“Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo” (Ef 1, 11b,12).
Hoje, somos chamados a recordar essa verdade fundamental a nosso respeito: Deus nos escolheu para sermos aqueles colocam sua esperança em Cristo. Devemos trabalhar para ganhar o nosso sustento, estudar para adquirir conhecimento, pensar no futuro, constituir uma família, construir a casa própria, realizar-se numa profissão. Tudo isso é necessário, mas a vida que o Senhor reservou para nós é muito mais do que isso. Ele nos escolheu para sermos homens de fé, que colocam sua esperança em Jesus Cristo e, por isso, produzem frutos de caridade.
Deus nos chamou para esta alta vocação, mas como isso acontece na prática?
Em Jesus, nós ouvimos a Palavra da Verdade e o Evangelho que nos salva (cf. Ef 1, 13a). Cristo é a Palavra, o Verbo de Deus, que se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1, 14a). Ele é a própria Verdade, que veio ao mundo para revelar plenamente o homem ao próprio homem. Ele é o Evangelho, a Boa Nova, que somos chamados a acolher em nossas vidas. Pois, Jesus veio ao mundo para nos revelar o amor de Deus e entregar-se inteiramente ao desígnio do Pai, para realizar a nossa salvação (cf. Jo 3, 16).
Em Cristo, acreditamos e fomos marcados com o selo do Espírito Santo (cf. Ef 1, 13b). Nele, somos capazes de crer na Palavra de Deus, que nos foi transmitida pelos Apóstolos. Estes nos transmitiram a fé em Jesus Cristo, que nos enviou o Seu Espírito. Por Ele, recebemos o Espírito Santo e por Ele fomos marcados com selo da nossa herança, que é a nossa salvação (cf. Ef 1, 14), que nos foi alcançada pelo mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo.
O Espírito Santo habita em nós, por isso, devemos nos deixar conduzir por Ele e não satisfazer os desejos da carne, que são contrários aos do Espírito (cf. Gl 4, 16-17). Segundo Paulo, estas obras da carne são: “imoralidade sexual, impureza, devassidão, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes, iras, intrigas, discórdias, facções, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes” (Gl 5, 19-21a).
Não devemos satisfazer os desejos da carne, pois o Apóstolo dos gentios nos adverte: “os que praticam essas coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl 5, 21b). Se não satisfazemos os desejos da carne e nos deixamos conduzir pelo Espírito de Deus, produziremos os frutos desse Espírito, que são: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5, 22-23a).
Depois de colocar em Cristo nossa fé e nossa esperança, podemos nos perguntar: como nos deixar conduzir pelo Espírito e produzir frutos pela caridade? A resposta a esta questão pode ser buscada na experiência de fé de muitos cristãos que foram fiéis a Deus. Porém, existe um exemplo insuperável, que é a Virgem Maria. Ela é a cheia de graça (cf. Lc 1, 28b), que nos ensina a sermos dóceis ao Espírito de Deus. Por isso, se queremos ser cheios do Espírito Santo, nos voltemos a ela em oração, para aprender dela essa docilidade e produzir muitos frutos para o Reino dos Céus.