Saiba por que o desapego do espírito do mundo é uma das exigências da consagração total a Virgem Maria.
Nos doze primeiros dias de preparação para a consagração total, ou escravidão de amor, a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria, somos chamados a desapegar-nos do espírito do mundo, que é contrário ao Espírito de Deus1. A escravidão de amor, à qual somos chamados, nos torna livres das cadeias do pecado, mas para isso é necessário romper com o espírito mundano, de tudo aquilo que nos aprisiona e nos afasta de Deus. Este desapego é necessário a todo verdadeiro cristão, especialmente se queremos nos consagrar a Nossa Senhora ou já somos consagrados a ela.
A respeito do espírito do mundo, Papa Francisco diz: “É realmente ridículo que um cristão verdadeiro, que um padre, um freira, um bispo, um cardeal, um papa, queiram percorrer esta estrada do mundo, é uma atitude homicida. O mundano mata, mata a alma, as pessoas, mata a Igreja”2. Por isso, peçamos ao Senhor, pela intercessão de Maria, a coragem de nos despojar do espírito do mundo, “que é a lepra e o câncer da sociedade, é o câncer da revelação de Deus. O espírito do mundo é o inimigo de Jesus”3. Dessa forma, não há dúvidas que devemos romper com o espírito mundano. Mas, na prática, o que é este espírito do mundo?
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O espírito do mundo e a escravidão
Hoje, como em outros tempos, vivemos num mundo de escravidão, pois o pecado escraviza: “todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo”4. O espírito do mundo é aquele que nos leva à escravidão do egoísmo, da vida fútil, do dinheiro, do poder, do prazer, das paixões, da televisão, da internet, da moda, do álcool, do cigarro, das drogas, do crime, da devassidão, da pornografia, do sexo fora do Matrimônio. Além disso, o Feminismo, o Comunismo, a Nova Era e tantas outras ideologias e culturas escravizam cada vez mais os homens e mulheres do nosso tempo.
O resultado de tudo isso é o desespero, a frustração, a neurose, a violência, a degradação religiosa e moral, a morte espiritual, como já dizia São Paulo: “o salário do pecado é a morte”5. Quando vivemos conforme o espírito do mundo, perdemos a nossa liberdade. Os escravos de amor são os únicos verdadeira e totalmente livres 6, pois vivem na liberdade dos filhos de Deus.
As consequências do apego ao espírito mundano
Quando nos apegamos ao espírito do mundo, a concupiscência da carne, que é a nossa tendência para o pecado, empurra-nos a todas essas escravidões, em nome da liberdade. Esta é uma liberdade falsa, que nos aprisiona quando nos entregamos a ela. Como outrora, em nosso tempo, o grito “é proibido proibir” continua a ressoar, abrindo as portas para todos os tipos de violências e depravações do corpo e da alma.
A paráfrase do trecho de um livro de Dostoiévski: “se Deus não existe, tudo é permitido”7, mal interpretada, retira todo e qualquer limite moral e religioso para aqueles que não creem. Quando o personagem desse livro diz “se Deus não existe”, está colocando uma premissa e não afirmando a inexistência de Deus; e, quando ele diz: “tudo é permitido”, está colocando as consequências do ateísmo, que nos leva ao neopaganismo. Mas, o Altíssimo existe, Se revelou plenamente em seu Filho e, em resposta ao Seu chamado, nos fazemos “escravos de Cristo”8 e inimigos do espírito do mundo.
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A consagração em oposição ao espírito do mundo
A escravidão de amor a Jesus e a Maria – ao contrário do espírito do mundo, que nos aprisiona e nos leva à escravidão do pecado – nos torna verdadeiramente livres. Por isso, “os fiéis servidores de Maria devem desprezar, odiar e fugir muito do mundo corrupto, e servir-se das práticas de desprezo do mundo”9, que fazem parte da consagração. Esta escravidão de amor “fortalece a alma no bem, levando-a a não abandonar com facilidade os seus exercícios de devoção. Torna-a corajosa em opor-se ao mundo com as suas modas e máximas; à carne com seus aborrecimentos e paixões; e ao demônio com suas tentações”10.
Se formos verdadeiramente devotos da Santíssima Virgem, não seremos volúveis, melancólicos, escrupulosos, ou medrosos. Entretanto, isto não quer dizer que não caímos de modo algum, ou que não mudemos algumas vezes na sensibilidade da nossa devoção. Mas, se caímos, estendemos a mão à nossa bondosa Mãe e nos levantamos. Se perdemos o gosto e a devoção sensível, não nos perturbamos, pois “o justo e fiel servo de Maria vive da fé11 em Jesus e Maria, e não dos sentimentos do corpo”12.
A consagração e o desapego do espírito mundano
Assim, todos nós cristãos, especialmente aqueles que são consagrados a Virgem Maria ou se preparam para fazer a consagração, somos chamados a desapegar-nos do espírito do mundo. Pois, o espírito mundano é contrário ao Espírito de Deus, ao santo Evangelho e à escravidão de amor a Jesus e a Maria. Por isso, devemos desprezar, odiar e fugir deste mundo corrupto, e servir-nos das práticas de desprezo do mundo, o uso das correntes, a oração do Santo Rosário e a oração da Coroinha de Nossa Senhora13 e especialmente a devoção a Maria na Sagrada Comunhão14, para nos fortalecer no Espírito Santo.
Principalmente se estamos nos preparando para fazer ou renovar nossa consagração, seremos tentados e podemos até cair. Por isso, caso este fato venha a acontecer, não desanimemos, levantemo-nos de nossas quedas, confessemos os nossos pecados e retomemos o caminho da consagração a Jesus por Maria. Desde já, entreguemo-nos totalmente a Virgem Maria, para que sejamos inteiramente de Jesus Cristo.
Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A consagração a Maria passo a passo.
TODO DE MARIA. O Demônio e o espírito do mundo.
TODO DE MARIA. O desapego do espírito do mundo.
Referências:
1 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Anápolis: Fraternidade Arca de Maria, 2002, 227.
2 OFSBC. Papa Francisco em Assis: “O espírito do mundo é a lepra e o câncer da Igreja e da sociedade”.
3 Idem.
4 Jo 8, 34.
5 Rm 6, 23.
6 Cf. Jo 8, 36.
7 FIÓDOR DOSTOIÉVSKI. Os Irmãos Karamázov.
8 Ef 6, 6; cf. 1 Cor 7, 22.
9 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 256.
10 Idem, 109.
11 Hb 10, 38.
12 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 109.
13 Idem, 226-255.
14 Idem, 266-273.