Meditemos sobre os mistérios da Virgem Maria na mente e nos desígnios de Deus para a salvação de nossas almas.
Para refletir sobre a Virgem Maria na mente e nos desígnios de Deus, partimos do pressuposto de que todos nós existimos desde toda a eternidade nos desígnios do Criador. Desde toda a eternidade, Deus conhecia a todos nós perfeitamente. Em nós pensava de modo particular e, quando faltavam ainda milhões e milhões de anos para a nossa existência neste mundo, Ele já nos amava, a cada um de nós, de modo particular!
O apóstolo e evangelista São João dizia que: “Amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4, 19). Se isto se diz de todos os homens e se podemos dizê-lo particularmente de cada um de nós, que diremos de Maria Santíssima? “Sem dúvida, ela ocupava a mente de Deus no mais alto grau”[1]. Depois da Sua essência, que é o pensamento principal de Deus, o que primeiro seus olhos veem é a Santíssima Virgem. O Criador olha para ela, antes que a qualquer outra pessoa humana, e nela vê a todos nós, pobres pecadores.
Se Deus pudesse esquecer-se de todos nós e deixar de nos conhecer, o que é impossível, não poderia deixar de ver e contemplar em sua mente a Virgem Maria, pela participação que nela há de Si mesmo, pela união íntima que há entre ela e Ele. Pois, Nossa Senhora é o pensamento máximo de Deus a seguir ao que Ele tem de si mesmo.
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A ideia de Maria Santíssima na obra da criação
Quando um artista quer traduzir numa obra o ideal que a sua mente concebeu, primeiro faz ensaios com barro, para depois modelar a imagem em toda a sua perfeição.
Assim aconteceu com a criação, que foi como que um ensaio que fez o Criador para depois formar a Virgem Imaculada, a obra-prima das Suas mãos. Dessa forma, ela é como que um resumo ou síntese de toda a obra da criação. As graças e belezas repartidas pelos outros seres encontram-se acumulados e sublimados em Maria Santíssima. E, assim, ao formar Deus a sua Mãe, parece que Ele inspirou-se em toda a obra da criação, para fazê-la muito superior a todas as outras criaturas.
Deus inspirou-se nos serafins, para abrasá-la em amor; inspirou-se nos anjos, para formar a sua pureza; nos patriarcas, como Abraão, para fortalecer e robustecer a sua fé; em Rute, para lhe dar a sua modéstia; em Judite, para lhe conceder a sua coragem. No entanto, para lhe dar o seu coração de Mãe, Ele não pôde inspirar-se em na criação.
“Não há nada que possa comparar-se e assemelhar-se com o coração da Virgem Santíssima… foi necessário que Deus olhasse para o seu próprio coração para dar-lhe um coração semelhante ao seu… e assim com esse coração amasse a Deus e aos homens, como ele mesmo nos amava”[2].
A Igreja Católica aplica a Nossa Senhora estas palavras magníficas, que expressam e resumem a mesma ideia: “Antes que o Senhor criasse alguma coisa, já eu estava com ele. Quando ditava a lei aos astros e aos mares, já eu estava com ele ordenando tudo, regozijando-me continuamente com ele na sua presença” (Pr 8, 30-31). Por isso, podemos ver Maria Santíssima sempre que olharmos para os seres criados. Olhando para o azul do céu, lembrar-nos-emos do seu manto; para as estrelas, da orla que o adorna; para o sol, da sua luz, sem sombras nem manchas; para a lua, da sua plácida formosura; para as flores, da sua incomparável beleza e aroma; e, desse modo, podemos discorrer como verdadeiros devotos da Virgem Maria, que em tudo veem a sua imagem, como ela a é de Deus.
Assista ou ouça aula do Padre Paulo Ricardo com o tema “Maria no projeto de Deus“:
A ideia da Virgem Maria em nós
Deus quis que também nós a imaginássemos e pensássemos nela continuamente. O Senhor deseja que essa ideia seja igualmente a ideia central do nosso entendimento, que dê calor e movimento à vida da nossa alma. Antes de qualquer criatura, Nossa Senhora foi predestinada à graça, à glória e à dignidade incomparável de ser Mãe de Deus. Mas, depois dela, nós também fomos predestinados à graça, que nunca nos falta, à glória, se correspondermos a esta graça, e à dignidade incomparável de nos chamarmos e de sermos verdadeiramente filhos de Deus e irmãos de Jesus Cristo. Entretanto, esta altíssima dignidade está intimamente ligada com Maria Santíssima. Ela é nossa Mãe! Ela nos dá o ser de filho de Deus! Sendo assim, toda a nossa dignidade e glória há de vir de Deus, mas por meio de Maria.
Compreendemos agora a razão pela qual o Senhor quer que ela seja o pensamento dominante da nossa vida? Como realizaremos este magnífico plano divino? Procuremos deveras que a Virgem Maria seja a ideia diretriz e motriz de todos os nossos atos. Tratemos realmente de viver pensando nela, vendo a ela em tudo, procurando conformar-nos a ela, sendo sua imagem viva e perfeita, através do exercício da imitação de suas virtudes.
Peçamos graça ao Senhor e ajuda e proteção a Maria Santíssima, para procedermos assim daqui por diante. Pois, sendo ela o objeto constante de nossos pensamentos, não saberemos nunca prescindir dela, nem poderemos, como é o desejo de Deus. Oxalá que na nossa loucura nunca cheguemos a destruir ou a inutilizar este plano de Deus, pelo nosso amor-próprio ou por qualquer outra paixão, que nos estorve de ver, conhecer e amar a nossa Mãe!
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A maternidade de Maria em nossas vidas.
TODO DE MARIA. Maria é necessária para a salvação.
TODO DE MARIA. Os efeitos maravilhosos da consagração a Maria.
Referências:
[1] DR. D. ILDEFONSO RODRIGUEZ VILLAR. Pontos de meditação da vida e virtudes de Nossas Senhora, p. 12.
[2] Idem, p. 13.