A consagração a Jesus por Maria e o casamento

Saiba se a consagração a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria pode ser feita por quem deseja se casar e se é possível conciliar a vida de consagrado com o casamento.

Neste artigo, respondemos as perguntas de dois leitores, que não identificaremos para não expor as situações que vivem. Segue abaixo as dúvidas que, em seguida, tentaremos solucionar da melhor maneira possível, para ajudar esses e outros leitores, que passam por situações semelhantes:

Tenho uma história bonita relacionada a Maria, nossa Mãe, e desejo me consagrar a ela. Gostaria de saber sobre os votos que se faz, pois, sou solteiro, mas pretendo me casar quando conhecer uma pessoa especial.

Saiba se a consagração a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria pode ser feita por quem deseja se casar e se é possível conciliar a vida de consagrado com o casamento.

Jesus Cristo e a Virgem Maria nas bodas de Caná.

Estou fazendo a preparação para me consagrar no dia 08 de Dezembro de 2017, na Solenidade da Imaculada Conceição. Eu sinto no coração o desejo e o chamado para a consagração, mas sou casada, tenho uma filha pequena, e meu esposo não tem a mesma vontade (de se consagrar), inclusive, este ano, já quis sair de casa… É possível que eu consiga conciliar a vida consagrada, conforme o método de São Luiz Maria Grignion, com meu casamento?

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Os consagrados a Jesus por Maria podem se casar?

Antes de responder a esta questão, esclarecemos que a consagração segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort pode ser feita por pessoas de qualquer estado de vida. A consagração pode ser feita por pessoas solteiras e casadas, por celibatários e religiosos, seminaristas e padres.

A consagração pode ser feita por padres e religiosos. Entretanto, a consagração não está ligada a um voto de celibato ou de castidade. Sendo assim, a pessoa solteira que se consagra pode mudar de estado de vida, ou seja, pode casar-se ou tornar-se religioso ou padre.

Em relação ao nosso estado de vida, o que muda quando nos consagramos é que não somos nós que escolhemos se vamos nos casar ou ser celibatários, padres, religiosos. Quando nos consagramos, assumimos a mesma postura da Virgem de Nazaré: “Aqui tens a escrava do Senhor. Que sua palavra se cumpra em mim” (Lc 1, 38)[1]. A pequena e humilde Maria Santíssima colocou-se como escrava do Senhor e, como tal, colocou-se inteiramente à disposição para cumprir o desígnio de Deus a seu respeito. Esta deve ser a disposição interior de todo consagrado a Jesus por Maria.

Isto não significa que não podemos tomar decisões. Por exemplo: conhecemos uma pessoa especial, ficamos encantados por ela e logo pensamos em namoro, casamento, filhos… Mas, pode ser que esta não seja a pessoa certa para nós ou que a nossa vocação não seja o Matrimônio. Por isso, antes de tomar as decisões, devemos perguntar a Jesus Cristo e a Virgem Maria: Esta é a pessoa certa para mim? Esta é a vocação à qual o Senhor me chama? Além disso, devemos estar abertos para que a Providência divina encaminhe as coisas para que se realize a vontade de Deus em nossas vidas. Essa foi a atitude da Virgem Maria e, enquanto consagrados, essa também deve ser a nossa atitude interior, de abertura para que se realize a vontade do Senhor em nós!

É possível conciliar a consagração com o Matrimônio?

Sim, é possível conciliar a vida consagrada com o casamento. Pois, como dissemos, a consagração pode ser feita por pessoas de todos os estados de vida. Pois, a consagração se adapta, de certa forma, ao nosso estado de vida. Um padre ou religioso, que tem a obrigação de rezar Liturgia das Horas e normalmente reza o Rosário, não precisa acrescentar outras orações às suas práticas de piedade. Os membros de novas comunidades, que já tem práticas de oração definidas em seus estatutos, também não são obrigados a fazer as orações indicadas por São Luís Maria no seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”[2].

Em certa medida, as pessoas casadas – principalmente aquelas que trabalham fora e necessitam disso para o sustento da família – que têm a obrigação de dar atenção ao cônjuge e de cuidar dos filhos, também não têm a obrigação de acrescentar orações às suas práticas de espiritualidade, se estas forem prejudicar o relacionamento familiar. O mais importante é que cumpramos, pelo menos, as nossas obrigações como verdadeiros católicos, que são: renunciar a Satanás e ao pecado, e cumprir os Mandamentos de Deus e os Mandamentos da Igreja.

As pessoas casadas precisam conscientizar-se de que o sacramento do Matrimônio que receberam é extremamente importante e, por isso, não pode ser negligenciado por causa de excessivas orações, principalmente se o cônjuge e os filhos não são praticantes e, devido a isso, não buscam Deus com a mesma intensidade e consequentemente não compreendem o que estamos vivenciando.

A razão principal de podermos conciliar a consagração com o casamento é que, quando nos consagramos, o primordial não são as orações que fazemos, mas a nossa entrega total a Jesus por Maria. Pela consagração, entregamos tudo que temos e somos – as nossas vidas, as nossas famílias, os nossos afazeres, as nossas orações e boas obras – a Jesus Cristo, pelas mãos da Virgem Maria. Sendo assim, tudo que temos e somos está sob os cuidados de Nossa Senhora. Por isso, independentemente da situação que vivemos com os nossos familiares, a consagração nos ajudará a cumprir os nossos deveres de estado, a amar o cônjuge e os filhos e a dar o melhor a eles.

Para viver plenamente a consagração, o casado deve transformar a sua vida – o relacionamento com o cônjuge e os filhos, bem como todos os seus afazeres – numa entrega total de amor a Jesus Cristo e a Virgem Maria. Dessa forma, tudo o que fazemos se torna oração, sacrifício, penitência, boas obras que nos santificam, fazem bem à nossa família e agradam a Deus.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo com o tema “‘Moda’ não, mudança de vida!”:

Conclusão

Assim, a consagração a Jesus Cristo e a Virgem Maria será um auxílio extraordinário em nossas vidas, independente do estado de vida em que nos encontramos. Pois, a consagração nos ajudará a renunciar ao mal, ao pecado, a realizar bem os nossos deveres de estado e nos conduzirá para Deus, que é o fim último de nossa existência.

Este foi mais um artigo do tema “Perguntas e Respostas” do blog Todo de Maria. Esperamos que nossas respostas ajudem os nossos leitores a vivenciar melhor a consagração a Jesus por Maria e a realizar a vontade de Deus em suas vidas.

Por fim, convidamos aqueles que têm dúvidas a respeito da devoção a Virgem Maria ou da consagração, segundo o método de São Luís Maria, para mandar suas perguntas para serem respondidas em nossos artigos.

Deus os abençoe. Salve Maria!

Artigo traduzido em francês: La consécration à Jésus par Marie et le mariage.

Links relacionados:

TODO DE MARIA. A consagração a Maria e a comunhão.

TODO DE MARIA. A consagração e a oração do Terço.

TODO DE MARIA. Como viver a consagração a Maria?

Referência e nota:


[1]  LUIS ALONSO SCHÖKEL. Bíblia do Peregrino.

[2]  SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, 234-255.

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