Rosário: contemplação de Cristo com Maria

Rezar o Santo Rosário significa contemplar os mistérios de Jesus Cristo na escola da Virgem Maria.

Na oração do Santo Rosário, somos chamados a contemplar os mistérios de Jesus Cristo, na companhia da Virgem Maria. Pois, temos na Santíssima Virgem Maria o modelo insuperável da contemplação de Jesus Cristo. O rosto de seu Filho pertence a ela dum modo todo especial. Pois, foi no ventre da Virgem de Nazaré que o Verbo Se plasmou, recebendo dela uma semelhança humana que aponta para uma intimidade espiritual certamente ainda maior. Ninguém se dedicou mais à contemplação do rosto de Jesus, ou com a mesma assiduidade, do que Nossa Senhora. Com olhos espirituais, a jovem Maria contempla, de algum modo, o Verbo de Deus já na Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo (cf. Lc 1, 26-38). Nos meses seguintes, a Virgem começa a sentir a presença de seu Filho e a imaginar os contornos do Seu rosto. Quando Maria dá à luz o Menino Deus em Belém, finalmente pode fixar seus olhos carnais, com ternura, na face do seu Filho, para depois envolvê-lo em faixas e recliná-lo em uma manjedoura (cf. Lc 2, 7).

Rezar o Santo Rosário significa contemplar os mistérios de Jesus Cristo na escola da Virgem Maria.

Nossa Senhora do Rosário

Desde então, o olhar da Virgem Santíssima, cheio sempre de reverente assombro diante do mistério divino, não se separará mais do seu Filho. Algumas vezes, será um olhar de quem não compreende, como no mistério da perda e do encontro de Jesus no templo de Jerusalém, entre os doutores da lei: “Meu Filho, que nos fizeste?!” (Lc 2, 48). Outras vezes, será um olhar penetrante, capaz de ler no íntimo do Coração de Jesus os seus sentimentos escondidos e saber quais serão as suas decisões, como aconteceu nas bodas de Caná (cf. Jo 2, 5). Por vezes, será um olhar doloroso, principalmente aos pés da cruz, onde haverá também, de certa forma, o olhar da “Mulher” em dores de parto. Pois, a Senhora das Dores não só sofrerá a paixão e a morte do seu Unigênito, mas também acolherá a todos e a cada um de nós, seus novos filhos, a ela entregues na pessoa do discípulo amado (cf. Jo 19, 26-27). Na manhã da Páscoa, o olhar de Maria será radiante, pela alegria da ressurreição do Filho de Deus. No cenáculo, o olhar de Nossa Senhora será ardoroso, pela efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes (cf. At 1,14).

Receba o conteúdo deste blog gratuitamente em seu e-mail.

As recordações de Nossa Senhora

A Virgem Maria vivia com seus olhos fixos em Jesus Cristo e os ouvidos atentos a cada palavra Sua, ou que se dizia sobre Ele: “Conservava todas estas coisas, meditando-as no seu coração” (Lc 2, 19; cf. 2, 51). As recordações de Jesus, profundamente gavadas em sua alma, acompanharam toda a existência da Santíssima Virgem, levando-a a meditar novamente os vários momentos da sua vida e de seu Filho Jesus Cristo. Estas recordações formaram o Santo Rosário, que ela mesma nos ensinou a rezar, com sua vida, a meditar e a recitar constantemente, nos dias de sua existência terrena.

Depois de dois mil anos, entre os cânticos de alegria na Jerusalém Celeste, os motivos da gratidão e do louvor da Rainha dos Céus permanecem imutáveis. São esses motivos que inspiram o carinho materno de Maria pela Igreja peregrina, na qual ela continua a desenvolver silenciosamente a sua ação evangelizadora. Maria Santíssima, a exemplo do que fizera no passado, propõe continuamente a nós que contemplemos e que meditemos os mistérios do seu Filho, para que estes irradiem toda a sua força salvífica. Quando recitamos o Rosário, sintonizamo-nos com a recordação e com o olhar contemplativo de Nossa Senhora.

O Rosário, que tem suas raízes mais profundas na experiência de fé da Virgem Maria, é uma oração marcadamente contemplativa. Privado desta dimensão, o Rosário perderia seu sentido:

Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: “Na oração não sejais palavrosos como os gentios, que imaginam que hão-de ser ouvidos graças à sua verbosidade” (Mt 6, 7). Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranquilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d’Aquela que mais de perto esteve em contacto com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas1.

Recordar Jesus Cristo com a Virgem Maria

A contemplação de Nossa Senhora a respeito dos mistérios de seu Filho é primeiramente uma recordação. Esta ação de Maria, devemos entender no sentido bíblico da palavra memória, que em hebraico se traduz por zikaron, que significa a atualização das obras realizadas por Deus na história da salvação. As Sagradas Escrituras são narrativas de acontecimentos salvíficos, que culminam em Jesus Cristo. Estes fatos, que a princípio podem parecer muito distantes de nós, não constituem somente um “ontem”; mas são também o “hoje” na história da salvação da humanidade e de cada um de nós em particular.

Este memorial, ou atualização, realiza-se particularmente na Liturgia. O que Deus realizou há séculos, não estava relacionado somente com as testemunhas diretas dos acontecimentos, mas alcança, pelo dom de Sua graça, a todos nós, a toda a humanidade, desde o princípio até o fim dos tempos. No entanto, esta atualização, de certo modo, vale também para qualquer outra piedosa ligação com aqueles acontecimentos salvíficos: “‘fazer memória deles’, em atitude de fé e de amor, significa abrir-se à graça que Cristo nos obteve com os seus mistérios de vida, morte e ressurreição”2.

A Liturgia da Santa Missa, enquanto exercício do ofício sacerdotal de Cristo e culto público, é “a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força”3. Todavia, convém lembrar que a participação na sagrada Liturgia não esgota a vida espiritual. Todos nós cristãos somos chamados a rezar em comum. Devemos também entrar em nosso quarto e rezar a sós ao Pai (cf. Mt 6, 6). Segundo ensina São Paulo, devemos rezar sem cessar (cf. 1 Ts 5, 17). O Rosário, com a sua particularidade, encontra-se neste quadro diversificado da oração contínua. Se a Liturgia, ação de Cristo e da Igreja, é ação salvífica por excelência, o Rosário, enquanto meditação sobre Cristo com Maria, é contemplação salutar desta ação. Ao entrarmos, de mistério em mistério, na vida do Redentor, tudo aquilo que Ele realizou e a Liturgia atualiza, é profundamente assimilado em nós e modela a nossa existência.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “O Santo Rosário”:

Aprender Cristo de Nossa Senhora

Jesus Cristo é o Mestre por excelência, o Revelador e, ao mesmo tempo, a Revelação, a Palavra de Deus encarnada. Por isso, ser discípulo de Cristo não significa somente aprender as coisas que Ele ensinou, mas de “aprender a Ele”, o próprio Verbo de Deus. Neste ofício, não há mestra mais experimentada do que a Virgem de Nazaré. Se, da parte de Deus, o Espírito Santo é o Mestre interior, que nos conduz à verdade plena do Filho (cf. Jo 14, 26; 15, 26;16, 13), da parte dos homens, ninguém conhece melhor Jesus Cristo do que a Virgem Maria, ninguém pode introduzir-nos melhor e mais profundamente no conhecimento dos Seus mistérios do que a sua Mãe.

O primeiro milagre na ordem da natureza realizado por Jesus, nas bodas de Caná, foi a transformação de seis talhas de água, cerca de seiscentos litros, em vinho da melhor qualidade (cf. Jo 2, 1-12). Neste prodígio, o Senhor mostra-nos precisamente a Virgem Maria no papel de mestra, quando ela ordena aos servos que cumpram as disposições de Cristo: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2, 5). Da mesma forma, podemos imaginar que Nossa Senhora permaneceu com os discípulos depois da Ascensão de Jesus, enquanto mestra de oração, com eles à espera do Espírito Santo (cf. At 1, 14) e os animou na primeira missão (cf. At 2, 1ss). Contemplar com ela os mistérios do Rosário é como que frequentar a escola de Maria para aprender Jesus, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem.

Vemos que a escola de Maria é ainda mais eficaz quando pensamos que ela nos concede os dons do Espírito Santo com abundância e, ao mesmo tempo, propõe a nós o exemplo daquela peregrinação da fé, na qual ela é mestra inigualável. Diante de cada mistério do seu Filho, Nossa Senhora nos convida, como no mistério da Anunciação, a colocar humildemente as perguntas que nos abrem à luz da fé, para concluir sempre com a obediência: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38).

A configuração a Jesus Cristo com a Virgem Maria

A espiritualidade cristã tem como característica fundamental o nosso empenho, enquanto discípulos, em configurar-nos sempre mais com nosso Mestre (cf. Rom 8, 29; Fil 3, 10.21). A efusão do Espírito Santo, que recebemos no sacramento do Batismo, introduz-nos como ramo na videira, que é Cristo (cf. Jo 15, 5); constitui-nos membros do seu Corpo místico (cf. 1 Cor 12, 12; Rom 12, 5). No entanto, depois desta unidade inicial com Cristo, devemos percorrer um caminho de assimilação progressiva a Ele, que oriente sempre mais o nosso comportamento segundo o próprio Cristo, conforme nos ensina São Paulo: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus” (Fl 2, 5). Para tanto, é necessário, segundo as palavras do Apóstolo dos Gentios, revestir-nos do Senhor (cf. Rm 13, 14; cf. Gl 3, 27).

No itinerário espiritual do Rosário, fundado na incessante contemplação do rosto de Cristo na companhia de Maria, este ideal exigente de configuração com o Senhor, alcançamos através de um relacionamento próximo, de uma verdadeira amizade. O caminho espiritual do Rosário nos coloca, de modo sobrenatural, na vida de Cristo e nos faz ter os mesmos sentimentos que Ele. A respeito desta amizade, diz o Beato Bartolo Longo:

Tal como dois amigos, que se encontram constantemente, costumam configurar-se até mesmo nos hábitos, assim também nós, conversando familiarmente com Jesus e a Virgem, ao meditar os mistérios do Rosário, vivendo unidos uma mesma vida pela Comunhão, podemos vir a ser, por quanto possível à nossa pequenez, semelhantes a Eles, e aprender destes supremos modelos a vida humilde, pobre, escondida, paciente e perfeita4.

Na oração do Santo Rosário, vivemos este processo de configuração a Jesus Cristo confiando-nos especialmente à mediação materna da Virgem Santíssima. Ela é capaz desta mediação porque, no desígnio divino da salvação, ocupa um lugar único: Nossa Senhora é, ao mesmo tempo, Mãe de Cristo; pertence à Igreja, como seu “membro eminente e inteiramente singular”; e é a “Mãe da Igreja”. Como consequência necessária dessas verdades de fé, a Virgem Maria gera continuamente novos filhos, membros do Corpo místico de Cristo. Pois, seria gerado um monstro na ordem da graça se, depois de gerar Jesus, Cabeça da Igreja, Nossa Senhora não gerasse também os membros do Seu Corpo5.

O Rosário transporta-nos misteriosamente para junto de Nossa Senhora, dedicada a acompanhar o crescimento humano de seu Filho, na humilde casa de Nazaré. Isto permite que a Santíssima Virgem nos eduque e modele, com o mesmo cuidado, até que Cristo esteja plenamente formado em nós (cf. Gl 4, 19). Esta mediação de Maria Santíssima, totalmente fundada sobre a única mediação de Cristo e a esta totalmente subordinada, não impede de modo algum a nossa união imediata com Cristo, mas antes a facilita. Este é o princípio luminoso, expresso pelo Concílio Vaticano II, que São João Paulo II experimentou com tanta força em sua vida, que é o fundamento de seu lema episcopal e também de seu pontificado, expresso nessas breves palavras em latim: Totus tuus, que significa Todo Teu, ou Todo de Maria.

Este lema do saudoso Papa João Paulo II foi inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort, que explica de modo extraordinário o papel sublime de Nossa Senhora em nosso processo de configuração a Cristo:

Toda a nossa perfeição consiste em sermos configurados, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Portanto, a mais perfeita de todas as devoções é incontestavelmente aquela que nos configura, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Ora, sendo Maria entre todas as criaturas a mais configurada a Jesus Cristo, daí se conclui que de todas as devoções, a que melhor consagra e configura uma alma a Nosso Senhor é a devoção a Maria, sua santa Mãe; e quanto mais uma alma for consagrada a Maria, tanto mais será a Jesus Cristo6.

Em nenhuma outra devoção, o caminho de Jesus Cristo e da Virgem Maria aparecem tão intimamente unidos como no Rosário. Na contemplação dos seus mistérios, vemos que Nossa Senhora vive em Cristo e para Cristo!

As súplicas ao Senhor com Nossa Senhora

Jesus Cristo convidou a cada um de nós a dirigir nossas preces a Deus com insistência e confiança, para ser ouvidos: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto” (Mt 7, 7). O fundamento desta eficácia da oração é a bondade do Pai, mas também a mediação de Cristo junto a Ele (cf. 1 Jo 2, 1) e a ação do Espírito Santo, que intercede por nós conforme os desígnios do Senhor (cf. Rm 8, 26-27). Entretanto, de nossa parte, “não sabemos o que devemos pedir em nossas orações” (Rom 8, 26). Por isso, às vezes, nossas preces não são atendidas “porque pedimos mal” (Tg 4, 3).

Por causa da nossa fraqueza, a Virgem Maria, com sua intercessão materna, vem em auxílio na oração que seu Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo fazem brotar em nosso coração. “A oração da Igreja é como que sustentada pela oração de Maria”7. Jesus é único Mediador entre Deus e os homens, é o Caminho da nossa oração. Todavia, Nossa Senhora é pura transparência de Cristo, ou seja, mostra-nos o Caminho. A partir desta singular cooperação da Virgem Maria com a ação do Espírito Santo, a Igreja cultiva a oração mariana, centrando-a na pessoa de Cristo. Na passagem das bodas de Caná, o Evangelho segundo João mostra-nos precisamente a eficácia da intercessão de Maria, que se faz porta-voz, junto do Filho de Deus, das nossas necessidades: “Eles já não têm vinho” (Jo 2, 3).

O Rosário é uma oração que comporta, ao mesmo tempo, a meditação e a súplica. A invocação insistente da Santíssima Virgem apoia-se na confiança de que a sua intercessão materna tudo alcança do Coração de Jesus. Nossa Senhora é “onipotente por graça”, dizia o Beato Bartolo Longo na sua “Súplica à Virgem”. A partir do Evangelho, esta certeza consolidou-se através da experiência dos católicos. No Rosário, a Virgem Maria, santuário do Espírito Santo (cf. Lc 1, 35), ao ouvir nossas súplicas, apresenta-se em nosso favor diante do Pai, que a cumulou de graça, e do Filho nascido das suas entranhas, pedindo conosco, por nós e pelas nossas necessidades.

O anúncio de Jesus Cristo com a Virgem Maria

Por fim, o Santo Rosário é também um caminho de anúncio e aprofundamento, no qual o mistério de Cristo é continuamente oferecido a cada um de nós, em nossos diversos níveis de experiência na fé. A medida deste itinerário é uma apresentação orante e contemplativa, que tem como finalidade nos moldar segundo o Coração de Cristo. A recitação do Rosário, com todos os elementos para uma meditação eficaz devidamente valorizados, torna-se uma significativa oportunidade catequética, especialmente na oração comunitária nas paróquias e nos santuários.

Nossa Senhora do Rosário continua a sua obra de anúncio de Jesus Cristo. A história do Rosário mostra-nos como esta oração foi recitada e incentivada, especialmente pelos Dominicanos, num momento difícil para a Igreja, por causa da difusão da heresia. Hoje, encontramo-nos diante de novos, e não menos difíceis, desafios. Diante de tantos sofrimentos e dificuldades, por que não retomar a oração do Terço com a fé dos santos que nos precederam? Pois, o Rosário conserva toda a sua força e continua um recurso que não podemos esquecer em nossa “bagagem” pastoral, se queremos ser bons evangelizadores.

Pequena Súplica do Beato Bartolo Longo a Nossa Senhora do Rosário

Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te deixaremos nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último beijo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário de Pompeia, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em todo o lado, hoje e sempre, na terra e no céu. Amém8.

Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!

Natalino Ueda, escravo inútil de Jesus por Maria.

Links relacionados:

TODO DE MARIA. Os Papas e o Rosário de Nossa Senhora.

TODO DE MARIA. O Rosário: a oração da família.

TODO DE MARIA. O Rosário e os males do nosso tempo.

TODO DE MARIA. Um homem transformado pelo Rosário.

Referências:

2 PAPA JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 13.

4 BARTOLO LONGO. Os Quinze Sábados do Santíssimo Rosário, p. 27.

5 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem, 32.

6 Idem, 120.

7 CONCÍLIO VATICANO II. Catecismo da Igreja Católica, 2679.

Comments

comments