Saiba o que são as distrações involuntárias durante os momentos de oração e quais são as suas causas.
Nesta aula do curso “Ensina-nos a Orar”, Padre Paulo Ricardo trata das distrações involuntárias na oração e das suas causas. Anteriormente, vimos qual é a natureza das distrações, ou seja, o que é uma distração. Agora precisamos ver quais são as suas causas; por quê? Porque não existem somente as distrações voluntárias, ou seja, colocamo-nos numa tentativa de rezar, mas a nossa cabeça começa a “voar” para tantas coisas e preocupações; por quê? Pode ser porque não temos virtude, ou seja, não estamos querendo tomar as rédeas de sua vida espiritual.
Bom, se a distração fosse somente isso, estava resolvido o problema. Era só promover a nossa virtude e então ficaremos sempre concentrados. Mas, infelizmente, não é somente isso. Não existem somente as distrações voluntárias. Existem distrações involuntárias, das quais nós não somos culpados. É importante saber quais são essas distrações e quais são as suas, para que não fiquemos nos torturando. Porque senão, propomo-nos a rezar, mas as distrações acontecem e então dizemos: “puxa vida, eu sou um pecador mesmo…”, não é? E vamos nos confessar de uma coisa que, no fundo, no fundo, não temos culpa alguma.
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O objeto obscuro da nossa oração
Quais são então as cinco causas de distrações involuntárias, das quais nós não somos culpados? Em primeiro lugar, o objeto que nós queremos contemplar, ou seja, que nós queremos aplicar a nossa inteligência, a nossa vontade, é o que nós chamamos de recolhimento. Este é um objeto obscuro, digamos assim, difícil de alcançar para o nosso intelecto. Pois, a nossa inteligência está acostumada com a luminosidade das coisas que nós vemos e não com a obscuridade do objeto da fé.
Para entender isso, vamos fazer uma comparação: imaginemos um cenário, que está totalmente na penumbra, mas há um objeto bem iluminado. O que é que a nossa visão faz? O que é que os nossos olhos fazem? Procuram o lugar onde está a luz. Fazendo isso, sentimo-nos muito mais confortáveis, por enxergar aquilo que está iluminado, do que ficar procurando um objeto escondido na penumbra, que não enxergamos direito. Esse é o problema da oração.
A oração é procurar um objeto na penumbra da fé, enquanto a nossa inteligência se sente muito mais confortável enxergando um objeto na luminosidade do nosso dia a dia. Por isso, é mais fácil pensar na conversa que tivemos com nosso amigo, momentos antes da oração, do que pensar na vida eterna ou no amor de Deus, que são objetos que estão lá, são verdadeiros, mas estão escondidos na penumbra da fé.
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre as “Distrações involuntárias e suas causas”:
A natureza decaída e as doenças
A primeira coisa é que existe uma tendência para a distração na própria realidade que estamos tentando contemplar, que estamos tentando ver através de um ato de fé, que é a oração. Além disso, quais são as outras quatro causas? Essa primeira é uma causa intrínseca do próprio objeto, mas existe o problema da nossa natureza decaída. Essa segunda causa de nossas distrações na oração faz com que a nossa inteligência e a nossa vontade sejam afetadas a todo momento pelas nossas paixões desordenadas. Nós temos certa debilidade da inteligência e da vontade por causa do nosso pecado.
Se nós fossemos Jesus Cristo ou se nós fossemos a Virgem Maria, sem o pecado original, a nossa inteligência e a nossa vontade não teriam dificuldade nenhuma de rezar. Além disso, nós ainda não passamos pelo processo de purificação, nós ainda somos principiantes. Ainda não temos aquilo que os santos adquirem quando passam pela purificação. Então, vamos ter que aguentar as nossas paixões desordenadas. Ademais, temos o fato de que fisicamente podemos estar doentes, essa é a terceira causa.
Existem doenças físicas que nos indispõe para rezar. Alguns dias, uma dor de cabeça, um mal-estar, ou alguma outra coisa, impede de nos concentrar. Não é algo que quisemos. E, se estamos doentes, a oração fica difícil. Então, realmente, às vezes, a oração se torna uma verdadeira luta, por causa da realidade física.
Ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “As tentações de Cristo e as nossas tentações”:
Os ataques do demônio
As duas últimas distrações são: os ataques do demônio; ou a simples permissão divina, na qual Deus permite as distrações para nos provar. Contra os ataques dos demônios, nós podemos lutar, principalmente usando a água benta. Este sacramental ajuda bastante para evitar esse tipo de ataque, embora não seja uma coisa 100% garantida. Podemos também pedir a Deus, antes de iniciar a oração, que nos livre desses ataques do demônio. Essa prática igualmente não é uma coisa que nós podemos garantir 100%, porque aí vem o número cinco: existem as permissões divinas. Deus, às vezes, quer nos ver lutar; por quê? Porque a luta é uma forma de nós mostrarmos o nosso amor. Se nunca lutamos por nada, é porque nunca amamos nada.
Se lutamos por Deus, se mostramos que amamos Deus, talvez seja aqui que nós tenhamos que passar por esse vale da sombra da morte (cf. Sl 22, 4) das distrações. Quem sabe até pelo vale da aridez, que são as distrações quando elas realmente se tornam uma realidade estável na nossa vida. Se Deus permite as distrações, é porque quer nos ver lutar. Ele quer ver o nosso amor.
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PADRE PAULO RICARDO. Projeto Terceira Morada.
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TODO DE MARIA. Padre Paulo Ricardo ensina-nos a orar.