O Papa João Paulo II, na “Carta Apostólica Salvifici Doloris sobre o sentido cristão do sofrimento humano”, refletiu sobre o Evangelho do Sofrimento.
Pode parecer contraditório falar de Evangelho do sofrimento, pois Evangelho significa boa nova, boa notícia. Como então falar da Boa Nova do sofrimento? Como o sofrimento pode ser uma boa notícia? Para refletir o tema do sofrimento, nos debruçaremos sobre este escrito, a “Salvifici Doloris”, do nosso saudoso “João de Deus”.
O Papa João Paulo II, na “Salvifici Doloris”, diz que o próprio Redentor escreveu este Evangelho com o seu sofrimento, assumido por amor, para que o homem “não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). O sofrimento de Cristo, assumido com Seus ensinamentos, foi fonte abundante para aqueles que abraçaram a Sua cruz. Dentre estes, toda a vida de Maria é um testemunho deste Evangelho do sofrimento.
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Os sofrimentos de Maria, numerosos e intensos, unidos aos sofrimentos de Cristo, demonstram a sua fé inabalável. Além disso, estes contribuíram para a Redenção de todos. Desde o anúncio misterioso do Anjo, na sua missão de mãe, Maria estava destinada a compartilhar, de maneira única e irrepetível, a missão do seu Filho. Isso se confirma na profecia do velho Simeão (cf. Lc 2, 25) e pela fuga para o Egito (cf. Mt 2, 14).
Depois das vicissitudes da vida oculta e pública de Jesus, por ela certamente partilhadas, foi no Calvário que o sofrimento de Maria Santíssima, junto aos do seu Filho, atingiu o ponto culminante. Sofrimento este que foi fecundo para a salvação universal. Na subida ao Calvário e na sua permanência aos pés da cruz (cf. Jo 19, 25), Maria participa da morte redentora de Cristo. As palavras de Jesus na cruz são como que a entrega solene deste Evangelho do Sofrimento, que deveria ser anunciado a todos os fiéis.
Por sua presença, por sua compaixão, Maria participa de modo singular neste Evangelho do Sofrimento. Ela realiza antecipadamente aquilo que mais tarde Paulo diria. Nossa Senhora completa na sua carne e no seu coração, “aquilo que falta aos sofrimentos de Cristo” (Col 1, 24). O Evangelho do sofrimento não diz apenas da presença do sofrimento no Evangelho, como um dos temas da Boa Nova. Este Evangelho também é a revelação da força salvífica e do significado salvífico do sofrimento na missão messiânica de Cristo e na missão e na vocação da Igreja.
Jesus Cristo quer penetrar no ânimo de todas a pessoas que sofrem, através do coração da sua Virgem das Dores. Como um prolongamento da Sua maternidade, que pelo Espírito Santo Lhe havia dado a vida, em Sua morte, Cristo deu a Nossa Senhora uma nova maternidade, espiritual e universal, em relação a todos os homens. Jesus fez isso a fim de que cada um deles, na peregrinação da fé, à semelhança de Maria e junto com ela, permanecesse intimamente unido a Ele até à Cruz. Este é o Evangelho do sofrimento: “todo o sofrimento, unido ao sofrimento de Cristo na cruz, de fraqueza do homem se torna poder de Deus.