Meditemos sobre a alegria, a consolação e a santificação que acompanham o mistério da Visitação da Virgem Maria.
Imaginemos ver Maria Santíssima que, partindo de Nazaré, apressa o passo a fim de, o quanto antes, visitar, consolar e santificar sua prima Santa Isabel com a sua presença e a do Filho de Deus, que trazia em seu ventre: “Exsurgens Maria, abiit in montana cum festinatione, in civitatem Iuda —Levantando-se Maria, foi apressadamente às montanhas, a uma cidade de Judá” (Lc 1, 39).
Santa Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, exalta sua prima como Mãe de Deus. Mas, a divina Mãe do Verbo de Deus encarnado humilha-se profundamente, atribuindo ao Senhor os louvores que lhe são dirigidos (cf. Lc 1, 46, 55). Enchendo toda aquela família dos favores mais importantes e decisivos, Nossa Senhora começa desde então a ser a dispensadora das misericórdias divinas.
“Ó Virgem Santíssima, dignai-vos de visitar também a minha alma e de a enriquecer com a santa humildade e com um amor ardente para com Deus e o próximo”[1].
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A consolação e a alegria da visitação de Nossa Senhora
Maria Santíssima parte de Nazaré para ir à cidade de Hebron, na região montanhosa de Judá, distante cerca de 110 km, por montanhas escabrosas, sem outra companhia senão a de São José, seu castíssimo Esposo. A Santíssima Virgem apressa os passos, como diz o evangelista São Lucas: “Levantando-se Maria, foi apressadamente às montanhas, a uma cidade de Judá” (Lc 1, 39). — “Dizei-nos, ó Virgem santa, porque é que empreendeis uma viagem tão longa e penosa, e apressais tanto os passos? Eu vou – responde – cumprir o meu ofício de caridade; vou levar consolo a uma família”[2].
“Ó grande Mãe de Deus, se, pois, o vosso ofício é consolar as almas e dispensar-lhes graças, ah! vinde consolar e visitar também a minha alma. A vossa visita santificou então a casa de Isabel; vinde, ó Maria, e santificai agora a minha alma”[3].
Eis que a Santíssima Virgem chega à casa de Isabel. Nossa Senhora não tinha dado à luz, mas já é Mãe de Deus. No entanto, apesar disso, ela é a primeira a saudar sua Prima: “Intravit et salutavit Elisabeth — Ela entrou e saudou Isabel” (Lc 1, 40). Esta, iluminada pelo Senhor, sabe que o Verbo se fizera carne e filho de Maria, por isso, chama a Virgem de bendita entre as mulheres e bendiz o fruto das suas entranhas: “Benedicta tu in mulieribus, et benedictus fructus ventris tui” (Lc 1, 42). Cheia de confusão e, ao mesmo tempo, de alegria, exclama Isabel: “Donde me vem esta honra de vir a mim a Mãe de meu Senhor?” (Lc 1, 43).
A visita da Virgem Maria e a santificação das almas
Que responde a humilde Virgem Maria? Do mais íntimo de seu Coração, diz: “Minha alma engradece o Senhor — Magnificat anima mea Dominum” (Lc 1, 46). Como se ela dissesse: Isabel, tu me louvas; mas eu louvo o meu Deus, que quis exaltar a sua humilde escrava, à dignidade de sua Mãe: “Respexit humilitatem ancillae suae” (Lc 1, 48).
“Ó Maria Santíssima, já que dispensais tantas graças àquele que vo-las pede, rogo me deis a vossa humildade. Vós vos julgastes um nada diante de Deus; mas eu sou menos do que o nada, por ser nada e pecador. Vós me podeis fazer humilde. Fazei-o pelo amor desse Deus que vos fez sua Mãe”[4].
Maria Santíssima apenas saúda Isabel e o que acontece? “Exultavit infans in utero eius, et repleta est Spiritu Sancto Elisabeth — A criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1, 41). O menino João Batista exulta de alegria ao receber a graça divina já antes de nascer; Isabel foi cheia do Espírito Santo e, pouco depois, Zacarias, o pai de João, é consolado pela restituição da fala (cf. Lc 1, 64).
“É, pois, pura verdade, ó minha Rainha e Mãe, que por vosso intermédio são dispensadas as graças divinas e santificadas às almas. Não vos esqueçais de mim, vosso pobre servo, que vos ama e pôs em vós todas as suas esperanças”[5].
Assista pregação do Padre Paulo Ricardo, no Kairós Mariano, com o tema: “No fim, meu Imaculado Coração triunfará”:
Oração de Santo Afonso Maria de Ligório a Virgem da Visitação
Ah, minha amadíssima Senhora, vós, que tanto vos apressastes em ir santificar pela vossa visita a casa de Isabel, dignai-vos de apressar a visita à pobre casa da minha alma. Apressai-vos, pois melhor do que eu sabeis quanto ela é miserável e enferma, cheia de afetos desordenados, maus hábitos e pecados cometidos; outras tantas enfermidades pestilenciais que a podem conduzir à morte eterna. Vós a podeis fazer rica, ó tesoureira de Deus, vós a podeis curar de todas as suas enfermidades. Visitai-me então durante a minha vida, mas sobretudo visitai-me na hora da minha morte, porque então a vossa assistência ser-me-á mais necessária.
Ó minha Rainha, não pretendo que venhais visitar-me cá na terra pela vossa presença visível, como concedestes a tantos servos vossos; eles não eram indignos e ingratos como eu; contento-me com a felicidade de ir um dia contemplar a vossa face no reino celeste, onde saberei melhor amar-vos e agradecer todos os bens que me haveis feito. Nesta vida basta-me que me visiteis pela vossa misericórdia e que intercedais por mim. Ó minha Mãe amabilíssima, atendei-me pelo amor de Jesus Cristo. — “E Vós, ó Senhor, concedei aos vossos servos o dom da graça celeste, para que, assim como o parto da Santíssima Virgem foi para nós o princípio da salvação, também a festiva solenidade da sua Visitação nos dê aumento de paz”[6].
Nossa Senhora da Visitação, rogai por nós!
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A graça e a alegria da Visitação.
TODO DE MARIA. A visitação de Maria e a graça do Espírito.
TODO DE MARIA. A Visitação de Maria, Medianeira das Graças.
Referências:
[1] SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Meditações para todos os dias e festas do ano: Tomo II, p. 354.
[2] Idem, p. 355.
[3] Idem, ibidem.
[4] Idem, p. 356.
[5] Idem, ibidem.
[6] Idem, ibidem.