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O que é modéstia e como vivê-la na sua originalidade?

Os homens católicos, especialmente aqueles que são devotos ou consagrados a Virgem Maria, são chamados a viver com simplicidade e modéstia.

Há algum tempo, existe um movimento crescente de conscientização das mulheres católicas, especialmente daquelas que se consagraram a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria, de se vestirem com modéstia, com pudor, e de valorizarem a feminilidade. No entanto, o movimento dos homens católicos, que buscam se vestir com modéstia – até mesmo entre os devotos e consagrados a Santíssima Virgem –, ainda não é tão expressivo na maioria das comunidades.

Os homens católicos, especialmente aqueles que são devotos ou consagrados a Virgem Maria, são chamados a viver com simplicidade e modéstia.

São Luís Maria e Nossa Senhora, Rainha dos Corações.

Discutir a razão para essa diferença, certamente, levaria-nos muito longe e, talvez, tornasse essa reflexão longa e pouco objetiva, por isso não entraremos nesse mérito da questão. O que, de fato, importa é que nós homens nos conscientizemos da importância da modéstia no nosso modo de ser e de vestir em nosso aperfeiçoamento humano e espiritual.

O que é a modéstia?

Em primeiro lugar, a modéstia é um dos frutos do Espírito Santo, que são perfeições plasmadas pela graça divina em nós como primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze frutos do Espírito: “Amor, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade” (Gl 5,22-23).

Sendo um dos frutos do Espírito, a modéstia é muito mais do que ter uma aparência modesta. A modéstia exterior consiste em refletir em nossa vida – no modo de falar, de vestir, de olhar, de ouvir… – aquilo que está em nosso interior. Por isso, a verdadeira modéstia nasce de nossa experiência com Deus, de nossa oração de intimidade com Ele.

O fato de a modéstia ser, primeiramente, uma realidade interior não significa que devemos esperar ter um coração puro como o de Jesus Cristo para começar a nos vestir com modéstia. Podemos começar a nos vestir e comportar com modéstia ainda que nosso interior não seja tão modesto. Isso não é falsidade, mas é uma forma de mostrar para nós mesmos onde queremos chegar. Certamente que, ao nos vestirmos e comportarmos com modéstia e, ao mesmo tempo, aproximarmo-nos de Deus na oração, nosso coração será mais facilmente transformado e os frutos do Espírito Santo, dentre eles a modéstia, aparecerão.

Usar roupas modestas não significa usar roupas feias

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PAPO SOBRE MODÉSTIA

No seu clássico livro de espiritualidade mariana, intitulado “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, São Luís Maria Grignion de Montfort nos ensina que devemos nos desapegar do espírito do mundo, que é contrário ao Espírito de Jesus Cristo[1]. Sendo assim, todos os devotos da Santíssima Virgem, especialmente aqueles que lhe são consagrados, devem desapegar-se do espírito do mundo também no modo de ser e de vestir.

Nosso comportamento, nossas conversas e atitudes devem ser dignos de filhos de Deus. Por isso, nossas roupas podem ser pobres e simples, mas não devem ser conforme o espírito mundano.

Usar roupas modestas não significa usar roupas feias. Podemos usar roupas bonitas, mas não aquelas que são caras demais, extravagantes, luxuosas. Além disso, a modéstia no vestir está intimamente ligada ao pudor. Por isso, as roupas masculinas, do mesmo modo que as femininas, devem esconder o nosso corpo. As roupas também devem ser discretas e não mostrar os contornos do nosso corpo, como fazem as roupas da moda hoje em dia.

As roupas masculinas mais imodestas que encontramos, hoje em dia, são aquelas que têm cortes que diferem muito pouco dos femininos, são justas e mostram os contornos do corpo. Infelizmente, esse tipo de roupas está na moda, provavelmente por causa da ideologia de gênero, que está sendo propagada pelas grandes mídias. Roupas sensuais e imodestas como essas não deveriam ser usadas por católicos, principalmente por aqueles que são devotos da Santíssima Virgem ou seus consagrados. 

Os acessórios, como óculos, relógio, pulseira, cinto, carteira, também devem refletir a nossa modéstia interior, o nosso desapego do espírito do mundo e a nossa intimidade com o Espírito Santo ou, pelo menos, a busca do desapego e da proximidade com Deus.

Assista ao programa do Padre Paulo Ricardo com o tema “Castidade, um convite a amar”:

A modéstia do olhar, a castidade e a pureza de coração

Os homens têm uma forte tendência de pecar por meio do olhar, principalmente no campo da sexualidade. Por isso, a modéstia dos olhos nos ajuda a combater as tentações da carne e a não pecar contra a castidade. Guardar nossos olhos de mulheres ou de imagens delas, especialmente aquelas que não estão vestidas modestamente, ajuda-nos a combater a tentação da cobiça que, se for consentida, é um pecado grave, como disse nosso Senhor Jesus Cristo: “…todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração”(Mt, 5,28).

A modéstia do olhar ajuda-nos a viver a virtude da castidade e a dominar corretamente nossa sexualidade. Se não temos a modéstia dos olhos, isso significa que nossa sexualidade está desordenada e precisa de cuidados.

A castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto da graça, uma obra espiritual. “O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do batismo”[2]. Sendo assim, todos nós, católicos, somos chamados a viver a castidade. O cristão “se vestiu de Cristo”, modelo de toda castidade. Por isso, devemos levar uma vida casta, segundo nosso estado de vida específico (solteiro, casado, religioso, sacerdote).

Na sexta bem-aventurança, Jesus Cristo proclama: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8). Esses “puros de coração” são aqueles que entregaram o coração e a inteligência às exigências da santidade de Deus, principalmente em três campos: a caridade, a castidade ou a retidão sexual, o amor à verdade e à ortodoxia da fé[3].

O Catecismo da Igreja Católica ensina que: “A purificação do coração exige a oração, a prática da castidade, a pureza da intenção e do olhar”[4]. Portanto, alguns dos principais requisitos para alcançar a pureza de coração são: a oração, a modéstia e a pureza do olhar, a disciplina dos sentimentos e da imaginação, a recusa de toda complacência nos pensamentos impuros, que tendem a nos desviar do caminho dos mandamentos de Deus[5].

Que a Virgem Maria nos ajude a rezar sempre e a viver com simplicidade e modéstia, na castidade e na pureza de coração, para que nossa vida seja conforme a vontade de Deus.

Links relacionados:

PADRE PAULO RICARDO. Pudor e Modéstia.
TODO DE MARIA. A consagração, o uso do véu e a modéstia.
TODO DE MARIA. O uso do véu, da saia e da corrente.

Referências:


[1]  Cf. SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 227.
[2]  PAPA SÃO JOÃO PAULO II. Catecismo da igreja Católica, 2345.
[3]  Cf. idem, 2518.
[4]  Idem, 2532.
[5]  Cf. idem, 2520.

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