Saiba como o amor ao Coração Imaculado da Virgem Maria transformou a Igreja e a vida de muitas pessoas.
A devoção, o verdadeiro amor ao Imaculado Coração da Santíssima Virgem Maria foi um extraordinário impulso para a mudança, não somente de pessoas, ou de uma igreja local, mas de todo um país, que estava em uma situação crítica, principalmente se o observássemos do ponto de vista católico.
A situação política, social, e principalmente religiosa da sociedade da época que precedeu as aparições de Nossa Senhora em Fátima parece, de certa forma, um retrato bastante semelhante ao cenário caótico do mundo atual, inclusive do Brasil.
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A falta de fé, a paganização, a perda dos valores religiosos
Como no início do século XX em Portugal, em nossos dias, as grandes cidades, os enormes aglomerados de pessoas, mais importantes de nosso país descristianizaram-se e paganizaram-se quase completamente. A instrução religiosa, em geral, é deficientíssima e, em muitas partes, nula. Consequentemente, os católicos vão perdendo a fé ao ouvir os sofismas, as mentiras, contra o catolicismo e as calúnias contra o clero e a fé. A nobreza de sentimentos e os bons costumes, própria dos bons católicos, dão lugar à impiedade e à indiferença, que se fazem presentes por toda a parte.
A falta de fé viva, de piedade ardente e de espírito de sacrifício, da parte até mesmo dos poucos cristãos católicos que permanecem fiéis, faz com que nenhuma resistência séria e eficaz se oponha à onda do mal que assola o país e que tudo pretende dominar. A Igreja Católica, bastante reduzida, necessita de organização apropriada para a defesa e para o combate da fé e dos costumes. Como a Igreja estava unida ao Estado, confiava neste para a defesa de seus interesses. Por conta disso, os católicos cruzam comodamente os braços ou juntam-se em torno do governo, supondo que este ampararia eficazmente a Igreja e a sociedade.
Nesse contexto, o poder constituído começou oficialmente a voltar-se contra a Igreja, na mais terrível campanha que se pode imaginar. O pouco que ainda restava do edifício grandioso e multissecular das instituições religiosas, que o instrumento de demolição do liberalismo tinha poupado, desmantelou-se por completo. Foi neste contexto desolador, muito parecido com os nossos dias, que começaram as aparições da Virgem Maria em Fátima.
O amor ao Coração Imaculado de Maria
A segunda parte do segredo refere-se à devoção do Imaculado Coração de Maria. No dia 13 de Junho de 1917, Nossa Senhora revelou que Jacinta e Francisco logo partiriam para o Céu, mas a pequena Lúcia ainda permaneceria, pois tinha uma missão a cumprir. Entretanto, a Virgem Maria prometeu que nunca a deixaria e que Seu Imaculado Coração seria o seu refúgio e o caminho que a conduziria a Deus.
Depois de dizer estas palavras, a Mãe de Deus abriu as mãos e delas saía um reflexo que penetrava no peito dos três pastorinhos. A este respeito, disse a Irmã Lúcia: “Parece-me que, em este dia, este reflexo teve por fim principal infundir em nós um conhecimento e amor especial para com o Coração Imaculado de Maria […] Desde esse dia, sentimos no coração um amor mais ardente pelo Coração Imaculado de Maria”[1]. O amor ao Imaculado Coração de Maria era, segundo Lúcia, como que uma virtude infusa. Tendo em vista o seu caráter sobrenatural, este conhecimento só se pode explicar por uma experiência mística extraordinária que a ela foi concedida.
Após essa experiência, Jacinta dizia, de vez em quando, a Lúcia: “Aquela Senhora disse que o Seu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus. Não gostas tanto? Eu gosto tanto do Seu Coração! É tão bom!”[2]
Em 13 de Julho de 1917, no segredo, Nossa Senhora disse aos pastorinhos que Deus queria estabelecer no mundo a devoção a seu Imaculado Coração, da qual faz parte a comunhão reparadora nos primeiros sábados de cada mês. A este respeito, Jacinta dizia a Lúcia: “Tenho tanta pena de não poder comungar em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria!”[3]
A Beata Jacinta escolheu, da ladainha de jaculatórias que um sacerdote ensinou aos pastorinhos, a seguinte invocação: Doce Coração de Maria, sede a minha salvação! Às vezes, depois de dizer essas palavras, acrescentava, com a simplicidade que era natural em Jacinta: “Gosto tanto do Coração Imaculado de Maria! É o Coração da nossa Mãezinha do Céu! Tu não gostas tanto de dizer muitas vezes: Doce Coração de Maria! Imaculado Coração de Maria!? Eu gosto tanto, tanto!”[4] Conta Lúcia que, às vezes, Jacinta apanhava flores do campo a cantar uma música arranjada por ela no mesmo momento: “Doce Coração de Maria, sede a minha salvação! Imaculado Coração de Maria, converte os pecadores, livra as almas do inferno!”[5]
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Teologia da prosperidade”:
O desagravo ao Imaculado Coração de Maria
Conforme prometera, no dia 10 de Dezembro de 1925, Nossa Senhora apareceu a Irmã Lúcia, juntamente com o Menino Jesus, mostrando em sua mão um coração todo cercado de espinhos. Ao mesmo tempo, o Menino disse: “tem pena do coração de tua Santíssima Mãe que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar”[6]. Em seguida, Virgem Maria disse a Lúcia:
Olha; minha filha, o meu coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos me cravam com blasfémias e ingratidões; tu ao menos vê de me consolar e diz que todos aqueles que durante 5 meses no primeiro sábado se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 mistérios do Rosário com o fim de me desagravar, EU prometo assistir-lhes na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas[7].
Naquele tempo, já havia a devoção da comunhão nos primeiros sábados em honra de Nossa Senhora e dos quinze mistérios do Santo Rosário. Por isso, ao pedir essa devoção ao seu Confessor, este respondeu, por carta a Lúcia, que esta devoção não fazia falta no mundo, porque já havia muitas almas que a praticavam. Mas, o Menino Jesus aparece mais uma vez e insiste que deseja esta devoção:
É verdade, minha filha, que muitas almas os começam mas poucas os acabam [a devoção dos cinco primeiros sábados] e as que os terminam é com o fim de receberem as graças que aí estão prometidas; e me agradam mais as que fizerem os 5 com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu que os que fizerem os 15, tíbios e indiferentes[8].
Tendo em vista a dificuldade de muitas pessoas de se confessarem nos sábados, a Irmã Lúcia perguntou a Jesus se permitia que a Confissão de até oito dias antes do primeiro sábado fosse válida para a devoção. A isto, o Menino respondeu: “Sim, pode ser de muitos mais dias ainda, contanto que estejam em [estado de] graça no primeiro sábado quando Me receberem e que, nessa convicção anterior, tenham feito a intenção de com ela desagravar o Sagrado Coração de Maria”[9]. A Irmã também perguntou o que podemos fazer se esquecermos de formar a intenção reparadora. Jesus respondeu que podemos formar a intenção na próxima Confissão, desde que aproveitemos a primeira ocasião que tivermos de nos confessar. Dessa forma, compreendemos que a intenção reparadora é muito importante para a devoção dos cinco primeiros sábados como um todo.
Depois dessa aparição, o Senhor Jesus não apareceu mais a Lúcia, restando a ela somente o desejo de que “nas almas se acenda a chama do amor divino e que elevadas neste amor consolem muito o Sagrado Coração de Maria”[10].
O espírito de sacrifício e de penitência
Levando-se em conta a dificuldade de transporte e a ausência absoluta de quaisquer comodidades, podemos avaliar justamente o generoso espírito de sacrifício que anima milhares de pessoas que vão em peregrinação até Fátima, para rezar e fazer penitência. Em Fátima, há manifestações de fé, animadas de profundo espírito de sacrifício e de meditação dos pensamentos cristãos. Em Fátima, não existem nem poderão existir as comodidades de outros santuários marianos.
Em Fátima reza-se com profundidade, em espírito de sacrifício e de penitência. Estas são características que marcam profundamente a devoção mariana dos primeiros sábados. O espírito de sacrifício e de penitência, o amor e a reparação ao Imaculado Coração de Maria, são fundamentais para agradarmos os Sagrados Corações de Jesus e Maria.
Sendo assim, ao nos aproximar do primeiro sábado do mês, peçamos a Nossa Senhora o amor dos pastorinhos ao Imaculado Coração, o espírito de sacrifício e de penitência característico da espiritualidade de Fátima, para reparar tantas ofensas, sacrilégios e indiferenças para com este Coração de Mãe. Foi através da devoção ao Imaculado Coração de Maria que o cenário caótico de Portugal mudou radicalmente. Por isso, se estamos em situação semelhante à daquele país, convém a nós pensar se, para fortalecer esta nação católica, não devemos também abraçar a devoção ao Imaculado Coração de Maria, especialmente a devoção dos primeiros sábados. Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!
Natalino Ueda, escravo de Jesus por Maria.
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A devoção aos Corações de Jesus e de Maria.
TODO DE MARIA. A reparação ao Imaculado Coração de Maria.
TODO DE MARIA. Confiemos nossos tesouros ao Imaculado Coração de Maria.
Referências:
[1] PADRE LUÍS KONDOR. Memórias da Irmã Lúcia, p. 125.
[2] Idem, ibidem.
[3] Idem, p. 126.
[4] Idem, ibidem.
[5] Idem, ibidem.
[6] SANTUÁRIO DE FÁTIMA. Documentação Crítica de Fátima Seleção de documentos (1917-1930), p. 354.
[7] Idem, ibidem.
[8] Idem, p. 325.
[9] Idem, ibidem.
[10] Idem, ibidem.