A consagração de Maria

A consagração da Virgem Maria no desígnio de Deus para a salvação da humanidade.

A consagração da Virgem Maria no desígnio da salvaçãoO Pai das misericórdias quis o “sim”, a consagração total da Virgem Maria ao desígnio salvífico de Deus (cf. Lc 1, 38), antes da Encarnação do Verbo. Como uma mulher contribuiu para a morte (cf. Gn 3, 6ss), Deus quis que outra mulher contribuísse para a vida. Deus adornou Maria com dons dignos de tão grande missão. O Espírito Santo a modelou, fez dela uma nova criatura. Enriquecida, desde o primeiro instante da sua concepção imaculada, com os esplendores de uma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saudada pelo Anjo, da parte de Deus, como “cheia de graça” (Lc 1, 28).

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A palavra “graça”, no grego “charis”, tem a mesma raiz que as palavras “alegria” e “alegrar-se”, do grego “chara” e “chairein”. Esta palavra, que diz da “alegria” da Filha de Sião na profecia de Sofonias (cf. Sf 3, 14) está relacionada com a expressão “cheia de graça” (Lc 1, 28) em Lucas. A alegria profunda e duradoura provém da graça, por isso, só pode ser vivida por quem está em graça. Graça é alegria que brota da relação entre Deus e o homem. A expressão “cheia de graça” (Lc 1, 28) poderia ser traduzida por “cheia do Espírito Santo”.

A graça, no sentido próprio e mais profundo da palavra não é algo que vem de Deus, mas é o próprio Deus. Quando o Anjo diz que Maria é “cheia de graça”, significa que ela é uma pessoa totalmente aberta, que se dilatou completamente, que se entregou audaciosa e ilimitadamente, sem impor limites, sem temor quanto ao seu próprio destino, nas mãos de Deus. Significa que a Virgem vive inteiramente a partir da sua relação com Deus e no interior dessa relação. Nossa Senhora é um ser que ama com a amplitude e a generosidade do verdadeiro amor, que comporta a disponibilidade para o sofrimento que existe no amor.

Ao anúncio do mensageiro celeste (cf. Lc 1, 28-37), Maria responde: “eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Deste modo, Maria de Nazaré, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus Cristo. “Não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele, servindo pela graça de Deus onipotente o mistério da Redenção” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 56).

A Virgem Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas cooperou livre e ativamente, pela sua fé e obediência, no desígnio divino da salvação dos homens. Ela consagrou-se inteiramente à vontade do Pai, gerando pela ação do Espírito Santo o Filho de Deus, e Nele cada um dos filhos de Deus. Com a sua obediência, Maria tornou-se causa de salvação para si e para todo a humanidade. “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 56).

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