Mara Carvalho e a Discípulos da Mãe de Deus

Em entrevista, Mara Carvalho conta-nos como começou sua devoção a Virgem Maria e a fundação da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus.

Neste artigo, temos a entrevista com Mara Lúcia Figueiredo Vieira de Carvalho, fundadora da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus. Mara fundou a Comunidade juntamente com seu esposo César Augusto Saraiva de Carvalho e com o cofundador, Padre Flávio Jerônimo do Nascimento. A Fundadora conta-nos primeiramente como começou sua profunda devoção a Nossa Senhora e a propagação da consagração pelo método do livro “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort.

Mara Carvalho conta-nos como começou sua devoção a Virgem Maria e a fundação da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus.

Mara Carvalho, Dom Matias P. de Macêdo, Dom Jaime V. Rocha e César Augusto S. de Carvalho na celebração do 10º aniversário da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus

A devoção de Mara Carvalho a Virgem Maria, aos poucos, vai mudando a sua vida e a de seu esposo. A partir de Mara e César, um casal consagrado a Nossa Senhora, tem início um grande apostolado de divulgação da escravidão de amor, segundo o método de São Luís Maria. Os dois começam a divulgar a consagração a Santíssima Virgem e Deus vai colocando pessoas que lhes indicará o caminho a seguir, dentre elas o Padre Flávio, carinhosamente chamado por Mara de “Padinho”. Em 2004, o Sacerdote e o casal fundam a Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus, que tem como missão formar católicos na espiritualidade monfortina da “Escravidão de Amor”1. Sem mais delongas, segue a entrevista de Mara Carvalho na íntegra:

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1. Conte aos nossos leitores um pouco sobre você e sua devoção a Virgem Maria.

O que eu podia esperar de mim? Conhecia minhas limitações, fraquezas, meus anseios e terríveis medos. Sabia que sozinha não conseguiria caminhar para Deus. Com as forças que ainda me restavam, consolava-me com a dignidade nobre de ser filha do Pai que é Deus, e tudo pode. Esta dignidade, nenhum dos meus pecados, nenhuma das minhas culpas, poderia tirar de mim. Então, comecei a clamar, para que a Mãezinha do Céu me amparasse em seu regaço acolhedor, pois desejava ter uma caminhada contínua ao encontro de Jesus, seu Divino Filho, mas faltava-me a perseverança.

Nossa Senhora, ouvindo minhas preces, fez chegar até mim, por meio da Comunidade Católica Boanerges, de Montes Claros-MG, uma fita cassete, na qual o Padre Roberto José Lettieri (Toca de Assis) divulgava a consagração a Jesus pelas mãos de Maria Santíssima, ensinada por São Luís Maria Grignion de Montfort. Fui agraciada por uma verdadeira devoção. A Virgem Maria é o meio mais eficaz para sermos fiéis a Cristo, pois seu único desejo é levar todos nós a Ele, obedecendo e amando Nosso Senhor. Tomei este presente como graça concedida pelo poder do alto. Era o que eu queria, sem nunca ter pedido.

A Rainha dos Aflitos entrou na minha vida e eu já não sabia ficar sem a companhia dela. Rezar, falar, comer ou vestir: tudo passava a ser com Maria. Assim, ela foi me moldando em suas virtudes e, na escola de Maria de Nazaré, aprendi a caridade. Hoje, minha vontade é que não somente eu, ou os que amo, mas todas as pessoas também conheçam essa consagração a Jesus pelo método monfortino e usufruam dessa encantadora presença de Maria, a Mãe do Salvador.

Assista programa da Consagra-te TV sobre O que é a Consagração a Virgem Maria? ”:

2. Como você conheceu Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus? O que a levou a entrar na Fraternidade?2

Na verdade, foi a Fraternidade que entrou em mim! Quando a Mãe do Bom Conselho escolhe uma pessoa para assistir, cuidar e nutrir, ela pede permissão a Deus para a missão de aperfeiçoar aquela criatura e, com certeza, Deus lhe dá a concessão, pois o próprio Deus confiou a ela a educação do seu maior tesouro: Jesus. Um dia, a Auxiliadora dos Cristãos solicitou o meu nome ao seu Filho. Ela deve ter dito: “Senhor, que eu possa assistir nossa filha, pecadora, Mara”. A ela foi entregue a minha carne. Como casada, faço uma só carne com o meu esposo. Assim, fiz primeiro a minha consagração e, logo depois, César, o meu esposo.

Saímos os dois a falar, a divulgar, para as pessoas os efeitos maravilhosos que essa consagração realiza. Até que o Senhor fez cruzar o nosso caminho o Padre diocesano Flávio Jerônimo do Nascimento, da Diocese de Mossoró-RN, escravo de Maria, com mais de 50 anos de consagrado pelo método monfortino. Ele não só falava em teorias, mas testemunhava uma vivência, uma entrega total de amor a Mãe de Deus. Desse encontro, fundamentou-se um trabalho de assistência aos que aspiravam conhecer e se doar a Rainha dos Patriarcas. Deus permitiu, no ano de 2004, que fôssemos, nós três, instrumentos para fundar uma casa Eucarística e Mariana, uma nova comunidade no seio da Arquidiocese de Natal-RN, denominada Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus (DMD).

O Padre Flávio muito nos orientou. Tivemos muitas vezes a graça de vê-lo, in Persona Christi [na celebração da Santa Missa], falar da Virgem Maria com afeição filial. Hoje, “Padinho” já está junto de Nossa Senhora, nos protegendo, na morada que ela ajudou a preparar para ele. Agora, como intercessor, ele pede por nós, que continuemos nesta terra a edificar o Reino de Maria, para que Jesus um dia possa governar como Cristo Rei.

Hoje, somos uma Associação Privada de Fiéis de Direito Diocesano, no contexto das novas comunidades de vida e aliança. Na graça de Deus, temos aprovação diocesana de nossas casas de retiro e Estatutos.

Obedientes às orientações dadas por São Luís Maria Grignion de Montfort, no livro “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem” (TVD), a Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus está engajada na construção do exército de Maria e, como soldados apostólicos dos últimos tempos, necessitamos, além da força do alto, de treinamento e aperfeiçoamento na doutrina da fé, pois todos nós temos uma guerra a enfrentar: Satanás, suas pompas e obras.

Mara Carvalho conta-nos como começou sua devoção a Virgem Maria e a fundação da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus.

Consagra-te 2015 na Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus

3. Qual é o carisma e a missão da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus?

Carisma: fazer Maria Santíssima mais conhecida e amada, através da vivência do Evangelho, como escravos de amor de Nossa Senhora, anunciando a volta gloriosa e o Reino de Jesus.

Apostolado: nossa Palavra fundante está em I Tim 4, 13: “Aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino”. Para a realização deste direcionamento, recorremos à formação, pois só se ama o que se conhece.

A Fraternidade nasce para formar pessoas na espiritualidade monfortina da “escravidão de amor”, despertando no fiel o desejo de viver o chamado a santidade. Em resposta a este chamado, utilizamos para este serviço:

I – Cursos preparatórios para a consagração a Nossa Senhora e cursos de renovação, na forma presencial e à distância;

II – Livros na metodologia de São Luís Maria Grignion de Montfort:

– Consagra-te – Totus Tuus, Manual de consagração a Santíssima Virgem;

– Consagra-te – Espiritualidade mariana na Vida dos Santos;

– Consagra-te – Devocionário;

– Consagra-te – As portas do Inferno não prevalecerão;

– Consagra-te – Que o Rei se encante com vossa beleza;

III – Materiais didáticos em áudio e vídeo, produzidos em programas de Rádio, TV e Internet;

IV – Grupos de Oração e Adoração ao Santíssimo Sacramento;

V – Cursos em caráter de missão temporária, auxiliar ou permanente a outras comunidades e cidades, que sejam discernidos pelo conselho geral [da Fraternidade];

VI – Formações específicas, retiros e avivamentos na espiritualidade monfortina;

Assista programa da Consagra-te TV sobre a Mortificação aos olhos de São Luís M. G. Montfort”:

4. Quais os desafios para levar as pessoas à consagrar-se a Nossa Senhora?

As pessoas não estão percebendo a urgência dos tempos, o retorno glorioso do Senhor das Misericórdias para julgar a Terra. Continuam pensando que os dias podem ser levados na “valsa do que é cultural e natural” e não estão se dando conta que muitas coisas que o mundo tem proposto são infernais.

A fé em Deus tem sido substituída pela “auto estima: eu posso!”. Tem se propagado a independência da vontade divina e o desrespeito aos mandamentos tem se intensificado. Mas, é neste contexto de negação a Deus e da sua verdade, e mesmo por parte de muitos, que vivem um “catolicismo superficial”, que nós, enquanto uma nova comunidade incentivamos as pessoas à “consagração a Jesus por Maria Santíssima”.

Há pessoas que respondem ao nosso convite para fazer a consagração, fazendo indagações:

Para que a consagração, se já sou batizado? Por que se dá a Maria, se posso ir a Jesus? Quero minha liberdade, e você me propõe escravidão?

Percebemos um “protestantismo” dentro da própria Igreja em relação a consagração. E por quê?:

– Pela falta de conhecimento que as pessoas tem a respeito do papel e da missão de Maria Santíssima como Corredentora da humanidade. E, como diz Montfort, por isso, não conhecem Jesus3;

– Pelo comodismo espiritual, onde as pessoas não conseguem dar passos numa vida ascética de oração e adoração, de conversão e mortificação. Consequentemente, não chegam à reparação dos males cometidos.

Assista programa da Consagra-te TV sobre a Escravidão de Amor 1!”:

5. O que é a consagração a Virgem Maria para você?

A consagração é o ato de oferecer um objeto ou uma pessoa afetuosamente a Deus. Aquilo ou aquele que é consagrado é transferido de modo permanente ao domínio de Deus, passando a ser sagrado. É verdade, no Batismo passamos a ser consagrados!

É necessário compreender também, que a consagração pelo método monfortino não é um sacramento. O Batismo nos torna filhos de Deus. Entretanto, é uma verdade que, geralmente quando se batiza alguém, este ainda é criança e quem responde aos questionamentos do Sacerdote e renuncia a Satanás, suas obras e pompas e se compromete a levá-la para Deus são os pais e padrinhos.

Quando se faz a opção por uma consagração, na verdade, se está confirmando, renovando os votos do Batismo4. Deve ser algo próprio, onde o fiel que toma a decisão, voluntariamente, ora em agradecimento a Deus por todo o seu sacrifício, paixão, morte e ressurreição, como também pela humilde necessidade de tudo depender “Daquele que é” (cf. Ex 3, 14).

A consagração na espiritualidade monfortina, quando vivida, capacita o fiel a ter sua imagem e semelhança de Deus restaurada.

Ao longo dos anos de minha consagração fui percebendo que por um tempo me satisfazia a sensação de intimidade de sentir-me “filha” da Virgem Maria. A prática da escravidão de amor foi se consolidando e se intensificando, a ponto de não me preencher em apenas, receber os favores e a proteção da Mãe de Deus. Tudo que Deus me deu, incluindo sua Mãe é tão maravilhoso, que eu não conseguia mais ser “passiva” e apenas receber como filha. Fui levada a agir como “serva, ou melhor, como escrava de amor”. O sentimento, sendo o da gratidão, passa a ser “eu” a querer proteger, propagar, anunciar, defender a minha “Senhora e Rainha”. E, ao comando dela, me empenhar na construção do Reino de Jesus.

Deus quis contar comigo! Deus quer contar com você! Pela intervenção da Virgem Maria, a humanidade está renovando a marca de filhos de Deus.

Mara Maria, fundadora da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus.

Links relacionados:

TODO DE MARIA. O Terço dos Homens e a devoção a Nossa Senhora.

TODO DE MARIA. Consagrado a Maria desde o ventre materno.

Referências:

1 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, 236.

2 Quando fiz a pergunta, não sabia que Mara Carvalho era fundadora da Fraternidade Discípulos da Mãe de Deus.

3 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 13.

4 Idem, 120; 126; 131; 162; 238.

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