Conheça a impressionante história da aparição de Nossa Senhora das Graças a Afonso Ratisbonne, jovem banqueiro judeu que se converteu ao catolicismo.
Há 174 anos, no dia 20 de Janeiro de 1842, Nossa Senhora das Graças apareceu a Afonso Tobias Ratisbonne, que milagrosamente se converteu ao catolicismo. Naquele tempo, ele era um jovem banqueiro judeu, aparentado à família Rothschild, que na época já era uma das famílias mais ricas do mundo. Ratisbonne era culto, inteligente, bem relacionado e de família muito rica, por isso tinha um futuro promissor pela frente, pelo menos do ponto de vista material.
O que impressiona na conversão deste homem, além do fato de ser judeu na época, é que ele nutria um ódio implacável contra a Igreja Católica. O jovem Afonso era judeu não praticante. Ele dizia que até poderia converter-se ao protestantismo, mas jamais ao catolicismo. Nesse estado de alma, de verdadeiro ódio à Igreja Católica, Ratisbonne ganha de presente aquele que será o sinal da sua conversão: a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças.
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O contexto histórico da conversão de Ratisbonne
A partir de 1830, quando Nossa Senhora a revelou a Santa Catarina Labouré as graças que seriam derramadas através da Medalha Milagrosa, houve uma divulgação espantosa. A devoção cruzou os oceanos e se espalhou por todo o mundo. Nesse processo histórico, a conversão do jovem judeu Afonso Ratisbonne atraiu as atenções de toda a Europa para a Medalha e, dessa forma, contribuiu expressivamente para a sua divulgação.
Afonso Ratisbonne era um jovem judeu, de uma família de banqueiros estabelecidos em Estrasburgo, que hoje pertence à França. O jovem tinha grande projeção social, principalmente por causa das riquezas de sua família e do parentesco com a famosa família Rothschild.
O irmão mais velho de Afonso, chamado Teodoro, converteu-se ao catolicismo em 1827 e, anos mais tarde, ordenou-se sacerdote. Consequentemente, teve seus laços rompidos com a família. Por isso, as esperanças dos Ratisbonne se voltaram para o jovem Afonso, que nasceu em 1814.
Afonso era inteligente e bem-educado. Pouco antes de sua conversão, o rapaz concluiu o curso de Direito e estava noivo de uma jovem judia. Aos 27 anos, antes do casamento, Ratisbonne quis fazer uma viagem de férias pela Itália e pelo Oriente. Quando retornasse, pretendia casar-se e assumir seu lugar na próspera empresa bancária da família. Mal sabia o que lhe aconteceria em Roma, na Itália.
Nossa Senhora das Graças na vida de Ratisbonne
Afonso era de religião judaica por causa de sua família, embora não fosse praticante. O jovem nutria entranhado ódio pela Igreja Católica, principalmente por causa do ressentimento de toda sua família por causa da conversão do irmão mais velho. Ele não pretendia mudar de religião, mas dizia que, se um dia mudasse, seria protestante, mas jamais católico.
Na Cidade Eterna, Ratisbonne esteve por algum tempo como turista, observando as obras de arte expostas nos museus. Por mera curiosidade cultural, visitou também algumas igrejas católicas, o que consolidou ainda mais o seu ódio contra o catolicismo.
Durante sua estadia em Roma, visitou um antigo colega chamado Gustavo de Bussières, com quem mantinha estreita amizade. Gustavo era protestante e tentou insistentemente convencer Afonso de suas convicções religiosas, mas em vão. Na casa do amigo, Afonso foi apresentado ao seu irmão, Barão Teodoro de Bussières, recém-convertido ao catolicismo. Providencialmente, ele era amigo muito próximo do Padre Teodoro Ratisbonne. O fato do Barão ser católico e amigo do seu irmão mais velho o tornavam extremamente antipático aos olhos de Afonso.
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “A Medalha Milagrosa”:
Uma visita e o presente da Milagrosa Medalha
Na véspera de sua partida para a França, Ratisbonne resolveu cumprir um dever social que lhe era muito penoso: deixar um cartão de visitas na casa do Barão Teodoro, em sinal de despedida.
Afonso desejava evitar o encontro com o Barão. Por isso, pretendia deixar discretamente o cartão e partir sem mais delongas. Porém, o criado italiano do Barão não compreendeu o francês de Ratisbonne e o fez entrar na casa.
Teodoro acolheu prontamente o jovem Afonso e logo estabeleceu relações cordiais com ele, procurando atraí-lo para a fé católica. Com muita insistência, conseguiu que Afonso adiasse sua partida de Roma, para que pudesse assistir a uma cerimônia na Basílica de São Pedro. Por meio de sua insistência e também pela inspiração da graça, o Barão conseguiu que Ratisbonne aceitasse de presente uma Medalha Milagrosa e prometesse copiar uma oração muito bonita a Nossa Senhora: o “Lembrai-Vos”, de São Bernardo de Claraval.
Afonso estava interiormente enraivecido pelo atrevimento de Teodoro lhe fazer essas propostas. No entanto, resolveu passar por tudo aquilo com aparente bondade, na esperança de escrever um livro com o relato de sua viagem, como declarou mais tarde. No seu livro, o Barão seria apenas um personagem excêntrico, e nada mais.
Nossa Senhora das Graças e a conversão de Ratisbonne
No dia 18 de janeiro de 1842, faleceu em Roma um amigo do Barão Teodoro de Bussières, o Conde de La Ferronays, antigo embaixador da França junto à Santa Sé, homem de grande virtude e piedade. Na véspera de sua morte repentina, o Conde conversou com Barão sobre Ratisbonne e rezou cem vezes a oração “Lembrai-Vos”, por sua conversão, a pedido do amigo. “É possível que tenha chegado a oferecer sua vida a Deus pela conversão do jovem banqueiro”[1].
No dia 20, por volta do meio-dia, o Barão de Bussières foi à Igreja de Sant’Andrea delle Fratte para tratar das exéquias do falecido amigo, que seriam realizadas no dia seguinte. Afonso acompanhava Teodoro de mau humor, criticava violentamente a Igreja e zombava da devoção dos católicos. Quando chegaram à igreja, o Barão pediu licença a Ratisbonne por alguns minutos e entrou na sacristia, para tratar das exéquias. Sozinho, Afonso pôs-se a percorrer uma das naves laterais da igreja, pois estava impedido de passar para o outro lado, por conta dos preparativos das exéquias do Conde na nave central.
Minutos depois, Teodoro retornou em busca de Afonso, mas não o encontrou. Depois de muito tempo à sua procura, encontrou Afonso do outro lado da igreja, ajoelhado junto a um altar, soluçando. Ratisbonne não era mais um judeu, mas um convertido, que ardentemente desejava o Batismo. O que se passou nesses minutos, o próprio Afonso contou:
Eu estava havia pouco na igreja, quando, de repente, senti-me dominado por uma inquietação inexplicável. Levantei os olhos; todo o edifício havia desaparecido à minha vista; uma só capela tinha, por assim dizer, concentrado toda a luz, e no meio desse esplendor apareceu, de pé sobre o altar, grandiosa, brilhante, cheia de majestade e de doçura, a Virgem Maria, tal como está na minha Medalha; uma força irresistível atraiu-me para Ela. A Virgem fez-me sinal com a mão para que eu me ajoelhasse, e pareceu-me dizer: muito bem! Ela não me disse nada, mas eu compreendi tudo[2].
O homem que entrou na Igreja judeu e saiu católico
Afonso Ratisbonne não soube explicar como havia passado de um lado ao outro da igreja, já que a passagem pela nave central estava obstruída. No entanto, diante da grandeza do milagre de sua conversão, esse era apenas um pormenor.
A notícia da conversão milagrosa, fulminante e completa de Ratisbonne rapidamente se espalhou, causando grande comoção por toda a Europa. Isso fez com que o Papa Gregório XVI quisesse conhecer o jovem Afonso, que foi recebido paternalmente. Para que não houvesse dúvida, o Santo Padre “ordenou um inquérito minucioso, dentro do maior rigor exigido pelas normas canônicas. A conclusão foi que realmente se tratou de um autêntico milagre”[3].
O judeu, que antes odiava a Igreja Católica e desprezava tudo que dizia respeito a ela, foi batizado com o nome de Afonso Maria, em homenagem a Santíssima Virgem. Ratisbonne renunciou à família para seguir sua vocação. Ele também abriu mão do casamento com uma jovem judia, desapegou-se da fama, da carreira de advogado, da fortuna de banqueiro, para entrar na Companhia de Jesus. Nos jesuítas, em 1847, foi ordenado Sacerdote. Depois de algum tempo, por recomendação do Papa Pio IX, Padre Afonso deixou a Companhia de Jesus e uniu-se ao seu irmão Teodoro. Com ele, fundou a Congregação dos Missionários de Nossa Senhora de Sion, dedicada à conversão dos judeus.
Padre Teodoro difundiu a Congregação na França e na Inglaterra e o Padre Afonso Maria foi para a Terra Santa. Em Jerusalém, Ratisbonne comprou o terreno onde era o Pretório, lugar do julgamento de Jesus Cristo por Pôncio Pilatos (cf. Mc 15, 16). Nesse lugar, Afonso estabeleceu uma casa da Congregação. Depois de trabalhar incansavelmente pela conversão dos judeus, os dois irmãos Ratisbonne faleceram no ano de 1884, ambos com fama de homens de excepcionais virtudes.
Oração de São Bernardo de Claraval: “Lembrai-Vos” (em latim: Memorare)
Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, ó Virgem entre todas singular, como Mãe recorro; de Vós me valho, gemendo sob o peso dos meus pecados, e me prostro a vossos pés. Não desprezeis minhas súplicas, ó Mãe do Filho (Verbo) de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia, e de me alcançar o que vos rogo. Amém[4].
Nossa Senhora das Graças, rogai por nós!
Links relacionados:
TODO DE MARIA. Maria, Medianeira de todas as graças.
TODO DE MARIA. Nossa Senhora das Graças e o Comunismo.
TODO DE MARIA. Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa.
Referências:
[1] CATOLICISMO. A conversão de Afonso Ratisbonne.
[2] Idem.
[3] Idem.
[4] SENDARIUM. Oração: ‘Lembrai-Vos’ (São Bernardo De Claraval).