O Cura d'Ars e a sua devoção ao Rosário

O Santo Cura d’Ars, desde sua infância, tinha particular devoção ao Rosário da Virgem Maria.

O Cura d'Ars e a sua devoção ao Rosário

São João Maria Vianney ou Santo Cura d’Ars

São João Maria Vianney, também conhecido como Santo Cura ‘Ars, desde a sua infância nutria terno amor pela Santíssima Virgem Maria e particular devoção pelo Santo Rosário. Conta-se que, quando tinha apenas quatro anos, ele possuía um lindo Rosário que estimava muito. Margarida, sua irmã mais nova, viu o Terço e o quis para si. Isso causou uma briga entre os irmãos, que levou sua mãe, Maria Belusse, a dizer ao pequeno João, com voz branda, mas firme: “Filho, dá o teu Rosário a Margarida […] dá-lhe de uma vez, por amor de Deus”1. O Menino, entre lágrimas, entregou o Rosário para sua irmã. Para uma criança como ele, que tinha especial devoção ao Rosário, certamente foi um grande sacrifício. Para compensar o filho pelo gesto de desapego e conter suas lágrimas, Margarida deu a João uma pequena imagem de madeira da Virgem Maria.

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Algumas testemunhas dos anos da infância de João Maria, dentre elas a sua irmã Margarida, contam que ao primeiro toque da oração mariana do Ângelus ele se ajoelhava, mesmo diante das pessoas, e colocava a sua querida imagem da Santíssima Virgem sobre uma cadeira e fazia as suas orações. Além disso, como lhe ensinou sua mãe, onde ele estivesse, em casa, no jardim, na rua, João Maria “bendizia a hora”, ou seja, cada vez que soava uma nova hora ele respeitosamente fazia o sinal da cruz e rezava uma Ave-Maria.

Em 1793, com apenas sete anos de idade, João já era capaz de trabalhar. Seus pais, que tinham uma pequena propriedade rural, lhe confiaram a guarda dos rebanhos de vacas e de ovelhas. No caminho, conduzia pela mão a irmãzinha Margarida, que lhe ajudava, pois os caminhos que levavam para o vale eram tortuosos e cheios de pedras. Chegando no campo, as duas crianças se ajoelhavam, conforme lhes recomendava sua mãe, a fim de oferecer a Deus os seus trabalhos de pequenos pastores. João e Margarida vigiavam os animais para que estes não estragassem as plantações da vizinhança. “E estando no campo, deixava a sua irmãzinha tecendo meias com lã e ele se afastava um pouco, até próximo a um pequeno riacho, onde erguia com pedras, um altar à Virgem Maria e colocava a sua imagem de madeira. Diante dela, ajoelhado, rezava as suas orações”2.

Desejando ser Padre, João Maria chegou com muita dificuldade ao seminário, por causa da guerra, da fome e da perseguição contra os bons cristãos. Além disso, ele não frequentou o ensino regular na infância e começou a estudar somente por volta dos 19 anos, por isso, foi muito difícil para ele aprender o latim, o que atrapalhou os estudos de teologia, que na época era todos feitos nesta língua. Por causa das dificuldades, João Maria queria desistir da vocação, mas foi incentivado a continuar pelo Padre Balley, que o havia acolhido seminário. Com as perseguições por causa da Revolução Francesa, o país estava com poucos padres, por isso, o vigário-geral de Lyon foi favorável para com aquele seminarista tão esforçado. Este perguntou ao Padre Balley se ele sabia rezar o rosário, ao que ele responde: “Sim, é um modelo de piedade”. Com o testemunho do Sacerdote a seu favor, João Maria foi ordenado e enviado para a paróquia de Ars, que fica ao norte de Lyon, na França. No início, o Cura d’Ars passava horas em oração, com o Rosário nas mãos, de joelhos diante do Santíssimo Sacramento. Mas, como a sua fama de santidade se espalhara rapidamente e muitos procuravam Vianney para aconselhamentos e confissões, ele teve de mudar toda a sua rotina de oração, passando a dormir muito mais tarde para cumprir suas obrigações.

Assista o programa do Padre Paulo Ricardo sobre “O santo sacerdócio de João Maria Vianney“: 

Ouça o programa do Padre Paulo Ricardo sobre “O santo sacerdócio de João Maria Vianney“: 

Sebastião Germain, paroquiano de Vianney, era pai de três filhos homens, mas estava triste porque desejava ter uma menina. Certo dia, ele foi visitar o Padre e o encontrou na Praça com alguns Rosários nas mãos. Sem esperar que aquele pai explicasse o motivo de sua visita, disse o Cura, dando-lhe quatro Rosários: “’Toma, são para teus filhos’. Falou Sebastião: ‘Mas, senhor Cura, eu só tenho três meninos’. Disse o Padre: ‘Meu Sebastião, o quarto Rosário será para a tua menina que vai nascer’”3. No ano seguinte, nasceu uma menina, a quem deu o nome de Maria. Ela encheu de alegria o lar da família Germain. Muitos anos mais tarde, já casada, a senhora Maria Germain Jallat, dizia com alegria a respeito de sua infância: “Meu pai me deu este pequeno Rosário de contas de madeira com corrente de ferro, que ainda conservo como preciosa relíquia do Cura d’Ars”4.

O Padre João Maria Vianney insistia muito com as crianças e adolescentes para que levassem sempre consigo o Rosário, e sempre tinha no bolso alguns extras para aqueles que o tivessem perdido. Em Ars, uma paróquia que antes estava sempre vazia, com a vinda do Santo Cura passou a ser muito movimentada. Ao som do sino, todos os paroquianos se dirigiam à igreja para a Santa Missa, a oração do Rosário e da oração da noite. A vida e o ministério eram marcados pela espiritualidade mariana. O Cura d’Ars valorizava tanto a oração do Rosário que chegava a dizer: “O meu Terço vale mais que mil sermões”5. Desde a sua infância, o Santo Cura d’Ars nunca abandonou a devoção a Virgem Maria e o Santo Rosário. Ao contrário, sempre buscou em Nossa Senhora a presença e o cuidados maternos e o auxílio em todas as necessidades. Já no fim de sua vida, com mais de setenta anos, ele recordava a imagem de Maria que recebera de presente de sua mãe na infância: “Que felicidade! Quanto eu amava aquela imagem! Não podia me separar dela, nem de dia e nem à noite […] A Virgem Santíssima é a minha mais antiga afeição; amei-a mesmo antes de conhecê-la”6, dizia São João Maria Vianney. Peçamos ao Santo Cura d’Ars, Padroeiro dos Sacerdotes, semelhante amor a Mãe de Deus e a Jesus Cristo, e a piedosa devoção ao Santo Rosário. Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!

Referências:

2 Idem, ibidem.

4 Idem, ibidem.

6 APOSTOLADO SAGRADOS CORAÇÕES. Os primeiros anos.

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