A meditação dos mistérios de Cristo

Saiba por que a meditação dos mistérios de Jesus Cristo é importante para nossa santificação e salvação.

São Luís Maria Grignion de Montfort, no seu livro “O Segredo do Rosário”, nos explica por que a meditação dos mistérios de nosso Senhor Jesus Cristo são meios necessários para alcançar a perfeição cristã e a salvação eterna. Este é o caminho ordinário de santificação e de salvação que todos nós devemos trilhar, pois faz parte da Tradição da Igreja Católica, das suas origens mais remotas.

Saiba por que a meditação dos mistérios de Jesus Cristo é importante para nossa santificação e salvação.

Nossa Senhora da Dores

A primeira a trilhar esse caminho de santificação e de salvação foi a Santíssima Virgem Maria. Cheia do Espírito Santo, ela meditava os mistérios do seu divino Filho em seu coração (cf. Lc 2, 19.51). Como que à imitação de Nossa Senhora, os santos também meditavam incessantemente os mistérios de Cristo. Nessa prática, os santos, especialmente os mártires, encontraram o caminho seguro para sua santificação e salvação.

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A Virgem de Nazaré e a meditação dos mistérios de seu Filho

Durante toda sua vida, a principal preocupação da Santíssima Virgem Maria foi a meditação nas virtudes e sofrimentos de seu divino Filho, o Verbo de Deus encarnado. Quando ela ouviu os Anjos cantarem seus hinos de alegria no Seu Nascimento e quando ela viu os pastores O adorar no estábulo, seu Coração e mente encheram-se de admiração e ela meditava sobre estas maravilhas (cf. 2, 13-19). Nossa Senhora comparou a grandeza do Verbo Encarnado com a sua grande humildade, fazendo-se pequeno. Ela meditava sobre o Menino Deus deitado na manjedoura coberta com feno e depois em Seu trono no Reino dos Céus, à direita do Pai. Meditava também sobre o poder de Deus, que veio ao mundo na fragilidade de uma criança, e a respeito de Sua sabedoria e da Sua simplicidade.

Certo dia, a Santíssima Virgem disse a Santa Brígida: “Sempre que meditava na beleza, simplicidade e sabedoria de meu Filho, meu Coração se enchia de alegria, e sempre que pensava que Suas mãos e pés seriam perfurados com cruéis pregos, pranteava amargamente e meu Coração se partia de dor e tristeza”[1].

Depois da Ascensão de Jesus Cristo aos Céus, Nossa Senhora passou o resto de sua vida visitando os lugares que foram santificados com a presença de seu Filho, com as suas obras, com os Seus tormentos. Quando estava nos lugares santos, Maria Santíssima costumava meditar sobre o excesso da caridade de Cristo e quanto aos indizíveis sofrimentos em Sua cruel e dolorosa paixão.

Os santos e a meditação dos mistérios de Cristo

Os santos sempre fizeram da vida de Jesus Cristo o principal objetivo de seu aprendizado. Eles meditaram sobre as virtudes e os sofrimentos do Senhor e, desta forma, alcançaram a perfeição cristã. São Bernardo de Claraval começou seu caminho espiritual por este exercício e sempre perseverou nele: “Ao início de minha conversão, fiz um ramalhete de mirra, formado pelas dores do meu Salvador e o coloquei sobre meu coração, pensando nas chicotadas, nos espinhos e pregos de Sua paixão. Utilizei de toda a minha força mental a fim de meditar nestes mistérios cada dia”[2].

Santa Maria Madalena nada mais fez que os exercícios religiosos de meditação dos mistérios de Cristo, especialmente sobre a Sua paixão, durante os últimos trinta anos de sua vida, enquanto rezava isoladamente em Sainte Baume[3].

São Jerônimo nos relata que os lugares santos eram muito visitados pelos fiéis nos primeiros séculos da Igreja. Eles peregrinavam à Terra Santa, de todos os cantos da cristandade, a fim de gravar em seus corações o grande amor e a lembrança de seu Senhor e Salvador Jesus Cristo, através da visitação dos lugares santificados pelo Seu nascimento, Sua obra, Seus terríveis tormentos e Sua morte.

A meditação dos sofrimentos de Cristo era também uma prática comum dos santos mártires e sabemos quão admiravelmente eles triunfaram diante dos mais terríveis e cruéis tormentos. Como esses homens suportaram tantas dores, tantos sofrimentos? São Bernardo diz que a maravilhosa perseverança dos mártires tinha somente uma fonte: a constante meditação nos sofrimentos de Jesus Cristo. Os mártires foram verdadeiros “atletas” de Cristo, valorosos heróis do Senhor. Enquanto o sangue deles jorrava para fora de seus corpos, que eram triturados com cruéis tormentos, suas generosas almas foram escondidas nas santas chagas de Cristo. Estas chagas fizeram deles mártires invencíveis.

Assista programa do Padre Paulo Ricardo com o tema “Aprenda a rezar o Terço”:

O dever da meditação dos mistérios de Jesus Cristo

Tendo em vista a tradição bimilenar da Igreja de Cristo, todos nós cristãos católicos temos a mesma fé e adoramos o único Deus e Senhor, e todos nós almejamos a mesma felicidade eterna, no Reino dos Céus. Além disso, possuímos um só Mediador, que é Jesus Cristo (1 Tm 2, 5). Sendo assim, todos nós devemos imitar Seus exemplos e, para conseguir isso, precisamos meditar nos mistérios de Sua vida, de Sua paixão, de Sua glória e em Suas virtudes.

É um grande erro pensarmos que somente os sacerdotes e religiosos, aqueles que se separam da agitação do mundo, devem meditar sobre as verdades de nossa fé e os mistérios da vida de Jesus Cristo. Se os sacerdotes e religiosos têm esta obrigação de meditar sobre as grandes verdades da Santa Igreja Católica, a fim de viver dignamente sua vocação, a mesma obrigação é devida a nós leigos. Pois, diariamente encontramos os perigos espirituais que podem nos levar a perder nossa alma no inferno. Então, devemos armar-nos com a meditação frequente sobre a vida, virtude e sofrimentos de nosso Senhor Jesus Cristo, que são tão profundamente meditados nos mistérios do Santo Rosário.

Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

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Referências e nota:


[1]  SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. O Segredo do Rosário, p. 45.

[2]  Idem, ibidem.

[3]  Diz a tradição que Santa Maria Madalena passou os seus últimos trinta anos de vida em Provence, na atual França, lugar que depois passou a chamar-se Sainte Baume, que significa Santo Bálsamo, uma alusão ao perfume com o qual ela ungiu Jesus Cristo antes de sua paixão e morte  (cf. Mc 14, 3; Jo 12, 3). Peregrinos do mundo inteiro vão à Igreja Dominicana de Sainte Baume venerar a relíquia da cabeça de Madalena (cf. Encyclopedia Catholica).

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