Nossa Senhora, em suas aparições em Fátima, nos dirige um insistente apelo à penitência.
Na Mensagem de Fátima, o apelo à conversão e à penitência, manifestado por Nossa Senhora no início do século XX, conserva ainda hoje a sua atualidade. “A Senhora da Mensagem parece ler com uma perspicácia singular os sinais dos tempos, os sinais do nosso tempo. […] O convite insistente de Maria Santíssima à penitência não é senão a manifestação da sua solicitude materna pelos destinos da família humana, necessitada de conversão e de perdão” (João Paulo II, Mensagem para o Dia Mundial do Doente, 11 de fevereiro de 1997). Interpretando a Mensagem de Fátima, o então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, afirma que a palavra-chave da terceira parte do Segredo de Fátima é o tríplice grito do Anjo: “Penitência, Penitência, Penitência!” Em resposta aos apelos da Virgem Maria e do Anjo nas Aparições de Fátima, mais do que nunca, hoje precisamos ser homens e mulheres que tenham uma vida de penitência!
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A Santa Igreja ensina que “antes de tudo é necessária a penitência interior, isto é, o arrependimento e a purificação dos próprios pecados, o que especialmente se obtém com uma boa confissão e comunhão, e com a assistência ao sacrifício eucarístico. […] Vãs seriam, com efeito, as obras exteriores de penitência se não fossem acompanhadas da limpeza interior da alma e do sincero arrependimento dos próprios pecados” (Idem, 16). Além da penitência interior, somos convidados também à penitência exterior, para sujeitar o corpo ao comando da reta razão e da fé e para expiar as nossas próprias culpas e as do próximo. Além disso, Santo Agostinho insiste na necessidade da penitência unida à caridade: “Não basta melhorar a própria conduta e deixar de fazer o mal, se também não se dá satisfação a Deus pelas culpas cometidas, por meio da dor da penitência, dos gemidos da humildade, do sacrifício do coração contrito, juntamente com as esmolas” (Idem, 17).
A primeira penitência exterior que devemos fazer é a de aceitar de Deus, com ânimo resignado e confiante, todas as dores e sofrimentos com os quais nos deparamos durante a vida, tudo o que importa fadiga e incômodo para o exato cumprimento das obrigações do nosso estado, no nosso trabalho cotidiano e no exercício das virtudes cristãs. Além das penitências que enfrentamos pelas dores inevitáveis desta vida mortal, é necessário que sejamos generosos a ponto de oferecer a Deus mortificações voluntárias (jejuns, abstinências, penitências), à imitação de Jesus Cristo (cf. 1 Pd 4, 1).
Em nossa busca por corresponder aos ensinamentos da Igreja e aos apelos da Mensagem de Fátima na vivência da penitência, contemos com a providência de Deus e o auxílio da Virgem Maria. Renunciemos aos prazeres terrenos, que contagiam e enfraquecem as energias mais nobres do espírito. Pois, este modo de viver desregrado na maioria das vezes desencadeia as paixões mais baixas e leva a grave perigo a nossa salvação eterna. Peçamos a Virgem Maria um coração penitente, que acolha com ânimo confiante os sofrimentos da vida, e nos ofereçamos, à imitação de Jesus Cristo, em sacrifício a Deus. Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!