Celebremos com amor e alegria a Santíssima Virgem Maria, Mãe do Verbo de Deus encarnado.
Caríssimos, no início do ano a Igreja celebra a solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima. Esta é a festa que nos induz, providencialmente, a iniciar o novo ano nos consagrando a Santa Mãe do Verbo Encarnado. Poderíamos entender logicamente que Maria é Mãe de Deus vendo que nasceu dela o Filho de Deus, feito carne; mas vamos entender um pouco o que a Igreja nos ensina sobre o dogma da Maternidade Divina de Maria.
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A Igreja, no Catecismo, “denomina ‘Encarnação’ o fato de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana para realizar a nossa salvação”1. Como nos diz São João no seu Evangelho: “O verbo se fez carne”2. Nisto, o Verbo que era Deus se fez homem em Jesus Cristo, sem deixar de ser Deus. Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, como nos ensina mais uma vez o Catecismo: “O acontecimento único e totalmente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que ele seja o resultado da mescla confusa entre o divino e o humano. Ele se fez verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem”3.
A Igreja, desde os seus primeiros séculos, defendia firmemente nos Concílios, desmascarando as heresias, essa realidade de Deus ter se encarnado em seu Filho Jesus Cristo. Diante da heresia nestoriana, que dizia ver em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa do Filho de Deus, São Cirilo de Alexandria e o III Concílio Ecumênico rebateram dizendo que: “‘O Verbo, unindo a si em sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, se tornou homem’. A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que assumiu e a fez sua desde a concepção”4.
Maria Santíssima é Mãe de Deus porque Jesus Cristo, o Verbo feito carne, nasceu dela. Ela concebeu, em seu seio virginal, pelo o Espírito Santo, o Filho de Deus, como nos mostra o Concílio de Éfeso proclamando no ano de 431, e relata para nós o Catecismo: “Mãe de Deus não porque o Verbo de Deus tirou dela sua natureza divina, mas porque é dela que tem o corpo sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne”5. Diz-nos ainda São Basílio de Selêucia (séc. V): “Corpo sagrado que abrigava o Senhor! Em Maria foi anulada a constatação de nosso pecado, pois foi nela que Deus se fez homem, permanecendo Deus. Ele quis submeter-se a esta gravidez, e se humilhou ao nascer como nós; sem abandonar o seio do Pai, satisfez-se com os afagos de sua mãe”6.
São Tomás de Aquino ensina que: “A Santíssima Virgem foi escolhida para ser Mãe de Deus e para tanto o Altíssimo capacitou-a certamente com sua graça. Antes de ser Mãe foi Maria, por conseguinte, adornada de uma santidade tão perfeita, que a pôs à altura dessa grande dignidade”7. A Virgem Maria é mãe de Deus, segundo a humanidade, porque o Filho de Deus se fez homem em Jesus Cristo, nosso irmão, e isto sem deixar de ser Deus, nosso Senhor. Jesus é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Isso é o que a Igreja confessa, crê e ensina. Por isso, celebremos com alegria e amor a Santa Mãe de Deus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós!
Iury Nascimento, seminarista da Arquidiocese de Fortaleza.
Referências:
1 CONCÍLIO VATICANO II. Catecismo da Igreja Católica, 461.
2 Jo 1, 14.
3 CONCÍLIO VATICANO II. Op. cit., 464.
4 Idem, 466.
5 Idem, ibidem.
6 Lecionário Patrístico Dominical, São Basílio de Selêucia (séc. V); Sermão 39, 4-5.
7 São Tomás de Aquino, A eleição de Maria para Mãe do Divino Verbo. Trecho do Livro: Glórias de Maria.