guardar a Palavra de Deus é muito mais do que obedecer a um conjunto de leis, como fazem os judeus. Guardar a Palavra significa a proximidade com a pessoa de Jesus, o Verbo de Deus. Guardar a Sua palavra significa encontrá-lo a cada dia na Sagrada Escritura, na oração, na Eucaristia, na caridade aos irmãos. Guardar a Palavra de Deus significa uma obediência de fé não somente ao que Jesus disse no passado, mas àquilo que Ele nos fala hoje.
Jesus se comunica conosco a cada dia, de várias formas, através da Palavra de Deus, através dos conteúdos de fé da Igreja. Jesus nos fala em nossos momentos de oração, mas também nos fatos, na nossa história, para dar um sentido à nossa existência. Cristo se dirige à nossa mente e ao nosso coração para comunicar a Sua vida, para estar conosco. Porém, ao mesmo tempo que somos chamados a estar com Jesus, somos chamados a viver por Ele, a comunicar a Sua Palavra, para que outras pessoas O conheçam: “E disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura!” (Mc 16, 15).
O encontro pessoal com Cristo me faz discípulo, estar com Ele e Dele aprender, mas, ao mesmo tempo, essa experiência me impulsiona a ser missionário. O Documento de Aparecida diz que “A Igreja peregrina é missionária por natureza, porque tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o desígnio do Pai” (DA 347). Jesus Cristo nos convida a ser discípulos, mas ao mesmo tempo, a ser missionários, a estar com Ele e anunciar a Sua Palavra. Não se trata de estarmos parados, fechados em nós mesmos, em nossos problemas, em nossos sofrimentos. Trata-se de um encontro com Cristo, que me conduz a trilhar um caminho de seguimento, não de um pensamento ou uma ideologia, mas de uma Pessoa. Trata-se de um caminho de seguimento a pessoa de Jesus, de crescimento, de maturidade na fé, que se dá aos poucos.
O caminho de seguimento de Jesus Cristo, implica deixar tudo para segui-Lo (cf. Mt 19, 21) e isso muitas vezes nos incomoda. Deixar tudo significa o desapego das coisas deste mundo. Pois, durante o caminho, somos tentados a voltar, a pegar de volta as coisas que deixamos para seguir Jesus. Neste caminho, quando o sofrimento nos visita, também somos tentados a abandonar a cruz de Cristo, que é condição para o seguimento (cf. Mc 8, 34). Somos tentados a abandonar a cruz dos sofrimentos por causa do nome de Jesus, por causa do nosso ser discípulo, do nosso ser missionário. O próprio Senhor nos disse o caminho de seguimento é exigente (cf. Mt 8, 20-22) e implica perseverança.
Assim, perseveremos no caminho de Jesus Cristo, mas não sozinhos. Caminhemos com Jesus presente na Igreja, em nossos irmãos na fé, em nossas comunidades, em nossas paróquias, mas também com aqueles que estão na comunhão dos santos. Caminhemos com a Virgem Maria, a Rainha do Céu, que nos auxilia em nossa peregrinação terrestre. Nossa Senhora trilhou esse caminho de seguimento a Cristo e já chegou à Jerusalém Celeste, mas continua caminhando conosco, na Igreja terrena. Por isso, nos confiemos a ela, nos consagremos inteiramente a Virgem Maria, principalmente quando o caminho tornar-se difícil. Não desistamos diante das dificuldades, pois não estamos sozinhos. A Igreja do Céu e da Terra está conosco neste caminho, que um dia terminará e então estaremos todos juntos, com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, eternamente no Reino dos Céus (cf. Ap 21, 9).